Capítulo 21

37 10 0
                                    

Octogésimo sétimo dia do segundo mês, ano 7302.

Cena I – O Retorno de Aurora.

07 horas em ponto. Reino Humano – Feltares. Divisa com Ramavel.

Centenas de pessoas cercavam o Dragão Azul enquanto caravanas com mais centenas não paravam de chegar dos dois lados da fronteira.

Aurora, ou o que pensavam ser Aurora, caminhava livre entre os presentes. Todos os Guardiões das Chamas se encontravam ao seu redor e Ezerk gritava contando uma bela história de resgate do qual participaram:

-Harkuos os enganou por mais de sete mil anos! Ela não passa de uma feiticeira, seu poder divino é na verdade dos quatro Deuses Dragões, filhos do Dragão Primordial. A bruxa os mantêm presos em contenções mágicas as quais sugam todo o poder de cada um dos Dragões Azuis e o envia para ela. PARASITA, é o que Harkuos é de verdade!

Nós, Guardiões das Chamas, depois de muita pesquisa, descobrimos o cativeiro de Aurora. Na missão que trouxe a liberdade de nossa Deusa Dragão Azul Alado, uma de nossas companheiras pereceu... mas nós sabemos que sua alma reencarnará envolta em luz e graça, pois ela deu a vida para salvar uma divindade!

Irmãos... há tempo de nos unirmos. Harkuos pode ser poderosa, mas não é invencível! Se o fosse, não estaria escondida em uma torre no alto da montanha mais inacessível de Zaatros. Juntos a faremos confessar a verdade antes de guilhotinarmos sua cabeça e incendiarmos seu corpo!

Os feltaranos concordavam. Os ramavenos estavam balançados, uns veementemente contra, outros cogitando ficar a favor.

A grande cartada estava dada e agora só restava a invasão ao Monte Nublado.

***

Cena II – Duelo de Oponente Comum.

14 horas e 40 minutos. Reino Humano – Feltares. Pátio Interno, Palácio Real.

-Já lhe disse que NÃO! -Gritou Kaegro, furioso. -Magia não é para mulheres, salvo as legítimas feiticeiras!

-Mas, mestre, essa lei caiu! E Meline é genial, aprendeu muita coisa sozinha! -Atentou Príncipe Franco. Ele discutia com Kaegro enquanto Meline observava quieta.

-Lei? Não nego o pedido por leis! Nego-o por ética. O assunto está encerrado e você, como punição, trará para mim notícias sobre as bruxas mais perigosas do século passado. Quero duas para cada década, copiadas a mão, nada de me trazer jornais antigos.

Meline tocou de leve o ombro de Franco, como quem pede calma. Não queria prejudicá-lo ainda mais.

-Eu pago o dobro do que recebe para que ensine a mim e a ela. -Ofertou o príncipe.

-Eu disse não! Pelos Seis Demônios, basta! Não serei comprado, pare de me importunar!

-Eu posso mandar prendê-lo por desobediência! -Ameaçou.

-Você ainda não é rei e, mesmo que o fosse, nas minhas aulas mando eu! -E riu, debochando de Franco enquanto dava as costas, pronto para sair e deixá-lo falando sozinho.

-Eu o desafio para um duelo!

-Como? -E caiu em gargalhadas. -Eu derrotei nascidos feiticeiros, que chance teria você, um aprendiz de mago, contra um mago completo? Nenhuma. -Disse lentamente. -Faço uma proposta melhor: desafio sua amiga a um duelo. Se ela é genial como você diz, conseguirá ao menos resistir por dois minutos.

-Franco!... -Murmurou ela puxando-o.

-Se Meline vencer, ensinarei aos dois até a qualidade de mago completo, recebendo só metade do que o rei me paga hoje... mas, se eu vencer, ela jamais poderá estudar magia e, como garantia, drenarei toda o seu mana.

A Herdeira de ZaatrosOnde histórias criam vida. Descubra agora