Segundo dia na chácara.

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Meu ataque de pânico só melhorou, porque Bianca tinha uma bombinha de ar.
Me lembro dela trazendo a bombinha e Alice colocando ela na minha boca.

Eu não queria falar nada. Não queria explicar nada para ninguém, então eles foram para a varanda, enquanto Alice se sentou no sofá, e deitei no colo dela.

- Agora que você está melhor, pode me falar o que aconteceu? - Ela perguntou calmamente.

- Hoje é aniversário dele... Era pra ser...
- De quem?
- D-do Gabriel...

Alice não falou nada. Apenas ficou alí comigo, até eu dormir.

Acordei com a luz que entrava na sala e...
Rafael estava deitado no sofá comigo?!
Ele estava alí.
Ele tinha dormido no sofá... comigo?

Tentei me levantar sem acordar ele, mas ele apoiou o braço em mim dizendo:

- Tenho ordens claras para não deixar você sair daqui. Apenas se estiver bem.
- E quem te deu essa ordem? - Perguntei.
- A Natália.

Ah, claro. Por que será que eu não pensei nisso antes?

- Eu já estou bem. - Disse passando por ele, saindo do sofá.
- Que horas são? - Ele perguntou.

Peguei meu celular e vi que eram 6:34 da manhã.

- Credo, não são nem sete da manhã. Vou voltar a dormir. Só que no quarto...

Eu fui em direção ao meu quarto e ele me seguiu.
Esqueci que eu estava no mesmo quarto que ele.
Fechei a janela, me deitei e ele ficou sentado na cama, mechendo no celular.

Quando eram nove horas da manhã, todos já estavam acordados e resolvemos passar a manhã na pscina. Me destraí bastante.

Mas eu... Eu sabia que ainda gostava do Gabriel. Mas ele estava morto.
Ele morreu, e eu ainda amava dele?
Não. Eu queria parar de sentir isso por ele. Eu precisava.

Quando estávamos saindo da piscina, todos foram para a cozinha fazer o almoço, ou pelo menos tentar.

Eu fui para o quarto, achei papel e uma caneta verde e comecei a escrever.

"Gabriel,
Não sei por onde começo a escrever. Não sei se sinto raiva do seu egoísmo em ir embora, ou tristeza porque perdi você.
Quando você atirou em seu peito, não pensou que eu iria sentir a sua falta?
Visitei seu túmulo uma vez... Mas eu não levei flores. Porque eu sabia que um dia elas iriam desabrochar e morrer...
Você foi a primeira pessoa que eu amei de verdade... Mas, você pode não ser o último. Eu sei que você iria seguir em frente se eu fosse a pessoa que foi embora. Então estou pedindo uma chance para me deixar seguir em frente. Adeus. Amo você.

                                           - Sophie."

Peguei o papel e olhei bem para ele e o dobrei, colocando debaixo do meu travesseiro. Depois fui para a cozinha tentar ajudar com alguma coisa no almoço.

- Rodrigo, Lucas e Rafael, coloquem a mesa. - Disse Larissa.
- Sophie, ajuda aqui, Natália quer fazer lasanha. - Bianca me disse.
- Estou indo. - Respondi.

Lavei as mãos e comecei a ajudar Natália a montar o prato, na bancada perto do fogão.
Rodrigo cozinhava o molho que Natália pediu, e estava do meu lado.
Conversa vai, conversa vem e Bianca diz;

Cinzas do meu cigarro. #Wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora