Capítulo 22

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Moisés narrando

Eu PRECISAVA encontrar um presente perfeito para a Anna. Vou em pelo menos três lojas mas não encontro nada que chegasse a ser "bom" para ela.

Ligo para ela avisando para que ela vá comer alguma coisa, pois eu ainda não havia achado o melhor presente. Ela nega por um tempo, mas acaba cedendo.

Continuo andando por muitas lojas e sento em um banco frustrado por não achar nenhum que seja bom.

Moisés:- Que droga! O que posso dar de presente para a minha menina?

Passo as mãos no rosto e penso. Penso, penso, penso... Nada que eu pudesse arrumar no shopping, mas algo que eu mesmo poderia fazer!

Caminho meio receoso até onde marcamos e a encontro lá parada.

Moisés:- Vamos embora?- beijo seu rosto.- Desculpe-me pela demora.

Anna:- Tudo bem... Encontrou o que queria?

Moisés:- Aqui não tem... Mas vou conseguir ainda hoje! Vamos! Preciso lhe deixar em casa, tomar um banho, me arrumar.

Saímos de mãos dadas e pegamos um ônibus. Descemos juntos, deixei-a em sua casa e fui caminhando para a minha.

Entrei e a primeira coisa que fiz, foi embrulhar os presentes que eu tinha. Embrulhei a camisa do meu sogro, embrulhei o livro da minha sogra - não é que as duas tinham a mesma paixão por livros? - e fui fazer o presente da Anna.

Após tudo pronto, fui para o banho. Havíamos marcado para que eu aparecesse na casa deles às sete e quarenta. Eram quatro e três. Eu estava muito ansioso e nervoso!

Essa era a única vez que eu iria para a casa de alguém, ter um natal comum! Geralmente, eu saía com o Rafael e bebíamos até de madrugada. Geralmente, eu acordava vestido e deitado no chão da sala dele e ele de cueca no quarto, mas no chão.

Era uma ressaca horrível... Mas era um natal maravilhoso! Agora, eu só tenho um tio que me liga de vez em quando, geralmente no meu aniversário. Era a única pessoa da família que se importava um pouco comigo.

Vesti minha melhor roupa, peguei os presentes e saí. Estava bem cedo, então eu queria aproveitar para ir a um lugar antes. Fui até a casa onde o Rafa morava.

Peguei a chave que ele deixava comigo e entrei. Ainda estava do mesmo jeito de antes. Felizmente ninguém havia entrado. Fui até o quarto dele, peguei um porta-retrato e vi uma foto nossa.

Moisés:- Você me faz tanta falta, parceiro...

Uma lágrima escorreu, mas logo a limpei. Eu não poderia abandonar essa casa no dia de Natal. Recoloquei o porta-retrato no mesmo lugar e fui embora deixando a casa trancada novamente.

Já estava quase na hora. Fui até a casa da Anna bem tranquilo. Apesar de estar com uma expressão meio triste, eu estava feliz.

Toquei a campainha e esperei ela abrir. E, poucos segundos depois, apareceu a minha frente a menina mais perfeita desse mundo todo!

Moisés:- Já ganhei meu melhor presente nesse Natal!- sorri para ela.

Puxei-a pela cintura e lhe dei um um beijo. Ela se afastou sorrindo para mim e eu encostei minha testa na dele sorrindo também.

Moisés:- Eu te amo!

Anna:- Também te amo!

Eu sentia a necessidade de dizer que a amava a cada segundo da minha vida! Ela me puxou para dentro e fomos até a sala.

Moisés:- Olá, boa noite!

Dona Letícia:- Boa noite, Moisés!- responde sorridente.

Pastor Maciel:- Boa noite.- responde seco, sem me olhar.

Anna:- Papai! Seja mais educado com o Moisés!

Moisés:- Oh, não querida! Não precisa. Se seu pai não me chamou pelo nome, não me encomodo.- sussurro mais baixo em seu ouvido.- Só quero ficar do teu lado a noite toda!

