Capítulo 12

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Quadragésimo dia do primeiro mês, ano 7302.

Cena I - Evocação.

04 horas e 06 minutos. Reino Anão - Ruthure. Fortaleza dos Guardiões das Chamas.

Razatte, Luzabell, Kira, Cícero e Targus, estavam de pé do lado de fora, no pátio para treino, um diante do outro. Os magos e feiticeiros, foram ali para ceder a própria energia mágica, o mana, para o necromante. Targus, por sua vez, usaria esse mana extra para intensificar seu feitiço. Ele invocaria almas condenadas, almas que não passaram para o plano astral onde esperariam a próxima reencarnação. São almas que não aceitam a morte de seus corpos e, por isso, mantêm-se algemadas ao plano material mesmo após a morte da carne. Esses fantasmas serão mais uma defesa do clã, funcionarão como parasitas, sugando a força dos inimigos, deixando-os tontos e enfraquecidos.

O velho necromante, com a ajuda de Kira, rabiscou na terra, usando um osso, quinze runas organizadas em cruz. Sendo a central maior que as demais. Depois cada mágico tomou seu lugar em uma das extremidades da cruz: Targus na ponta superior, Luzabell e Razatte na esquerda, Kira na direita e Cícero na inferior. Todos já sabiam o que fazer. Não foi dita uma palavra sequer, pois haviam ensaiado antes e combinado de antemão o ritual inteiro. Bastava agora executá-lo.

De onde estavam, eles estenderam a mão esquerda na direção do necromante e puseram a direita sobre o coração. Os olhos dos quatro se acenderam, cada um na cor do próprio mana: Cícero em amarelo, Luzabell e Razatte em branco, Kira em roxo e Targus em vermelho. Enquanto isso, a energia deixava seus corpos em forma de fios de luz rumo a Targus. Os olhos mais brilhantes eram os dele, cor de sangue. Targus sussurrava palavras em outra língua e era repetido, em seguida, pelos demais. As runas se acenderam escarlates, primeiro uma de cada ponta e depois as seguintes. Quando a central brilhou, Targus, ainda com os olhos incandescentes, caminhou por cima das outras runas até ela. Sacou de dentro do robe um pequeno tubo de vidro com terra e derramou seu conteúdo sobre a runa-mestre. Era terra de um cemitério o que havia no frasco.

Os olhos de todos se apagaram e então o necromante atirou o vidro do chão teatralmente e disse com sua voz asmática:

-Está feito!

De imediato, o que procedeu foi o a extinção da luz das runas e apenas isso.

Algumas palavras se formaram acima da cabeça de Kira, em sua tosca tentativa de se comunicar. Cícero havia posto sobre ela um feitiço para ajudá-la com a comunicação. As palavras diziam:

"E agora? Isso é tudo?"

-As almas errantes chegarão pela manhã e a maioria delas será invisível e indetectável para vocês... infelizmente algumas podem ter uma presença mais marcante e nós passaremos a conviver com elas.

-Não há como exorcizar ou banir os fantasmas desse tipo? -Perguntou Cícero. Ele tinha os cachos do cabelo completamente desgrenhados. Fora acordado no meio da madrugada para o ritual.

-Talvez, mas torçamos para que não seja necessário.

***

Cena II - A Princesa Suicida.

06 horas e 06 minutos. Reino Anão - Ruthure. Fortaleza dos Guardiões das Chamas.

-Pessoal, acordem! -Chamou Manu depois de pular de sua cama no alto do beliche que dividia com Darius. -Eu estou ouvindo vozes, parecem vir das paredes.

-Volte dormir, nanico. -Urak bocejou virando-se para o outro lado.

-Darius, você ouviu? -Perguntou Manu sacudindo as cobertas do elfo.

A Herdeira de ZaatrosOnde histórias criam vida. Descubra agora