Capítulo XX

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Hayato teve seu corpo transpassado, uma esfera negra de magia feita por Atsushi que a conteve e levou ele mesmo através do corpo, o toque da carne, ossos e órgãos com tal magia a fazia morrer, desaparecer, virar pó. Os olhos de Hayato se arregalaram, vermelhos como o sangue que ele cuspiu, descendo por seu queixo, molhando o chão já vermelho pelos sangue dos companheiros de Lucy. A maga celestial não sentia muito, ela fazia o que era preciso, tentava a cada ação deixar qualquer pensamento sobre aquele a sua frente ser seu irmão,  sangue de seu sangue, de lado.

O demônio de olhos vermelhos dera dois passos trôpegos para trás, porem ele não cedera, mesmo que seu sangue continuasse a sair desenfreado, mesmo que seu rosto estivesse tão branco como uma folha de papel. Lucy só queria terminar logo com aquilo, ela nunca fora uma assassina e esta diante dessa possibilidade a assustava, e tudo que ela repetia, inúmeras vezes em sua mente era, é necessário, vai ficar tudo bem! Aquilo era por Natsu, por Happy, por todos e por ela. 

Viu Hayato criar em sua palma, como Atsushi fizera uma esfera negra que traria a morte ao que tocasse, ele se posicionou, não tinha mais a agilidade que o permitiria acerta o demônio de olhos dourados como o mesmo fizera a ele, porem Hayato a lançou. A esfera saíra veloz, Lucy não se preocupou, Atsushi era um demônio, ele sabia que não poderia ser tocado por aquilo, e ele estava bem o suficiente para desviar sem problema. O problema surgiu quando a esfera lançada desviou seu caminho, desviando dos escombros, se mexendo veloz, sem uma direção precisa, fora bem tarde quando Lucy se deu conta do que ele pretendia, a pequena Wendy sentada de olhos arregalados, sem ação. Lucy não conseguiria chegar a tempo, mesmo que sentisse todo seu corpo fervilhar com tanto poder, o mesmo poder que dividia com Atsushi.

Fora Atsushi, ele surpreendeu não apenas a loira, mas o rosado, este que ainda tentara correndo o mais rápido que podia em direção a azulada, sem necessidade pois o ser de olhos dourados o fizera bem antes. Atsushi se pôs em frente a Wendy, ele não teve tempo para uma outra reação que não aquela, sem tempo para desviar a magia macabra, sem tempo para tirar a azulada e ele mesmo dali, o único tempo dado a ele, fora aquele que o permitiu esta ali, servido como um escudo, protegendo Wendy com sua vida. Lucy assistiu aterrorizada quando a esfera o tocou, cresceu e o consumiu, o tornando nada, fora como se ele nunca estivesse estado ali, o silencio se fez soberano por uma fração de segundos, antes da gargalhada odiosa de Hayato preencher cada canto da guilda destruída. 

Uma fúria que não lhe era habitual inundou o corpo da loira, seu peito doía, seu coração, o vazio, novamente ela perdia sua alma, seria aquela sua sina? Não se importou em continuar a devaneia sobre aquilo, era como Atsushi a dissera uma vez, um ser sem alma não pode existir, o seu destino seria perecer, se assim fosse, pelo menos Lucy levaria Hayato com ela, antes se deixara perturbar pelo fato do mesmo ser seu irmão ou irmã, porem agora não mais. 

Um rosnado rouco saíra, do fundo de sua garganta, era como se ela estivesse se tornando um animal, sob seus pés viu uma possa de água, derivada de um cano que com certeza fora rompido por toda aquela destruição, não se sentira assustada com a imagem de se mesma refletida na superfície, na real, ela se sentiu muito bem. Sua pele estava pálida, como porcelana, uma mascara negra cobria parcialmente um dos lados de sua face, seguindo para o topo de sua cabeça em uma especie de coroa, o mais sublime entretanto não fora isso, mas sim seus caninos afiados e o ponto em destaque, o seu olho envolto pela masca a brilhar em um dourado, como o sol, como os olhos de Atsushi fora. 

Lucy puxou uma de suas chaves, ela brilhou em sua mão, o brilho dourado fora fundido a alguns detalhes em negro, aquilo não preocupou a maga que tanto prezava por seus espíritos, pois de uma estranha maneira sabia, que aquela mudança não seria perpetua, duraria enquanto durasse sua própria metamorfose. Com tanta magia fluindo dela, nem ao menos precisara usar palavras para invocar o espirito ao qual pertencia aquela chave mudada, a porta de leão fora aberta, mas aquela não era a porta que trazia Loki, um outro espirito de leão surgiu para ela, um leão negro, com quase dois metros de altura, envolto em uma armadura negra, com olhos flamejantes, em chamas, suas garras afiadas como espadas pousaram ao seu lado, afundando no chão da guilda destruída.

-Agora é sua vez de desaparecer, Hayato.- O tom da loira fora frio, contido na fúria que ainda fervilhava em seu intimo, esse que logo entrou em contraste com o sorriso sarcástico que se abrira em seus lábios. Naquele monto Lucy mais parecia uma versão feminina de Atsushi.

O leão saltou sem o seu comando, ele sabia o que deveria fazer, o fez com perfeição. Do jeito que Hayato estava, depois de receber um golpe direto de Atsushi, talvez não tivesse sido necessário nem que Lucy invocasse o espirito de Leão, porem ela o achou, pois ela não estava tão racional, não tendo perdido sua alma pela segunda vez em tão pouco tempo. O queria ver humilhado ao seus pés, implorando por sua miserável vida, aquela nem ao menos parecia a maga celestial da Fairy Tail, e de certo modo não era, aquela ali era a nova Lucy, a que aceitou o seu lado. Aquela que aceitou o seu lado feio, o lado sombrio que tantos tentam esconder, que fizera as pazes com ele, que se tornara forte com ele.

A subjugação de Hayato fora algo incrivelmente simples, Lucy não precisou se mexer um único centímetro, o Leão o atacara feroz, suas garras cortando a pele, abrindo novas feridas além do buraco em seu abdome, Hayato gritou, Hayato tentou resistir, criando mais esferas negras, agora menores, talvez por estar tão fraco, as lançando descuidadamente, em sequencias rápidas, contudo logo que se chocavam com a armadura negra da fera, as esferas se dissipavam sem deixar qualquer dano. Em um dado momento o demônio não pode mais se manter levantado, seu corpo tombou, ele caiu de joelhos sobre o chão, o Leão cobre ele, som seus dentes afiados cravados ao seu ombro direito, o impossibilitado de ir para qualquer outro lugar, o poderia matar ali, com aquele mesmo ato, porem não o fez, pois Lucy não o quis.

A passos lentos a loira se aproximou, estando a poucos centímetros daquele que provocara tanta dor nos que eram importante para ela, e para ela. Uma esfera negra apareceu em sua palma, lentamente se formou, contendo talvez mais poder do que aquela que levou Atsushi.

-Algo que gostaria de dizer?- Lucy perguntou, agora não tão fria, não tão demoníaca para o demônio caído, com a face voltada para o chão, sem forças. A fúria da loira ainda era presente, mas enfim sua racionalidade, e o seu outro lado equilibrava o seu lado sombrio.

Hayato não disse nada por um momento, não emitiu qualquer ruido, nenhum gemido de dor, nem o som de uma respiração sofrega, se não sentisse o pouco de magia que o abitava, ela teria pensado que o mesmo já estivesse morto.

-Obrigada.- Aquela palavra a fez paralisar, dita de forma suave, com uma voz feminina, dita por Hayato.

Lucy o observou com certo receio, quando sob os dentes de Leão, o corpo de Hayato começou a mudar, se tornando menor, se tornando mais curvilíneo, tendo cabelos negros e longos descendo sobre um busto avantajado, não tanto quanto o seu. Então o que era Hayato levantou sua cabeça, uma face delicada e bela, mesmo que manchada com sangue se voltou para ela, olhos castalhos como o seu a fitava, cheios de lagrimas, cheios de gratidão.

-Obrigada por me libertar desse pesadelo, Lucy.- A garota falou novamente e então lhe ofereceu também um sorriso, frágil, pequeno, mas verdadeiro.

-Quem é você? -Mesmo antes de uma resposta, suas feições se tornaram mais rígidas, acrescentando.- Não tente usar de truques sujos Hayato, eu não o deixarei ir por isso.

-Não precisa se preocupar Lucy, Hayato esta fraco demais, ele não pode mais tomar o meu corpo, agora estou livre, graças a você...- Então uma serie de tosse a deteve, a menina de olhos iguais ao dela, teve a boca manchada com o próprio sangue.

Antes que pudesse deter o próprio corpo, a loira fez com que Leão libertasse a garota desconhecida, o corpo mesmo ajoelhado caiu para frente, mais rápida a loira se agachou impedindo de acontecer, pondo a cabeça da outra repousada sobre suas pernas. Os olhos castanhos fixos ao da loira, agora mais opacos, mais sem vida, semicerrados.

-Ammy...- A voz fora tão fraca, que por pouco a loira não intendeu o que a outra dizia.

-O que?

-Ammy, esse é meu nome.

Os olhos castanhos de Ammy se fecharam então e Lucy soube que ela não os abriria novamente, a loira observou as feições da jovem a qual tinha nos braços, pareciam suaves, tranquilas. Lucy a entendeu, ela tivera sua liberdade, acordara de seu pesadelo, dissera com palavras sinceras o quanto era grata, porem aquilo não mudava a realidade. Lucy matou Ammy, Lucy matou sua irmã, e naquele dia, novamente Lucy chorou, e todas as noites nos dias depois daquele. Um ser sem alma, tende a padecer, Lucy não o queria, pois padecer poderia significar encontra uma paz, longe daquele mundo e ela não era merecedora disso.

The Inheritance - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora