Naquela noite Eduardo estava ocupado vestindo-se para andar um pouco e esparecer sua cabeça. Não tinha para onde ele ir. Não queria ficar em casa pelo fato de não gostar de ficar parado o tempo todo, não queria sair para beber para não ter que voltar bêbado mais tarde e não queria ir para a boca para não se drogar.
Com um All Star preto, uma calça preta e uma blusa social branca já estava pronto, pegou as chaves de casa e a pequena no colo e foram em direção à praia. Por ser temporada havia muitas pessoas na cidade - o que era uma pena já que Eduardo não gostava de muita muvuca.
Sentado em um barzinho de frente a praia bebericando uma Sprite com duas rodelas de limão pensava em como ele estava mal. Ele saia, mas para poder pensar um pouco - coisa que ele poderia fazer em qualquer momento do dia.
Ele não se sentia em paz e aquela criança que se mexia do seu braço não teria um bom futuro se continuasse a viver com o ruivo. O que ele faria então? Era cômico o quanto ele havia se perguntado o que faria. Uma... Duas... Três... Talvez quinhentas e uma vezes.
-Ela parece nao se importar com o barulho. - O olhar do ruivo seguiu-se para um homem atrás do balcão onde o mesmo sentava.
-É, ela é quietinha. - Respondeu apenas.
-Sua filha? - Puxou mais assunto.
O motivo pelo qual Eduardo respondeu o homem à sua frente é mistério ate hoje.
-Não. - Seus olhos seguiram até a criança, calma e de olhos abertos atenta à tudo.
-Os olhos dela são lindos. - Respondeu olhando a criança.
-Sim.
Eduardo mais tarde descobriu que o homem se chamava Daniel e que vinha da Espanha. Havia sido expulso de casa e estava fazendo bicos aqui no Brasil.
-E você está morando na rua? - Perguntou curioso.
-Ainda não sei onde dormirei. Talvez passarei a noite em claro ate que ache um lugar para dormir.
O ruivo o encarou e se lembrou do dia em que não teve onde dormir. Foi assaltado e espancado. De qualquer forma Eduardo gostou do menino e não deixaria que o mesmo dormisse na rua.
-Olha, se você quiser eu posso deixar você ficar em casa, mas até eu achar um lugar na comunidade para você morar ok?
Daniel aceitou, lógico, era difícil esconder suas presas e deixar que seus olhos mudassem perante todos aquele humanos agitados, cada um com sua artéria pulsando...
Eduardo estava com um pouco de medo de oferecer sua casa para um mero desconhecido, mas ele havia realmente gostado do rapaz. Não ficou com pena, longe disso, apenas não quis que ele passasse pelas coisas que ele passou. Remorso nao era um sentimento fácil de lidar.
Ao chegarem Eduardo ofereceu um quarto bem longe do seu, por segurança. No mesmo havia um banheiro e uma janela que tinha uma vista completa por toda favela.
-Você não vai alimentar a menina? - Perguntou Daniel. Sempre muito bem educado.
-Vou, só não sei como.
Daniel sabia que a menina nao ia ficar muito tempo se alimentando apenas na base do leite. Ele sabia que ela precisaria de sangue cedo ou tarde.
-Vá até a cozinha e aqueça o leite ate que ele esteja quente o suficiente para não causar dor em sua pele. Mas não pode estar frio. - O loiro deu uma pausa - a mamadeira você fica ferver na água para que saia todas as sujeiras. - Não precisaria disso, a menina nao pegaria nada, nem sequer um arranhão.
-Eu nao tenho mamadeiras aqui na minha casa.
E assim Eduardo contou o que havia acontecido com a menina ate ela chegar em seus braços.
-Interessante.
Foi apenas o que Daniel disse.
-Como sabe de todas essas coisas, você parece ser bem mais novo que eu. - Questinou Eduardo.
-Eu que cuidava da minha irmã. Mas ela morreu. - Disse simplesmente.
Daniel se levantou e arrumou seu cabelo na testa. Sua pele era incrivelmente branca, quase tao branca quanto Lua.
-Onde vai?
-Bom, já que nao tem uma mamadeira, agora terá. Vou comprar uma. - Disse.
Mais tarde quando Lua já estava alimentada com o leite Daniel teve que dar banho na pequena, lógico que com supervisão de Eduardo. Eduardo por sua vez, não sabia como fazer nada, não tinha roupas então improvisaram com uma camiseta do ruivo. E fim.
Cada um foi para seu quarto mas nem todos dormiram... Daniel estava preocupado em até quando conseguiria ter esse contanto com a menina. Penando nela... A menina era sua cara! Desde os cabelinhos ralos até a cor dos olhos. Dourados iguais.
Mas se Daniel era o pai da menina, essa história ficaria pra mais tarde...
No quarto ao final do corredor, Eduardo forrava a cama com travesseiros por recomendação de Daniel. O menino realmente era cuidadoso, talvez só queria ajudar, mas nem por isso Eduardo deixaria de desconfiar do menor.
Eduardo estava cansado e só queria dormir, mas tinha medo que algo acontecesse com a criança, então apenas sentou encostando-se na cabeceira da cama. Ele viu a arma na mesinha ao lado e guardou em uma gaveta, não queria lembrar que já matou pessoas.
A noite ocorreu bem, Eduardo acabou dormindo e Lua não pregou os olhos. A menina gostava da noite, e não era seu habitual dormir a essa hora. Por que ela dormiria então? - Daniel também não dormiu, afinal, ele jamais dormira depois de ter encontrado Vênus.
Na casa, ouvia-se apenas o barulho de grilos para Eduardo, já para Lua e Daniel, ouvia-se a respiração do ruivo, os bichos ao redor, o vento que rugia balançando as árvores fora da casa, bom... Eles ouviam tudo.
Ao amanhecer, Daniel logo se pôs de pé uma vez entediado. Descalço mesmo foi até a cozinha onde preparou todo o café da manhã, não comeu, não se sentia bem comendo comida humana.
Logo, às sete horas Eduardo desceu com a menina no colo ainda de moletom olhando de modo estranho para Daniel. "Por que ele estaria fazendo o café da manhã? Ou esse menino quer alguma coisa ou ele é realmente muito simpático."
Daniel sabia o que Eduardo estava pensando e não queria que ele desconfiasse do loiro.
-Apenas quero agradecer o que está fazendo por mim. Desde que eu cheguei aqui as pessoas só me tratam mal.
O olhar assustado de Eduardo entregou tudo, esse menino era estranho...
Eduardo acendeu um cigarro com a menina no colo, Daniel arregalou os olhos. Mesmo que a menina não pegasse um câncer por estar sendo uma fumante passiva, não era educado fumar perto da "filha".
-Não fume perto dela!
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DESCULPEM OS ERROS, MAIS TARDE VOU REVISAR TODO O LIVRO E ATUALIZAR OS ERROS.
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Era uma vez...
VampireQuando uma pessoa tem um destino a seguir, vai acontecer. A não ser que essa queira desistir, mas é como a famosa frase: "Nunca desista, pois alguém pode estar se inspirando em você." Bom, Lua tinha o seu destino já predestinado desde quando foi p...