CAPÍTULO VI - INTERLÚDIO - LOKI

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Loki é um deus que sempre está a pensar, para ele, tudo é motivo para uma nova piada. No fundo é como uma criança que não se cansa de pregar peças nos outros, e como não é corrigido adequadamente, sempre continua com suas brincadeiras.

Ele sabia que seu filho Fenrir, um lobo, fruto de sua relação com a giganta Angrboða, havia deixado na Grande Floresta de Asgard, uma ninhada, que estava prestes a nascer. Os filhos desse lobo gigante, que totalizavam doze até o momento, eram catástofres naturais ambulantes. Os mais famosos e poderosos eram, Hati, que todas as noites perseguia a lua pelo céu estrelado, e Sköl, que fazia o mesmo com o sol durante o dia. Está profetizado, e os deuses sabem, que quando o fim do mundo acontecer, o tão temido Ragnarök, os dois lobos finalmente alcançarão os objetos celestes, e os devorarão, esse será um dos prenúncios.

Loki entrou na floresta e procurou debaixo de cada pedra, atrás de cada tronco de árvore e dentro de cada arbusto naquela imensidão verde, a ninhada de seu filho Fenrir. O deus das trapaças possui o poder de transformar-se em qualquer coisa à sua escolha. Em forma de águia sobrevoava distâncias enormes em pouco tempo.

No final de alguns dias, só restava um local a se procurar, dentro de uma caverna, na encosta de uma montanha rochosa.

Loki adentrou no local escuro com sua forma normal. A caverna era úmida e as pedras que formavam o túnel pra baixo da terra eram revestidas de musgo, deixando o caminho escorregadio.

Era possível escutar o gotejar da água que soltava-se de alguma estalactite, e o barulho dos morcegos acima de sua cabeça. O fim do túnel dava em uma galeria iluminada levemente por uma luz azul que era emitida por um certo tipo de fungo florescente que crescia entre a rochas úmidas da parede da caverna. No chão, havia o corpo morto de uma grande loba escura, ela já começava a cheirar mal, sua língua estava para fora de sua boca e seus dentes grandes estavam à mostra.

Loki caminhou até ela, fazendo barulho com a sola dura de sua bota. O som ecoava por toda galeria. Agachou-se perto e tirou por entre as pernas dela um pequeno filhote, tão escuro quanto ela, e que ainda mamava na mãe morta.

- Somente um filhote? – Loki disse sorrindo. – Por que as mães dessas crias sempre têm que morrer?

A figura de Loki era magra, de cabelos longos e negros, seu rosto liso, sem barba alguma. O sorriso era sua marca, e sempre estava estampado em sua face, maliciosamente. Não portava armas em sua cintura e nem armadura em seu corpo, vestia uma camisa leve de tom esverdeado com uma capa castanha, presa nos ombros, descendo de suas costas até abaixo de sua cintura, uma calça marrom e uma bota negra.

- A décima terceira cria – continuou sorrindo para a pequena criatura. – Não é lá um número de muita sorte, não é mesmo?

O pequeno filhote era tão negro quanto um corvo e cabia perfeitamente na palma da mão de uma pessoa. Ainda sem dentes, começou a chorar enquanto era sustentado pelo couro de seu pescoço.

Loki o enrolou em sua capa e caminhou para fora da caverna, andou muito até sair da floresta, e dali, seguiu para a Borda do Mundo de Asgard.

Olhando para baixo da Borda do Mundo, havia um quase-infinito precipício, e no seu fundo, era possível enxergar toda Midgard, com suas terras verdes de campos, florestas ao sul e suas terras brancas encobertas por neve e gelo no norte. Ao redor, um grande oceano azul contornava tudo.

Suspendeu o filhote nas palmas de suas duas mãos e aproximou a boca de suas pequenas orelhas eretas.

- Você vai para Midgard, pequeno filhote, a terra dos homens – disse sussurrando para a pequena bola de pelos negra. – O caos e a fome insaciável que já fazem parte de seu pai Fenrir, também fará parte de você, estará tudo em seu interior.

O pequeno filhote não esboçou reação alguma, parecia dormir.

- Lá embaixo, alguém irá cuidar de você, ele vai te alimentar e você irá crescer. Quando chegar a hora, esse caos e essa fome que estará adormecida dentro de ti, despertará. – Era estranha a forma que falava, parecia lançar algum tipo de encantamento sobre a criatura. – Agora vá, cresça, e divirta-se com os mortais.

Loki soltou o filhote no ar, que caiu no precipício do mundo enquanto ainda estava adormecido. De Midgard, os homens que habitavam o norte, viram uma estrela cadente cair, sua cauda luminosa ficou por horas no céu da noite negro-estrelada.

Os mais sábios diziam, "Sinais estranhos no céu são sempre causas de mau agouro", e eram.


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EDDAS DO RAGNARÖK: Wolfgard e a Prole de FenrirOnde histórias criam vida. Descubra agora