Amigo dele, Inimigo meu [Parte III]

Capítulo 21

Acordo ansiosa, na verdade não havia dormido bem. Troco de roupas, me ajeito e vou para o portão esperar o Derik. Não demorou muito para ele chegar.

"Se ela sentir alguma coisa pode me ligar" ele diz me entregando uma mochila com os pertences dela "Ela tem remédio para meio-dia e também um para as cinco da tarde"

"Okay" falo gravando os horários

"Tem certeza que quer mesmo cuidar dela? Ela é doente e ..."

"Não trate sua filha como doente, Derik" falo sorrindo "Ela é uma criança normal, está passando por um momento difícil mas não é doente, ela está doente. Saberei cuidar dela"

"Desculpa, eu sempre cuidei dela e fico com medo, entende?" Ele diz sério enquanto a encara "Essa criança é tudo na minha vida"

"Cuidarei dela" falo sorrindo

"Quando eu chegar negociaremos o valor que cobrarei para emprestar minha filha a você"

"Por mim tudo bem"

*

Entro em casa e vejo que meu pai já havia acordado. Ele encara a Anna em silêncio e depois olha para mim esperando uma explicação.

"Pai, essa é a Anna" falo e logo ela vai abraçá-lo "Eu conheci ela lá no hospital e ... Podemos ficar com ela hoje? O pai dela vai vim buscá-la mais tarde"

"Pode" ele diz sem desviar o olhar da Anna, mas sua expressão era triste e distante "Me desculpe, preciso ir no quarto"

Fico confusa e um pouco preocupada. Ele sobe rapidamente a escada e a Anna me olha sorrindo. Seguro em sua mão e trago comigo até o quarto do meu pai, eu precisava saber o que estava acontecendo. Entro no quarto e vejo ele sentando na cama com a cabeça entre as pernas chorando.

"Pai?" Pergunto me sentando ao seu lado e Anna senta em sua frente "O que aconteceu?"

"É que ..." Ele diz olhando para a Anna e acariciando seu rosto "Ela me lembra muito minha sobrinha. Duda também teve câncer e ..." Ele não consegue continuar pois o choro impede

"Eu sinto muito" falo o abraçando

"Eu também sinto, querida" ela diz retribuindo o abraço "Eu sinto muito mesmo"

"Tio, não chora" ela diz sorrindo "Minha mamãe agora está cuidando dela lá no céu, tá?"

*

Já estávamos chegando no hospital. A cada momento meu nervosismo aumentava. Estava chegando a hora de descobrir se realmente estou grávida.

Desço do carro de mãos dadas com a Anna e meus pais seguem atrás de mim. Todos nós estávamos apreensivos.

Entro no consultório e o médico já via meu exame. Ele permanece em silêncio por alguns minutos e logo me encara.

"Parabéns" ele diz sorrindo enquanto me entrega o papel "Você está grávida de um mês e doze dias"

"Meu Deus" foi a única coisa que consegui dizer antes de desmoronar em lágrimas

Minha mãe chorava e abraça meu pai que também chorava e ria ao mesmo tempo.

"Temos que avisar ao pai" Thomas diz me encarando sorrindo e pondo as mãos na minha barriga "Você sabe quem é o pai, né?"

"Thomas eu só fui pra cama com duas pessoas, que por ironia do destino são irmãos. E um morreu. O filho é do Tony"

"Então vamos avisa-lo"

"Não" peço "Não conte nada ao Matheus, nem a Eduarda e nem a ninguém, por favor"

"O que? Por que?"

"Quando eu fui embora pedi ao Tony para refazer sua vida, e espero que ele esteja fazendo isso longe de mim. Ele não saberá desse filho"

"Melissa, isso é errado!" Thomas diz já sério "Ele é o pai"

"Eu não quero que ele saiba, Thomas" falo enquanto enxugo minhas lagrimas "Por favor"

"Tudo bem" ele diz baixo e calmo "Parabéns, mamãe do ano"

"Parabéns, vovô do ano" falo sorrindo

Estava saindo do hospital quando alguém me chama. Olho para trás e vejo o Derik. Ele me olhava sorrindo e rapidamente vem em minha direção. Thomas o encara sério sem entender e Mariah já é mais simpática.

"Mel" ele diz me abraçando "Oi filha" ele diz pegando a Anna no colo "Bom dia" ele diz estendendo a mão para cumprimentar o Thomas

"Olá" penso em dizer que estou grávida mas acho melhor não "Temos que ir, sua filha tem remédio para daqui a pouco" falo rindo

"Obrigado por cuidar dela"

"É uma honra"

Desculpa mundo, mas não consigo ver a Mari e o Thomas sendo avós.