Capítulo 3

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Trigésimo sexto dia do primeiro mês, ano 7302.

Cena I - Investigação.

09 horas em ponto, Reino Elfo - Eyrell. Quartel-general da Guarda Real.

-Está claro que foi um ataque planejado. -Dizia César Iros, o capitão da guarda, enquanto caminhava de um lado para o outro, sendo observado por seus subordinados. -Mas talvez o suicídio de nossa princesa tenha sido uma consequência e não algo premeditado ou induzido.

-Onde quer chegar, senhor? -Indagou um dos guardas.

-Darius Quendra não é um ladrão qualquer. Ele retirou a pedra e descartou a coroa, provavelmente para não ser apanhado com ela... -Um silêncio do capitão acompanhado pelo barulho das mentes dos guardas trabalhando. -Se alguém que não o conhecesse o visse só com a pedra, ele poderia dizer que era uma joia de família, ou algo do tipo. Safar-se-ia facilmente. -César estava na pista certa, sabia disso e sorria por dentro. -Contudo, se o vissem com a coroa em mãos, seria a confirmação de que ele era o fugitivo, e o matariam pela recompensa ou o denunciariam a nós.

-Então, ele descartou a coroa para não se comprometer; logo, ela não era o objetivo principal, este era a pedra que estava nela. -Concluiu outro guarda. -Estou certo, capitão?

-Exatamente, soldado. Ele queria a pedra, isto podemos afirmar com total certeza. A questão que aqui levanto é a seguinte: que valor teria o diamante da coroa de Rei Zadell? Não falo do valor em dinheiro, pois essa hipótese já foi descartada. Se o ladrão quisesse dinheiro, teria fundido a coroa e vendido o ouro... -A mente do capitão e dos guardas trabalhavam a todo vapor. -Algum dos senhores tem conhecimento sobre mágica?

-Não, senhor. -Todos responderam como se fossem um só.

-Eu preciso, para ontem, de um mágico que me esclareça algumas questões. Encontrem-no! -A ordem foi dita com a autoridade de um rei...

-Sim senhor! -E obedecida como se, de fato, houvesse partido do maior monarca do reino.

Todos os soldados debandaram em busca de um mágico.

***

Cena II - Coração Aflito.

09 horas e 12 minutos, Reino Humano - Feltares. Casa dos Zeto.

A notícia sobre a morte da Princesa Kayena atormentava Tamires, esposa de General Urak e mãe de Kira. Trazia dor a um coração que bombeia não só sangue humano, mas também élfico, que havia nascido em Eyrell e que sofria pela perda da princesa que sempre fora bondosa com os súditos; trazia paz por mostrar que Darius, seu meio irmão e compadre, estava vivo e medo pelo risco que ele, sua filha e seu marido corriam... agora ainda mais.

Ela desaprova a escolha de todos eles em apoiar o grupo que conspira contra Harkuos, Deusa a quem dedicou sua vida para hoje ser a clériga de respeito que é.

Tamires sabia que Urak era um infiel; ele nunca escondeu essa informação, mas o amor é maior que qualquer adversidade da vida e, por isso, ainda assim, casou-se com ele. Sabia também que seu irmão por parte paterna seria infiel. Darius desde criança tendia a isso. Entretanto, jamais imaginaria que Kira seguisse os passos do pai e do tio se juntando aos hereges Guardiões das Chamas.

-Sei que minha família não merece perdão pelo que fez e ainda faz, mas, mesmo assim, peço que a Senhora os absolva dos crimes, os proteja e os instrua a abandonar esse caminho torpe que seguem desprezando vosso esplendor... -Rezava a clériga para a Deusa em posição meditativa, com o clericato aberto e apoiado sobre as pernas cruzadas. -Isso é o que peço, e antecipadamente agradeço.

A Herdeira de ZaatrosOnde histórias criam vida. Descubra agora