Ela riu e me puxou para o sofá. Me fez sentar e sentou em meu colo. Fiquei meio constrangido, com medo de que pensassem que era errado. Mas, apesar do olhar fulminante do pastor em nós, estava tudo ótimo!

Anna:- Não é, amor?

Moisés:- Oi? Desculpe-me, fiquei distraído.

Anna:- Nós vamos viajar logo depois de entregarmos presentes. E vamos no meu carro.

Moisés:- Ah! Sim, isso mesmo!

Dona Letícia:- Temos presente? Que bom! Espero que a Anna tenha lhe ajudado.

Moisés:- Bom, ela ajudou. Me deu dicas e eu escolhi com a aprovação dela. Espero que gostem!

Anna:- Bom, espero que eu tenha dado às dicas certas!

Todos rimos, exceto pastor Maciel. Fiquei meio tenso. Eu nunca iria agradar esse homem!

Anna:- Ei... Você está muito tenso. O que houve?- sussurra.

Moisés:- Seu pai... Ele nem sorriu com a brincadeira. Ele já me odeia!

Anna:- Pastor Maciel é assim mesmo. Não ligue.

Ela puxou meu rosto e me deu um beijo rápido. Se olhar matasse... Eu já estaria morto pelo pastor Maciel. O clima ficou pesado de repente e eu estava meio desconfortável.

Dona Letícia:- Bom... Moisés, diga, você trabalha com o quê?

Moisés:- Eu sou funcionário de uma livraria. Sou atendente.- olhei para Anna que sorriu junto comigo.- E foi desse jeito que eu conheci a Anna. Eu fui atendê-la e senti algo diferente naquele mesmo momento. Só demorei a admitir.

Anna:- Mas admito que eu também não quis admitir de início. Mas, depois que eu soube que era real, eu deixei tudo rolar e estou muito feliz.

Ela me deu outro beijo rápido e ficou abraçada a mim.

Pastor Maciel:- Então foi assim que minha bebê foi "hipnotizada" e deixou de ser quem era...

Eu fiquei meio mal depois disso. Eu nunca tive a intenção de "roubar" a Anna para mim. Nem de transformar mudanças nela.

Anna:- Papai!

Dona Letícia:- Maciel!

Pastor Maciel:- Mas você também deve admitir. Dois dias atrás você falou para mim "A Anna está diferente". Não foi?

Dona Letícia:- Sim! Mas achei-a diferente de um modo bom! Apaixonada, sonhadora, mais sorridente! Eu a achei mais feliz! Isso foi o diferente. Não do modo como você diz.

Pastor Maciel:- Mas acho que ela está muito mudada sim! Não para mais em casa, quase não conversa comigo, não está mais a minha menininha.

Anna:- Papai, tenho meus compromissos também. O senhor trabalha o dia inteiro. Nesse tempo eu saio de casa para me encontrar com o Moisés, eu fico em casa conversando com mamãe e faço mais outras várias coisas! Quando o senhor chega, eu estou cansada e vou dormir!

Moisés:- Amor, dona Letícia, não precisa. Eu entendo que o senhor Maciel esteja meio "enciumado" com a filha. Afinal, pelo o que percebi, ela é filha única.

Percebi que dona Letícia riu, pastor Maciel ficou mais nervoso e Anna ficou feliz, talvez por eu ter dito qualquer coisa.

Pastor Maciel:- Numa discussão de família, não se meta rapaz!

Ele se levantou, saiu batendo pé e ouvi uma porta bater.

Dona Letícia:- Eu já venho, crianças. Vou chamar pastor Maciel para podermos comer.

Moisés:- Verei se minha sogrinha tem o dom da cozinha!

Ela riu e saiu. Ainda fiquei meio tenso na sala com Anna. Eu já havia percebido que, depois dessa, eu não conseguiria a aprovação do pastor Maciel.

Diferentes Mas IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora