Capítulo 9

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xxMELISSAxx

Acordo com a cabeça encostada no peito dele. Estava dolorida e com dor de cabeça, já esperava por isso após tanto choro.

Saio cuidadosamente de cima dele e vou em direção ao corredor que dá para os outros quartos. Seria doloroso para mim, mas preciso por um ponto final nisso. Ele morreu, se foi. Comigo ficou apenas saudades e lembranças de inúmeros momentos mágicos.

Abro a porta do quarto e quando estava prestes a entrar alguém aparece no corredor. A mãe dele, a mesma que não gosta de mim. Agora não a culpo por isso.

"O que está fazendo?" Ela pergunta ríspida

"Desculpa, eu ..." Falo confusa "Queria apenas me comunicar com ele, sentir novamente"

"Sai daqui" ela diz tirando minha mão da maçaneta

"Deixe-a Judith" o pai deles diz aparecendo por trás da esposa "Não somos os únicos a sofrer pela morte dele"

"Mas ..." Ele a interrompe

"Deixe-a Judith" ele repete "Sabemos o amor que ele sentia por ele. Maior até mesmo que o nosso amor, sejamos honestos. Deixe-a"

"Por que você quer se torturar dessa forma, menina?"

"Eu me torturo todos os dias de formas diferentes por ele. Afinal, cada dia para mim é uma tortura. Eu o amo tanto ..." digo sorrindo triste "Meu primeiro grade amor. Quero colocar um ponto final no meu sofrimento. Drogas, bebidas, remédios, mais bebida, mais remédios. Nada conseguiu me ajudar a superar isso. Porque meu socorro é ele, sempre foi ele. Me perdoe, por favor"

Falo isso e não consigo mais controlar as lágrimas. Judith chora mas continua de cara fechada. Ela me culpa por tudo. Via isso em seu olhar triste e distante. Ela passa por mim rapidamente enquanto enxuga lágrimas. Ed, o pai dos meninos, continua a me observar por cima de seus óculos de leitura.

"Não se culpe, querida" ele diz tocando meu ombro "Eu te perdoo"

"Eu o amo demais. Acredite em mim. Se eu pudesse ter morrido no lugar dele eu teria, juro que teria. Eu quero morrer para encontrar com ele logo"

"Posso te falar uma coisa?" Ele pergunta e eu afirmo com um movimento sutil "Não tente se matar, menina. A vida é linda, e você também. Um se foi, mas o outro está aí" ele diz apontando em direção ao quarto do Tony "Emanuel está com você, agora mais do que nunca. Ele sempre esteve e sempre estará, ele disse isso para mim"

"Alguém entrou no quarto depois do falecimento dele?"

"Não" ele diz sorrindo triste "Minha esposa só entra para abrir e fechar as janelas. Não mexeu em nada, nem se quer na lixeira. Já se passou quase um ano e ... Ninguém superou"

"Obrigada" falo sorrindo "Por tudo"

"Ah, perdoe minha esposa" ele diz sorrindo tímido, sorriso idêntico a de seus filhos "Não está sendo fácil"

"Para ninguém está sendo" falo sorrindo triste

Ele desce as escadas e novamente foco minha atenção e energia no quarto. Abro a porta e um vento frio de fim de tarde entra pela janela. Olho para tudo e lembro de tudo. Nosso primeiro beijo, escorados na mesa do computador. Nossa primeira discussão na sacada. Nossa primeira vez juntos na cama e também nossa última vez juntos naquela mesma cama. Eu não sabia o que fazer, o que pensar, e então vi uma garrafa de whisky em cima da mesa. Pego e dou uma golada. Coragem Melissa, coragem.

Amigo dele, Inimigo meu [Parte III]Onde histórias criam vida. Descubra agora