Diferentes Mas Iguais

Capítulo 19

Acordo ouvindo a voz de Moisés no meu quarto. Procuro meu celular para ver as horas mas não acho. Só aí percebo que Moisés falava com alguém no meu celular.

Moisés:- Ela está dormindo. Sim, ela está ótima! Eu estou um pouquinho melhor, o problema é somente esta febre que vai e vem o tempo todo. Obrigado, dona Letícia!- só podia ser dona Letícia!- Ela não poderia ficar aqui, só uns dias? Digo, para cuidar de mim porque, serei sincero, eu não estava cuidando direito de mim mesmo. Se eu estivesse cuidando-me direito, essa gripe teria ido embora. Mas eu não fiz nada direito e... A Anna cuidou de mim tão bem hoje... Está bem, eu espero resposta. Sim?- um minuto de silêncio.- Olha, serei completamente sincero com a senhora, até porque não há o que esconder. Eu sou católico, a senhora sabe, e durante muito tempo eu só ficava com umas meninas para diversão e largava. Como um brinquedo! Mas, a Anna, desde aquele dia na livraria, eu senti que eu precisava tê-la ao meu lado pelo resto da minha vida! Eu fiquei completamente apaixonado por ela no primeiro momento... E eu a amo muito e morreria, se fosse preciso, para conseguir realizar todos os desejos dela e fazê-la feliz. Isso é o que eu mais quero, que a Anna seja feliz. E eu quero estar ao lado dela nesses momentos, para lembrar que, um dia, fiz uma pessoa que amo feliz! Obrigado, dona Letícia. Tchau!

Ele ficou a ligação inteira de costas e eu em silêncio, ouvindo tudo. Quando ele virou-se para mim, só faltou cair no chão, mas pulou!

Moisés:- Que susto!

Anna:- Então você quer que eu fique aqui?

Moisés:- Você ouviu a conversa toda?

Anna:- Todinha!

Ele pareceu meio envergonhado. Levantei da cama, caminhei até ele e envolvi seu pescoço com meus braços. Passo uma mão em seu rosto e ele não estava com febre novamente.

Anna:- A febre não voltou.

Moisés:- Você fez um ótimo trabalho.

Anna:- Quer que eu fique quanto tempo?

Moisés:- Só até eu melhorar. Depois, se você quiser, pode voltar para sua casa.

Anna:- Seria difícil abandonar você, mas eu não posso morar com você.

Moisés:- Por...- olho para ele como se fosse óbvio.- Não vai dizer-me que é pecado?

Anna:- Sim...

Moisés:- Tudo é pecado?

Anna:- Não... Também não é assim. Poxa, assim parece que você está desencantado só pela minha escolha de ser evangélica.

Moisés:- Não, meu amor. Eu só perguntei. Desculpe-me, não quis ofender você.

Anna:- Está bem. Você é o mais importante agora e eu poderia mudar-me para cá para cuidar de você.- ele sorriu feliz.- Como está sentindo-se?

Moisés:- Eu estou melhor. Só um pouco fraco, com as pernas tremendo. Mas estou bem.

Anna:- Quer comer alguma coisa? Aliás, que horas são?

Moisés:- Já passou do horário do almoço, por isso sua mãe ligou para seu celular. Como você estava dormindo eu atendi. São, exatamente...- ele olha no meu celular.- Três e dezessete.

Anna:- Você tem certeza que não quer comer nada?

Moisés:- Sim, meu amor. Eu estou sem fome. Só quero que fique comigo hoje...

Anna:- Está bem. Quer ficar na sala? Mudar um pouco de ambiente vai fazer bem para você.

Moisés:- Se você estiver comigo, fico até trancado no banheiro.

Anna:- Bobo!

Ele ri e beija meu rosto. Fomos para a sala e ligamos a televisão. Reparando bem, a casa dele era decorada de uma forma linda!

Anna:- Quem lhe ajudou a decorar a casa?

Moisés:- Fui eu sozinho.

Olho para ele incrédula. Como um homem tinha tanto bom gosto para decoração de interiores?

Anna:- Você?

Moisés:- Sim!

Anna:- Nunca imaginei que você tivesse tanto bom gosto! Principalmente para designer de interiores.

Moisés:- Eu procuro deixar tudo da maneira que gosto. E, felizmente, a maneira que gosto fica bonito!

Anna:- Você vai decorar a casa então!

Moisés:- Casa?

Anna:- A nossa casa! Um dia, vamos nos casar e vamos morar juntos... Aí você irá decorar nossa casa!

Moisés:- Ah sim... Desculpe-me, essa gripe deixou-me lerdo.

Anna:- A gripe... Sei.

Moisés:- Ei!

Ele começa a fazer cócegas em mim e eu grito rindo feito uma louca.

Anna:- Moisés! Socega! Nem doente... Dá trégua!

Fico rindo feito louca, mas ele para quando ouvimos meu celular tocar.

Ligação..

Anna:- Alô?- tento controlar o riso.

Mãe:- Oi, filha!

Anna:- Oi, mãe! Não vi que era a senhora. Diga!

Mãe:- Eu liguei para seu pai e, com muita dificuldade, ele deixou que você ficasse aí na casa do Moisés enquanto ele recupera-se da gripe. Quando puder, venha aqui em casa buscar umas roupas.

Anna:- Ótimo! Vou daqui quinze minutinhos! Só vou acertar-me com o senhor Moisés.

Mãe:- Está bem, querida. Beijos!

Anna:- Beijos!

Ligação.

Jogo o celular no sofá e fico encarando Moisés.

Moisés:- E aí? O que sua mãe falou?

Sento em seu colo e passo minhas pernas em sua cintura. Passo a mão em seu cabelo e apoio em seus ombros.

Anna:- Bom... Minha mãe conversou com o pastor Maciel a respeito da minha curta estadia por aqui.

Moisés:- Então você vai ter que ir embora.

Anna:- Pelo contrário! Meu pai deixou, a muito custo, que eu ficasse aqui durante sua recuperação. E mais tarde vou lá pegar algumas roupas para ficar aqui.

Moisés:- Que ótimo! Assim eu vou ficar bom mais rápido! Quer que eu vá com você, pequena?

Anna:- Nananinanão! O senhor fica aqui bonitinho! Quero ver você aqui, bonitinho e comportado!

Moisés:- E se eu for no banheiro exatamente no momento em que você entrar em casa? Eu não vou ficar aqui.

Anna:- Deixa de ser bobo, Moisés!

Moisés:- É o meu jeitinho.

Ele passa as costas dos dedos no meu rosto e fica encarando-me. Sinto minha pele arrepiar e um fogo em meu peito quando sou tomada num beijo apaixonado.

Ele entra com sua língua em minha boca. Cada beijo dele fazia-me ir ao céu e voltar. Começamos a parar o beijo e eu diretamente em seus olhos.

Anna:- Eu amo você!

Moisés:- Eu amo você mais!

Beijo seu rosto e deito minha cabeça em seu ombro.