IX - V o d k a

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  Chegou o final de semana e Lua havia concordado em ficar naquela casa, mas de acordo com ela, até conseguir um local para morar. Pierre garantiu para a menina que ela não encontraria pois a mesma só tinha quinze anos.

Lua estava dormindo no sofá todos os dias e Pierre quis fazer um quarto para ela, na sexta feira pintaram o quarto de roxo — cor na qual ambos concordaram em ser a cor da mais nova.

Naquele dia estava chovendo horrores lá fora e Pierre junto de Lua estavam na cozinha preparando carne assada para o jantar. Porém, Pierre teve de tirar todo o sangue para não estimular o apetite da menina.

—Por quanto tempo você consegue ficar sem sangue? — Pierre perguntou em quanto picava os tomates logo acima da bancada de mármore preto.

Lua pensou, não sabia ao certo mas o máximo de tempo a qual ficara em sangue foi por uma semana e meia, depois disso, pulou no pescoço de Eduardo.

—Uma semana e meia.

—Como vou conseguir sangue para você? — Perguntou Pierre dessa vez com sua testa enrugada em um cenho franzido.

Lua parou o que estava fazendo na pia e o olhou, pensou em como seu tio conseguia aquele sangue e a mesma se deu conta de que não sabia. Esse tempo todo presa naquela casa não contribuiu para nada. Ela simplesmente não poderia ficar lá a vida toda sem saber de virar na natureza.

—Eu não sei, meu tio que me dava sangue escondido do meu pai, pelo menos uma vez por semana.

—Eu não posso roubar sangue num hospital ou matar as pessoas como numa série de tv. — Brincou Pierre. — E já faz quase uma semana que está sem.

Lua parou para pensar e é verdade, faz quase uma semana que ela estava naquela casa e para falar a verdade nem sentia falta de Eduardo e Daniel. Ela pela primeira vez se viu livre de tudo.

—Sim, mas não tem problema eu consigo me controlar. — Mentiu. — Eu apenas fico franca quando fico com fome. — Mentiu novamente.

Ela não queria mentir, mas se não mentisse sabia o que Pierre faria e ela não queria que ele o fizesse. O mesmo nunca tocara no assunto sobre ela tomar sangue humano, talvez por ele ter um certo medo em relação a tudo aquilo, tudo tão repentino e assustador.

-Lu amanhã meu filho vai vir para cá, por favor, quero que seja o obediente tudo bem? - Lua concordou. Ficou ansiosa, até porque teve curiosidade em saber como era seu filho.

Talvez como o pai. Bonito.

Deixando os pensamentos de lado, a loira terminou seu afazer e sentou-se na bancada esperando que Pierre terminasse seu trabalho.

Era uma vez...Onde histórias criam vida. Descubra agora