II - W h o s h e ?

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Eduardo teve dificuldades a dormir, primeiro porquê Lua não dormia, a menina não dava trabalho mas, o mesmo tinha medo de que algo acontecesse, ou engasgasse com o leite que sua amiga dera para ela mais cedo.

Quando era mais ou menos três para as cinco da manhã ele conseguiu dormir, teve um sonho bonito onde estava em Roma, na sua um vestido negro até seus pés. A cor do seu cabelo era ruivo e estava bem brilhante à luz do sol que batia nela. Sua pele estava ficando cada vez mais seca e marcas levemente avermelhadas começava a aparecer.

—Cuida bem dela, não deixa eles peguem-na. Fuja daqui o quanto antes.

Suas palavras eram vagas, ele não entendia o por quê dele mandar cuidar dela. Mas, ela quem? Quem seria "ela"? — A mulher um corvo se tornou que fugiu do sol rapidamente.

Eduardo acordou, não queria sentir medo, não... Não era medo que ele sentia, era dúvida. O ruivo olhou para a menina do seu lado e se sentiu um idiota. O que ele faria com aquela menina mesmo? Cuidaria como um pai? Ridículo isso.

Revirou os olhos — uma mania que tem desde sua adolescência, aliás, ele não teve adolescência, nem infância. Apenas viveu —, colocou uma camiseta cinza e uma calça jeans desbotada com o tênis que sempre usava.

Olhou de relance para a pequenina em sua cama, foi ridículo mesmo por um momento querer ser "pai", ele nunca vai amar, nunca vai ser pai, — nem Maria Luíza conseguiu despertar isso nele — quem mais despertaria? Lua? Lógico que não.

O mais velho segura a menina em seus braços e a cobre com um cobertor fino que sua amiga havia lhe emprestado. Sem nem tomar café leva a criança até a casa do seu amigo, Carlos. Ele sempre sabia o que fazer e não seria agora que ele ficaria em dúvida, não é mesmo?

Com duas batidas na porta já é atendido por mas uma moça que Carlos usava e descartava. Subiu até o quarto do amigo que se encontrava enrolado num lençol pálido como a mulher dos seus sonhos.

—Cara o que eu faço com essa menina? Não, eu não posso ficar com ela, eu não posso ser pai dela, além do mais Tom me mataria.

Tom era seu chefe da máfia romana e Carlos era o único a saber as origens do seu chefe, sabia que ele era de uma máfia muito poderosa de Roma e veio para cá fugido dos portugueses. — Mas a pergunta que sempre o deixa com uma pulga atrás da orelha é: Por que Eduardo veio para a favela e não para um lugar luxuoso? Como o mesmo conseguiu ser o dono de tudo isso aqui? Bom, isso são coisas que nenhum morador conta. Sempre têm medo de falar o que aconteceu aqui à cinco anos atrás.

—Eu falei para você, manda ela para adoção, fala que ela apareceu na porta da sua casa ou pergunta para alguém na rua se vou alguém colocando uma criança na porta da sua casa. — Disse calmo. Era o que ele faria, mas não o que Eduardo faria.

—Você não sabe o sonho sinistro que tive hoje, era uma mulher, apontava sua mão para mim e pedia para mim cuidar bem dela e protegê-la deles, para fugir, umas coisas loucas. Mas quem? Quem é ela?

—Cara, eu te conheço faz tempo e nunca te vi assim. Você não está bem. Dá essa menina para alguém e volte a viver normal novamente. — Para ele tudo era simples, Carlos conseguia ser mais frio do que Eduardo e por isso o ruivo o admirava como um irmão mais velho.

Sem nem mesmo responder, Eduardo saiu com a menina e o frio que batia nas costas do mesmo o arrepiava em quanto nela apenas causava cócegas. — Fazia três meses exatos que fazia esse frio, e Eduardo estranhava pois, nunca foi de fazer tão frio em uma cidade de clima tropical, em uma cidade litorânea.

A todo momento a menininha dos olhos dourados apenas sorria arregalando seus olhos de cor tão diferente. Mas Eduardo não conseguia sentir nada, acordou hoje decidido em simplesmente se livrar dela e esquecer que um dia apareceu uma criança na sua porta.

Na rua, todos o olhavam estranho pois realmente era estranho o chefão de todos estar com uma criança no colo, como se fosse sua. Todo mundo o conhecia por suas atividades diferentes e torturas ocorrida no fim daquele morro. O que ele fará com aquela pobre e inocente criança? Quem seria a mãe daquela pequenina? — esses eram os pensamentos de quem o via aquela manhã.

Eduardo desceu todo aquele morro, onde a temperatura era um pouco mais fria, e viu quem mais queria ver naquele momento, Dona Maria. Era uma velhinha que desde sempre morava lá, não sabia da sua história mas sabia que ela gostava de crianças e que recentemente matara sua filha que estava grávida de cinco meses. Todos achava Eduardo o culpado mas, o mesmo sabia da dívida da morena com um de seus aliados — preferiu manter-se quieto.

—Dona Maria? — A mulher que estava com um balde cheio de roupas dentro, perto de um fio estendido de fora a fora nas paredes paralelas pintadas de vermelho claro o encara com um certo medo. E logo vê o bebê em suas mãos.

O coração da mais velha acelera pois, sabia da fama do ruivo, sabia do que ele era capaz. Por que ele estaria com aquela criança? O medo se alastrou no interior daquela Senhora, o medo de saber que aquela criança poderia morrer num piscar de olhos. — A mesma ficara branca feito leite.

—O...oi? — Pergunta. Na sua voz o medo é evidente, mas mesmo assim se mantém firme na frente do mais novo.

—Poderíamos conversar? — Pergunta.

—Claro, diga-me o que queres?!

—Essa menina apareceu na porta da minha casa e eu não posso ficar com ela, eu não ligo para o que ela sente ou o se tem fome, só não quero ter mais um trabalho na minha vida. Não quero cuidar dela. — Falou olhando para a menina nos seus braços. Mesmo sentindo que não, ele prosseguiu. - Eu quero que você fique com ela, eu sei que recentemente perdeu sua filha e seu neto. Sei também que podes muito bem cuidar da menina. — Ele diz sem se importar, ele sabe que abriu uma ferida que aos poucos estava cicatrizando no peito da mais velha.

Ela olha para o rosto do rapaz a sua frente com os olhos cheios de lágrimas e medo, não foi a intenção dele ameaça-la, mas foi como ela encarou. Ele sentiu o medo de longe e ela sentiu medo como se nunca houvesse paz na vida dela. Ela pegou a criança e ele deu as costas indo em bora e esquecendo que um dia havia dado aquela criança para uma velha qualquer. Subiu até o ponto de vendas de armas e lá ficou até anoitecer.

Em seguida um trovão estralou no céu e o chão tremeu, as nuvens ficaram carregadas e águas caíram ao chão.

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Era uma vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora