Capitulo XV

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Lucy já havia sofrido de muitas maneiras, psicologicamente e fisicamente, sentira a dor de ter a pele rasgada, a dor de ossos quebrando, já sentira a dor da perda, sentira a dor ao ser humilhada, ela era alguém experiente quando o assunto era sentir dor, afinal por um bom tempo fora subjugada por inimigos, perdera os pais, perdera de certa forma seus espíritos. Entretanto, Lucy nunca poderia estar preparada para a dor de perder a se mesma, a dor do vazio literal, no inicio fora apenas os sintomas de uma doença, vomito, febre, dores musculares, fraqueza, tontura, entre outros, mas depois do terceiro dia, ou melhor ainda, poucas horas apos a visita inesperada do seu demônio, onde a ela foi revelado algo que sempre estivera ali, quase tão obvio, uma dor estranha, desconhecida e incessante se dera inicio, como se tudo estivesse lhe sendo tirado, a força, sem base para resistência. 

Se contorcer na cama a deixando molhada com um suor frio era algo rotineiro, ela quis chorar, sem se importar com promessa ou qualquer outra coisa, chorar como um bebe, aos berros, como se as lagrimas pudesse diminuir a dor, mas ela não pode chorar, era estranho, não conseguia uma lagrima sequer, mas os berros vieram e foram muitos, ainda era. Depois de quase doze horas a pobre Wendy foi a que não pode mais se conter, todo o desespero da amiga, a dor, sendo postos diante de sua incapacidade de poder fazer algo para ajuda-la, levou a pequena azulada ao estremo, era ela a se desesperar agora, Mira tivera que arrasta-la de lá, para que pudesse se acalmar. 

Em uma certa noite, Lucy não fazia ideia de qual apos as dores se fazerem presente, ela suspirou de alivio, porque a dor passou, ela se sentiu anestesiada, seu corpo todo formigava, quase não podia sentir o toque nas cobertas úmidas, mas pode sentir com clareza o toque sobre sua mão, a mesma mão onde antes possuía o simbolo de sua família. Ela teve que força a visão turva para poder enxerga no ambiente quase totalmente escuro, não fosse o abaju sobre a mesa onde tinha algumas poções medicas, olhos dourados a fitavam, carregavam certo pesa, ela pensou estar sonhando quando acordou novamente na manhã seguinte, mesmo que seu corpo ainda estivesse entorpecido, mergulhado em um formigamento que era milhares de vezes melhor que a dor que a vinha assolando.

Com a respiração difícil ouviu a porta sendo aberta, seu corpo parecia ser feito de chumbo, nunca pensou que fosse tão difícil simplesmente mexer o pescoço para poder ver quem entrava. Wendy a olhou cheia de receios, para então ver que a maga celestial não se encontrava mais no estado que tivera de deixa-la quando Mira a levou de lá a umas boas horas, quase um dia. Um pequeno sorriso de alivio tomou as feições jovens de Wendy, enquanto apreçada ela veio para o lado da cama onde a maga mais velha estava deitada, Lucy notou que outra pessoa vinha logo depois da pequena, esse era Natsu, os olhos do mago tinha um peso incrível, algo que não era compatível ao antigo Natsu.

-Como se sente Lucy?- Wendy a perguntou, a tempo do mago tomar o outro lado da cama, fitando preocupado com a companheira.

-Não posso dizer que bem, mas pelo menos a dor parece ter passado.- Revelou ao dar um sorriso fraco.

-Isso é bom, talvez seja sinal de que esta melhorando.- Wendy não pode conter um tom mais animado.

Lucy fitou a amiga por alguns segundos e então olhou nos olhos do outro que as observava dialogar, seria errado mentir apara eles e dizer que iria ficar tudo bem? Provavelmente, mas ela queria mas que tudo dizer aquelas palavras, pensar em trazer mais preocupações para eles, pessoas, amigos, que já vinham sofrendo tanto, que já tinham tanto com o que se preocupar, parecia cruel. Porem, mais cruel seria quando ela morresse, depois de criar a ilusão de algo diferente, a verdade por mais dolorosa que fosse, sempre seria melhor, mentiras destruíam muito mais.

-Eu não vou melhorar Wendy.- Sua voz fora um sussurro rouco.

-Não diga besteira Luce, você é forte, não seria uma doença a derrota-la.- Natsu a repreendeu, meio magoado, meio raivoso.

-Realmente, não uma doença, outra coisa.- A loira suspirou, estava estranhamente cansada.

-O que quer dizer com isso Lucy?- A azulada a questionou preocupada.

-Minha família possui um segredo, algo sombrio que vem passando por geração, no final das contas poderia dizer que a culpa de tudo que aconteceu a vocês foi minha.- A constatação a fez enfim chorar, algo que nem a dor excruciante pudera fazer.

Lucy viu diante de si um fato, era por causa dela que Hayato fora a Fairy Tail, fora por causa dela, por causa do que ela possuía e o que ele almejava que o mesmo buscou poder, que escravizara e manchara a reptação das fadas, que tirou deles amigos, seu mestre. 

-Não fale besteiras Luce!- Natsu a fitava serio.

-Mas é a verdade, Hayato só viera ate aqui porque eu estava aqui, porque ele precisava de poder para ter o que eu possuía. -Lucy desatara a falar, em meio a lagrimas, com vergonha de encara os amigos.- Minha família carrega um fardo, por gerações carregamos demônios em nosso interior, é nosso dever nos torna fortes para podermos realizar o desejo de nossos corações antes que os demônios nos mate, ou tome nossos corpos para eles.- Respirou fundo antes de prosseguir.- Eu tive uma irmão, ou irmã, não sei, pois nunca o conheci, o fruto de uma traição por parte de minha mãe, alguém que nunca fora avisado do fardo que carregava, que fora subjugado se tornando Hayato.

"Hayato veio a guilda porque ele me procurava, ele queria juntar força para ter o que eu tinha, o meu demônio, ele o queria, aquele que você viu junto a ele quando me encontrou desacordada Natsu, era o demônio que existia em mim e que Hayato tirou, ganhando o poder dele, tendo ele sobre seu controle, porque eu fui fraca."

Silencio. O silencio muitas vezes poderia ser dito uma das piores formas de tortura, não saber o que poderia vir apos ele, ficar a imaginar as possibilidades, que mesmo você tentando se manter positivo, a negatividade parecia sempre soberana. Lucy sentiu medo, mais medo do que sentiu quando soubera que morreria logo. Não ousou olhar para os amigos, tinha vergonha, sabendo ser a culpada por toda a dor deles e ainda assim esta ali, recebendo os cuidados deles, a preocupação e carinho deles. Lucy se achou a pior pessoa que já conhecera.

O que a despertou de seus devaneios foram as mãos quentes que tocaram sua face, a quentura de Natsu, o toque dele, que parecia sempre a confortar, sem a necessidade de palavras ou qualquer outra coisa. Natsu era seu melhor amigo, Lucy o amava, pensar em perde-lo era o que mais lhe doía. 

Natsu, tendo sua face em volta pelas as mãos deles, ele a ergueu, ela não quis encara-lo, desviou seu olhar para o teto brando, sendo uma covarde.

-Luce.- Ele a chamou, sua voz não era raivosa, não estava magoada, ele parecia não lhe julgar, apenas a chamava, daquele mesmo jeito que sempre o fizera, a voz que sempre a chamou todas as vezes que ela estava prestes a se perder.

Lucy não pode continuar a ser uma covarde, ela teve que o fitar, aqueles olhos que em diversas vezes carregou diversão, mas que se tornavam sérios quando necessário, e que agora se misturava com uma certa serenidade acolhedora. 

-Você não teve culpa de nada Luce, somos uma familia, somos companheiros, não devemos julgar uns aos outros, família, companheiros, eles se ajudam e nunca iram abandonar nenhum.

-Ele esta certo, nunca iriamos culpa-la por nada Lucy, você é uma de nós.- Wendy soara suave, com sua voz meiga.

-Obrigada! Obrigada pessoal!- Lucy dissera entre soluços, não podendo conter suas lagrimas de felicidade, de alivio por eles não a culparem, por não a odiarem, ela poderia morrer, mas morreria sem aquela esmagadora culpa.


The Inheritance - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora