Trigésimo sétimo dia do primeiro mês, ano 7302
Cena I – Rumo a Feltares.
05 horas e 29 minutos, Reino Gigante – Ramavel. Mansão de Kaegro Gorj, avenida principal do reino, próximo ao Palácio Real.
A Astral ainda não havia nascido, estava escuro e a neve caia suavemente em Ramavel. Na rua, as únicas criaturas vivas eram os guardas reais e alguns comerciantes se organizando para mais um dia de trabalho.
Kaegro estava preparado para a viagem; as malas feitas, a mansão protegida e os termos que apresentaria ao rei, prontos. A carruagem que o levaria ao Palácio de Feltares esperava em frente às grades douradas da mansão. O condutor era o próprio mensageiro Júlio.
-Parece que Feltares está cortando despesas. -Kaegro provocou enquanto levitava a bagagem para dentro do veículo. -Ninguém para me ajudar com as malas, nenhum guarda para nos escoltar e o mensageiro é também o condutor.
-Bom dia, senhor. -Saudou Júlio, ignorando a grosseria. -Chegaremos ao Palácio de Feltares ao anoitecer de amanhã.
-Tudo isso? Seria mais rápido nos teletransportar até lá.
-O senhor poderia fazer isso?
-Poderia se fosse minha área. -Resmungou ao entrar. -Nunca consegui dominar essa maldita habilidade.
-É uma pena, senhor.
-Sim, é uma pena, ande logo! Quanto mais cedo partirmos, mais cedo chegaremos.
***
Cena II – Corcunda-de-um-olho-só.
07 horas em ponto, Reino Elfo – Eyrell. Q.G. da Guarda Real.
-Como me pediram, estou aqui. -Era uma senhora muito velha e curvada quem falava. Tinha pele completamente enrugada e carregava uma bengala de madeira escura que, na verdade, mais se parecia um cajado para magia. -O que deseja?
-Bom dia, senhora Gynd. -César estava sentado à cabeceira da mesa retangular, e a senhora se acomodou na outra extremidade. -Eu sou o Capitão César Iros e pedi que viesse aqui para nos auxiliar a compreender algumas questões.
-Madame Gynd. Este é o sobrenome do meu pai, nunca fui casada. Pode me chamar de Olga ou madame Gynd. -Ao terminar de falar, a idosa se ajeitou na cadeira e o cabelo branco que cobria parte do rosto se moveu e, por alguns segundos, os olhos ficaram à mostra. Um deles era castanho, normal, enquanto o outro, uma esfera de vidro.
-Certo... -A visão do olho falso atordoou o capitão. -Olga. A madame deve estar ciente da recente perda do reino.
Olga assentiu e ele continuou:
-Suspeitamos que o objeto roubado tenha alguma utilidade mágica e, sendo a madame a feiticeira mais experiente da região, é a mais apta para ajudar nas investigações.
-Compreendo. Fique à vontade, ajudarei como puder.
-Antes, madame, preciso de algumas informações pessoais. Importa-se de respondê-las?
-Como disse: fique à vontade. -Olga parece assustadora a primeira vista. Como se a má aparência e a estranha sensação que causava ao falar fossem algum tipo de aviso, porém não havia o que temer. A velha senhora era bem calma e realmente tinha interesse em auxiliar a Guarda de Eyrell.
César pigarreou e iniciou o interrogatório:
-Espécie?
-Humana. -Respondeu de pronto.
-Quais as suas especialidades mágicas? -César perguntava e tomava nota logo após a resposta.
-Cura e clima, mas domino bem muitos outros ramos da magia.
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A Herdeira de Zaatros
MaceraUm mundo, seis reinos, seis raças e uma grande tensão envolvendo um ser milenar. Deusa ou Feiticeira? Muitos têm Harkuos como a Herdeira de Zaatros, como a filha do Dragão e da Fênix, os Deuses Ancestrais, que há muito deixaram de existir; outros po...