Era de noite.A luz dos candeeiros de rua iluminavam o trajeto da minha corrida noturna no parque local.
Mesmo com os fones postos e a música ligada aos altos berros, escapar dos meus pensamentos obscuros parecia ser uma missão impossível.
Era como se apenas fosse capaz de abstrair-me de tudo e de todos, menos de mim mesmo.
Cada passo que dava era mais uns centímetros longe de casa... longe daquele ambiente alegremente sufocante.
Não conseguia entender como eles conseguiam esboçar um sorriso e seguir em frente, como se nada tivesse acontecido... como se nada faltasse.
Cada respiração que libertava fazia-me perguntar o que tinha feito eu para merecer mais que ele o direito de viver.
Porquê eu e não, ele?
Qualquer coisa que fizesse, qualquer coisa sobre o que os meus olhos pousassem, eu o via...
A sua imagem saltava e tilintava na minha mente que nem um pirilampo.
Serei eu, presa, dos meus próprios pensamentos?
Anos já se passaram desde que ele partiu... E sempre ouvi dizer que o tempo cura tudo, mas, pergunto-me:
Serei eu o único a quem o tempo não consegue curar?
Entre pensamentos, engoli em seco e senti a necessidade de beber um pouco de água. Sem parar de correr, agarrei na minha garrafa e fechei os olhos assim que o fresco atingiu o meu paladar:
— Aí! - ouvi assim que senti o meu corpo a ir contra alguém. — Vê lá se olhas por onde andas, otário!
Olhei para baixo e vi uma rapariga sentada no chão com um capuz preto a tapar o seu rosto.
— Desculpe. - murmurei.
— Desculpe uma ova. Estou toda molhada!
Fechei a minha garrafa de água e agachei-me ao chão:
— Quer ajuda a levantar? - perguntei, estendendo a mão.
Sem destapar a sua face, agarrou a minha mão e fez força para se pôr de pé:
— Estava completamente distraído. - confessei ao mesmo tempo que ela sacudia as suas mãos.
— Não faz mal.
— Tome. - disse, pegando na minha toalha. — Não é muito, mas dá para limpar o excesso.
Ela pegou na toalha e passou pelos sítios em que estava mais molhada.
Tudo o que conseguia encarar era o seu casaco preto extremamente largo e os seus cabelos castanhos longos e ligeiramente ondulados:
— Obrigada.
Ao levantar a cabeça para me entregar a toalha, a luz quebrou a escuridão que invadia o seu rosto.
Hipnotizado fiquei quando olhei para os seus olhos bizarros e molhados:
— Génesis de Alexandria.
— O quê? - respondi assim que sai do meu pequeno transe.
— É uma mutação genética.
— Ah, não queria ser rude ao ponto de perguntar. - disse, mexendo no cabelo:
— Rude? Não... Rude fui eu quando chamei-o de otário. - riu ela. — Acabei por descarregar em si e nem sequer o conheço.
Falou a rapariga ao passar os dedos rapidamente pelo canto dos seus olhos.
— Acho que podemos mudar isso. - sorri. — Eu sou o Justin. E tu?
Com um sorriso tímido, ela disse:
— Scarlett... Scarlett White.
Scarlett...
Scarlett White...
A rapariga de olhos roxos.
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Double Blood | J.B {português}
FanfictionJustin luta contra os seus demónios todos os dias. Ele tenta fugir do seu passado a sete pés. No entanto, a missão torna-se impossível quando ele é constantemente perturbado pela presença de uma entidade que antes lhe era bastante querida. Estará J...