Capítulo 41 - Final

115 6 4
                                    

Um mês depois...

Acordo bem cedinho, me olho no espelho e...

Anna:- Ótimo! Olhos inchados!

Como sempre, meus olhos estão inchados! Mas logo hoje? Que raiva! Pego algumas roupas e corro para o banheiro. Eu não poderia me atrasar.

Tomo um banho rápido, desço e tomo café silenciosamente. Volto para meu quarto para terminar algumas coisa nas minhas malas e fico mais tranquila.

Ouço batidas na porta e mando entrar. Minha mãe somente abre e fica me olhando.

Mamãe:- Eu avisei para terminar tudo ontem.- ela ri.

Anna:- Eu estava tão cansada.

Mamãe:- E ainda está.

Anna:- Sim.

Mamãe:- Que horas parou?

Cocei a cabeça e respondi.

Anna:- Três da manhã.

Mamãe:- Anna! São seis e quarenta! Você só dormiu três horas?

Anna:- Sim, mas estou ótima! O que mais quero é que chegue duas da tarde.

Mamãe:- Quer se livrar de mim assim? Nem tenta esconder?

Olho para ela que estava com uma expressão dramática e ao mesmo tempo triste.

Anna:- Mamãe... A senhora sabe que o mais difícil está sendo deixá-la. Mas a senhora mesma que ofereceu e é preciso.

Mamãe:- Eu sei, meu bebê. Mas é triste.

Dou um abraço apertado nela, querendo que tudo isso fosse mentira. Que isso fosse um sonho, que eu pudesse acordar tendo meus 15 anos, voltar a minha vida perfeita..

Anna:- Por que isso não pode ser um sonho, mamãe?

Mamãe:- Não sei, amor. Mas vamos lá! Vou lhe ajudar com as malas.

Anna:- Bom, a titia disse que está quente por lá. Então vou com uma roupa mais fresca.

Mamãe:- Está bem. Mas vamos logo fechar essa mala.

Anna:- Enquanto a senhora vai fechando a mala, vou pegar as coisas para por na bolsinha que vai comigo.

Na verdade, eu havia feito essa bolsinha ontem a noite. Mas eu precisava levar algo comigo. Um papel que estava guardado na minha bolsa há um tempo.

Peguei um pequeno papel dobrado, desdobrei e olhei uma foto presa nele. Eu sentiria saudades dessa época. Guardei o papel antes que eu começasse a chorar e voltei para o quarto.

Anna:- E aí, mamãe? Conseguiu.

Mamãe:- Sim, filha.

Tirei a mala de cima da cama e coloquei junto com outras duas. Uma pequena, para meus poucos calçados e outra um pouco maior para minhas roupas de cama, travesseiro, lençóis etc.

Anna:- Ai ai.. Acho que vou ter que tomar outro banho.

Mamãe:- Filha, da tempo. Você vai na casa da Camila ainda para se despedir, não é..

Anna:- Falando nisso, vou agora.

Peguei o celular e fui indo até a porta.

Mamãe:- Filha, você vai voltar para o almoço não é?!

Anna:- Claro, mamãe. Não vou demorar muito lá. Até porque sei que ela vai escolher a melhor roupa preta pra ir ao aeroporto se despedir.

Minha mãe sorriu, mas eu sabia que ela queria chorar. Calcei meu tênis de corrida, escondi o celular e saí de casa. Fiz alguns alongamentos rápidos, já que havia tempo que não corria, e fui correndo para a casa da Camila. Não uma corrida do tipo exercício. Mas uma corrida do tipo fugindo.

Cheguei lá ofegante, suada e cansada. Limpei meu rosto, toquei a campainha enquanto recuperava o fôlego e logo ela abriu a porta.

Anna:- Oi!- falo ofegante.

Camila:- Veio cedo hoje. Algo especial?

Anna:- Eu... Vim despedir-me.

Camila:- Por quê?

Anna:- Eu vou viajar... Pra Itália às duas da tarde.

Ela sentou no sofá um pouco triste e eu sentei ao seu lado.

Camila:- Só me contou hoje?

Anna:- Ficou definido isso há três dias. Eu fiquei ocupada com a compra da passagem, arrumação das malas, combinações com minha tia Larissa.. Desculpe.

Camila:- Existe telefone, sabia?

Baixei a cabeça chateada por ela não entender que estive ocupada.

Anna:- Bom.. Talvez você não queria ir ao aeroporto. Então.. Tchau. Até o Natal.

Levantei e fui caminhando até a porta.

Camila:- Qual o aeroporto sairá seu vôo?

Sorri de costas para ela mas fiz cara triste quando virei para ela.

Anna:- Vai sair no Galeão.

Ela abraçou-me apertado. Ouvi que ela estava chorando baixinho.

Camila:- Precisa ir mesmo?

Anna:- Sim..

Camila:- Eu amo você, amiga.

Anna:- Também amo você.

Dei um beijo em seu rosto, fomos até a porta e saí correndo de novo. Eu precisava chegar em casa o mais rápido possível. Aproveitar o tempo com meus pais.

Cheguei em tempo recorde. Minha mãe estava fazendo o almoço, meu pai sentado na sala me esperando. Sentei ao lado dele e lhe dei um beijo no rosto. Tomei outro banho, vesti uma roupa simples e fui para a cozinha.

O tempo voou a partir daí. Almocei cedo, vesti a roupa que ia e saímos de casa com duas horas de antecedência. Chegamos no aeroporto, fizemos todo o processo e esperei a Ca.

Faltando meia hora para o vôo sair, ela apareceu. Como o esperado, ela estava vestida de preto. Totalmente. Ri e fui dar um abraço nela.

Anna:- Quem morreu?

Camila:- Cala a boca, palhaça.

Ficamos todos os quarto juntos até que ouvi chamarem meu vôo. Foi inevitável o choro. Abracei a todos chorando. Cada um se despediu, falando um pequeno texto e eu fui para o avião, tentando não olhar para trás.

Sentei no meu lugar determinada a uma coisa: nunca mais ver o Moisés. A aeromoça avisou que iríamos decolar e pediu que colocássemos o cinto.

Coloquei o meu e fiquei olhando pela janela, na direção onde identifiquei mamãe, papai e a Ca. De agora para frente, minha vida tomaria um rumo totalmente diferente.

Acenei para eles, mesmo sabendo que não veriam. O avião saiu do chão e eu me encostei na cadeira.

Anna:- Vida nova... Aí vou "eu".

Não era eu quem estava indo. E sim alguém que sobrou do que eu era. Olhei pela janelinha novamente e disse minhas últimas palavras.

Anna:- Adeus, Moisés.

Fechei meus olhos e me preparei para uma nova vida.

FIM

Diferentes Mas IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora