Capitulo VIII

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Me liberte... me liberte...

-Cale-se! -O homem rosnou batendo com força o punho contra a mesa a sua frente, o barulho se espalhou pela guilda silenciosa. Ele estava furioso.

Estava farto de ouvir aquela mesma ladainha suplicante, porque aquela imprestável não entendia de uma vez, ele era um ser sem coração, não sentia nada, muito menos piedade, ela poderia implorar uma eternidade inteira e a resposta seria sempre a mesma. Já tinha o que queria, uma das coisas que queria pelo menos, o corpo, agora desejava a outra da linhagem de demônios, aquela lhe serviria muito bem. A fúria foi esquecida, e um sorriso malicioso se abriu em seus lábios.

-Venha a mim Gray. - Falou e logo um circulo magico se fez presente, trazendo quem fora convocado.

O moreno mantinha a expressão seria, exaltasse não era uma opção, apenas lhe causaria dor e nenhum resultado desejado. Se tinha sido chamado ali, um motivo deveria ter, e com certeza, agradável não seria.

-Vá a Ilíada, a pequena cidade de praias, lá procure por Kiba, ele te entregara algo, não faça pergunta, apenas traga a mim.

Logo Gray não estava mais a sua frente, tinha partido sem questionamentos como fora instruído, era muito bom ter subordinados tão fiéis. Riu com o pensamento, sabia que se tivessem a oportunidade eles o mataria. Pena, para eles, aquilo nunca aconteceria.

O que Kiba lhe oferecia era a solução que buscava, quando o usasse em Lucy, sua doce Lucy, seria deixada sem escapatória a não ser sucumbir a ele. Seus olhos brilharem em vermelho, enquanto sua risada ecoava.

***

A guilda dos tigres em fim se silenciara, todos exaustos, jogados em qualquer canto, sobre qualquer cousa, desacordados, outros com resaca, uma em particular sucumbia naquele momento aos sonhos. Lucy estava estirada no chão, entre Sting e Rogue, com Lecto e Frosch sobre sua carriga, os pequenos ronronava.

Em seu sonho despertou, o lugar onde estava era familiar, porem mais desfocado, como uma tela gasta, era sua antiga casa, a mansão onde passara sua infância. Ela se levantou, notou que tudo parecia mais alto, quando na verdade era ela que estava mais baixa, naquele momento ela era a pequena Lucy de 3 anos de idade. Aquele era seu quarto, bonecas enfeitavam o ambiente, era acolhedor naquela época. Foi desperta de seus devaneios, escutou vozes, estavam exaltadas, seu corpo se moveu sozinho, ela não o comandava, era como se ali ela pudesse apenas ver por intermédio de seus olhos. Uma lembrança.

A porta de seu quarto estava aberta, ela saiu, seu corpo era leve, fazendo seus passos serem quase inaudíveis, o corredor estava escuro , era noite. Ela sentiu medo, tipico de crianças, aquele medo do escuro, mais a frente viu a porta do escritório do seu pai, a luz do interior só escritório escapava pela pequena fresta na porta. Lucy se aproximou ainda mais, quando próxima a porta olhou pela pequena fresta, sua mãe e seu pai estava lá, sua mãe aos prantos, seu pai respirando pesadamente, parecia ter raiva, vários papeis se espalhavam pelo chão, havia cacos de vidro também. O que estaria acontecendo ali?

-Como pode fazer isso Layla? - Apesar da raiva, a voz do seu pai carregava um tom de tristeza.

-Me perdoe por favor, eu... eu...- Sua mãe dizia entre lagrimas e soluços, aquilo fez o coração da pequena Lucy apertar ainda mais. Odiava ver sua da mãe daquele jeito.

O marido andou a passos lentos ate sua cadeira, lá sentou de forma abrupta,  ele parecia realmente acabado, inconsolável. Um suspiro profundo escapou dele após alguns segundos, não voltou a dirigir o olhar para a mulher.

-Eu não quero a criança aqui, quando nascer deve manda-la embora. - O tom de seu pai era um tanto amargurado.

-Eu não posso, ela não tem culpa, por favor...

-Não,  não posso permitir,  toda vez que eu a olhasse, me lembraria do que fez.

-Eu...  eu...- E lá estava Layla aos prantos novamente.

Lucy a viu acariciar o ventre de forma carinhosa e com olhar triste,  talvez ela tenha esquecido aquela lembrança porque a pequena Lucy não pode entender o quanto aquilo era importante,  o seu significado, porem agora, ela sabia perfeitamente o que acontecera, só não conseguia aceitar de imediato a verdade. Para ela,  sua mãe sempre fora alguem íntegro,  exemplo de mãe e esposa,  mas agora com aquilo... não tinha certeza. Sua mãe havia traído seu pai, carregava o fruto dessa traição,  então Lucy provavelmente possuía uma irmã ou irmão que nunca conhecera.

Uma presença se manifestou ao seu lado, se virou em direção ao ser, era seu demônio,  tinha a mesma aparecia de antes, ele olhou para o mesmo que ela olhava antes, seu pai e sua mãe,  um sorriso maldoso se abriu em seus lábios.

-Que surpresa não?

-Porque não me contou antes?

-Não possuía motivação para tal...

-Mas então,  porque agora?

-Como eu disse, você já conheceu o novo mestre do seu dito novo lar.

Com aquela fala Lucy arregalou os olhos infantis, não precisou de muito para deduzir,  o demônio queria dizer que sua desconhecida irmã ou irmão era o tal mestre, também desconhecido. Seu regresso estava trazendo muitas surpresas e descobertas, estava sendo forte e precisava continuar assim, ou iria pirar.

-Me leve de volta!- Lucy disse com sua voz infantil.

-Que fofa, a mine Lucy.- O demônio zombou, ignorado seu comando.

Lucy apertou as mãos em punhos,  o demônio não a obedecia mais, em raras ocasiões apenas,  aquilo era preocupante. Quanto mais demorava em cumprir seu objetivo,  mais rápido o demônio ganhava controle, ate ser tarde.

-Notou, não é?  Seu tempo esta acabando pequena Lucy. - Ele disse baixinho,  se curvando e deixando seus rostos a centímetros de distância.
-Não se iluda,  irei conseguir.- Agradecia por ter soado firme.

-Espero que não. -Ele sem duvida falava serio.- Nos vemos depois humana tola.

Com um estalar de dedos ela despertava na sua atual guilda, cercada de magos desacordados e o peso de dois nekos sobre si. Tentou ser o mais delicada possível, enquanto tirava os pequenos de cima e levantava,  o mais difícil fora andar ate o bar, sem pisar em ninguém. 

Lucy acabou por invadir o bar, em busca de café,  precisava despertar. Foi enquanto estava distraída que não notara a aproximação de um moreno sonolento, o susto fora tão grande quando o mesmo tocou seu ombro, que em um reflexo, acabou jogando todo o conteúdo fumegante de tão quente no dito cujo. Rogue arregalou os olhos e gruniu ao sentir o café quente queimar sua pele.

-Kami -sama,  me desculpe, me desculpe!- Lucy repetia enquanto pegava um pano tentando secar p moreno. -Vem vamos a enfermaria, fazer alguma coisa para melhorar isso.

A loira falava sem parar, agarrando o braço do moreno e o levando consigo,  o mesmo não tivera nem tempo de dizer algo, como por exemplo, que a enfermaria ficava para o lado contrario ao qual iam. Lucy se mostrava estranhamente energética,  mas a verdade era que a loira apenas se mantia daquele modo para evitar pensar muito, pensamentos podiam machucar ou pertubar.

-Lucy a enfermaria é para o outro lado. - Rogue tentou chamar a atenção da loira, que nem deu ouvidos. O moreno suspirou, aquelas fadas, Lucy era uma tigrasa agora, porem já tinha sido uma fada, eram um tanto complicadas.

The Inheritance - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora