| You Found Me |

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Com a visão completamente bloqueada pela fita que o Justin insistiu em colocar nos meus olhos, conseguia sentir a vibração do motor do carro a deslocar-se num caminho sem fim:

— Já chegamos? - perguntei, impaciente.

— Estamos a chegar.

— A sério? Parece que estamos a dar voltas neste carro à mais de meia hora. - reclamei, impaciente.

— Deixa de ser assim. - riu ele, pondo a sua mão na minha perna.

A sensação do seu calor a ser transferido pelo tecido do meu vestido para a minha pele era uma das minhas favoritas.

— Então... O que achaste do teu cunhado? - falei para provocá-lo.

— Cunhado? Por favor, ele ainda não chegou a esse patamar. - ri-me.

— Ai é? Não foi o que pareceu com aquela gargalhada.

— Isso foi apenas um deslize. Acontece que o Hank tem um bom sentido de humor, mas não nos iludamos: Não é tão bom quanto o meu.

— Claro, Justin. - disse, rindo. — Mas a sério... Depois de todo o teu teatro de durão, qual foi a impressão que ficou dele?

— Podia ser pior. - bufou ele. — Lá no fundo, parece ser bom rapaz.

— É, parece mesmo. - sorri.

— Ainda assim, tenho que manter o olho aberto. Sei bem como esses rapazes de hoje em dia são.

— Se com a tua irmã és assim, imagino com a tua filha. - ri.

— Nesse caso, vou ter mesmo de sacar da caçadeira. Nada de namorar até aos vinte um!

Matei-me a rir com as piadas que o Justin foi lançando para o ar sobre os nossos futuros rebentos e assim o tempo foi passando.

Poucos momentos depois, senti o carro abrandar e finalmente, a parar:

— Chegamos?! - exclamei, quase a saltar da cadeira.

— Chegamos. - coloquei a mão na fita para tirá-la, mas fui assustada pela sua voz. — Não, não! A fita continua no sítio até eu disser.

Bufei e revirei os olhos.

— Então vá, despacha-te!

Ele saiu do carro e ajudou-me a fazer o mesmo.

Com uma mão a servir de guia, andei pelo seu caminho secreto.

Depois de uns tantos passos vagarosos, alguns tropeços e subidas de escadas, parámos os dois:

— Já posso tirar? - perguntei, ansiosa.

Eu amo surpresas.

Amo recebê-las e amo dá-las.

Há qualquer coisa de especial na ansiedade que sentimos até ao momento de revelação.

Há qualquer coisa de especial naquele sorriso que floresce quando a vemos mesmo à frente de nós.

Double Blood | J.B {português}Onde histórias criam vida. Descubra agora