Capítulo 2

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Me visto e logo já estava pronta. Me preparo psicologicamente para enfrentar minha mãe. Meses sem vê-la já não sabia qual seria minha reação.

Desço lentamente as escadas um pouco nervosa, confesso. Ao chegar na sala a vejo. Ela estava linda, como sempre. Com seu vestido de marca perfeitamente ajustado em seu corpo e com um sorriso encantador no rosto.

"Você está enorme" ela diz me abraçando enquanto derrama algumas lágrimas

"Não teria notado mudanças em mim se fosse mais presente" respondo baixo

"Senti tantas saudades minha filha" ela diz enxugando suas lágrimas

"Me esforço pra acreditar em você mas minha certidão de nascimento insiste em dizer que não nasci ontem"

"Melissa!" Matheus diz em sinal de advertência

"Meu amor, eu te amo demais. Você é minha vida, Mel"

"Jura?" Pergunto irônica

"Não suporto mais ficar longe de você e por isso quero que você venha morar comigo"

"O que?" Pergunto assustada

"Por que a surpresa?" Minha mãe pergunta sorrindo "Sou sua mãe, nada mais certo do que ter você ao meu lado, meu anjo"

"Eu ..." Inicio mas meu tio me interrompe

"O certo é você ir com ela, Melissa" Matheus diz apressado

"Se quer que eu vá embora basta me dizer, tá tio Matheus?" Falo sorrindo

"Não é isso, querida" Ana diz sorrindo sem graça "Amamos cuidar de você"

"Meu pai me chamou para ir morar com ele" falo rapidamente "E eu ..."

"Thomas fez o que?" minha mãe pergunta alterada "Ele não pode ..."

"Claro que pode" falo apressada "Afinal, vocês quando se tratam da filha tem o mesmo nível de desinteresse"

"Seja menos rude" Duda cochicha em meu ouvido "Maltrata-la não fará você se sentir melhor"

"Você vai morar comigo!" Ela ordena brava

"Opa opa, eu resolvo o que faço da minha vida" falo sorrindo "Sempre me virei sozinha, sempre fiz minhas escolhas"

"Se virou sozinha?" Matheus pergunta rindo debochado enquanto cruza os braços "Ingrata!"

"Menos Matheus!" Minha mãe diz impaciente "Você vai morar com o seu pai?"

"Não sei" respondo baixo "Vou sair agora"

Minha mãe se senta no sofá e fica de cabeça baixa choramingando. Meu coração por um momento tremeu, apenas por vê-la sofrer assim. Apesar de sentir raiva dela por não se importar comigo me dói vê-la sofrer.

"Você vai com ele, não vai?" Ela pergunta chorando "Não vou te perder pra ele"

"Mariah ..." Falo baixo mas ela me interrompe

"Quando você deixou de me chamar de mãe?" Ela pergunta

"Quando você veio me visitar mas ficou apenas na casa de um namoradinho seu. Ou talvez quando você e meu pai brigaram no meio da minha festa de quinze anos. Quando você deixou de ser minha mãe"

"Melissa Vitória, eu sou sua mãe e você tem que me respeitar"

Fico alguns segundos em silêncio. Ela jamais havia gritado comigo, até porque nunca teve moral pra isso.

"Eu vou morar com meu pai" respondo em um grito

"Eu não suportaria isso, Matheus" Minha mãe diz encarando seu irmão

"Eu vou sair" falo já pegando minha bolsa em cima do sofá e indo em direção à porta

"Você não vai, volte aqui Melissa!" Minha mãe grita

A ignoro por completo e vou até o carro. Mesmo sabendo que não tenho carteira de motorista e que se alguém me pegasse iria me ferrar pois sou menor de idade.

Estava de noite, devia ser uma dez horas da noite. Não havia pra onde ir, meus amigos não me atendiam e todos os clubes estavam fechados já que era uma segunda-feira. Estava desnorteada e precisando de ajuda, estava instável emocionalmente. Paro em um bar e compro algumas garrafas de cerveja. Após um tempo acabo com tudo sozinha, já estava zonza e confusa com meus próprios pensamentos.

Como uma luz chega na minha mente um lugar onde encontraria minha resposta. Estaciono em frente ao cemitério, pego a última garrafa de cerveja e desço do carro. Respiro fundo e abro o portão já entrando. Um arrepio estranho percorreu por meu corpo. Sóbria eu jamais faria isso.

Ando entre o túmulos que já são tão conhecidos para mim, já que minhas visitas aqui são diárias, até chegar no dele. Emanuel Koch.

"Olá" falo parando em frente seu túmulo e acariciando a lápide "A vida está muito mais difícil desde que você foi embora, sabia?"

Amigo dele, Inimigo meu [Parte III]Onde histórias criam vida. Descubra agora