Esses próximos capítulos vão testar a paciência de vocês. Espero que entendam que o drama aqui não é em vão, mas sim uma doença chamada depressão.
~ownn, rimou iuhohyoitjiohtjitt, beijo, vamos ler.
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Um passado de sete anos atrás.
Foi tudo muito rápido. Me tiraram do carro às pressas, e entramos na delegacia como um jato. Eu tentava manter minha consciência saudável, enquanto eu sabia que ela já estava em coma. O pior foi quando me forçaram andar até lá, e todos nós tivemos que dar depoimento. Aqueles homens foram presos imediatamente, e nós estávamos lá, cumprindo todas as regularidades.
A minha hora foi a pior. Eu não conseguia falar, e nem ao menos expressar qualquer reação. Simplesmente travei. Eles tiveram que entender a situação crítica dos meus olhos a noite, e que eu não poderia dar tantos detalhes bem como eles poderiam conseguir através de December. Qualquer um conseguia ser mais compreensível do que eu.
Mas eu consegui dizer depois tudo que aquele cara tinha feito comigo. Eu nem sabia como eu estava dizendo aquelas palavras, que mal pareciam falar a verdade. Justamente porque a verdade que eu queria ter como verdade era bem mais amenizadora do que aquilo que aconteceu, e daquilo que por tão pouco não chegou a acontecer.
Foi muito pior. As minhas palavras depois conseguiram transmitir bem mais do que eu gostaria de lembrar daqueles milésimos de segundo. Foi tão rápido e tão assustador. Tão nojento e tão constrangedor.
Meu pai chegou logo depois, junto com Isaac, o pior primo que eu poderia ter conhecido. Ele tinha por obrigação cuidar de mim e me apresentar o lugar onde minha família morava. Era tão simples seu serviço, e no entanto ele me deixou com uma estranha, apenas porque eu me senti inesperadamente mais à vontade com ela do que com qualquer um do meu convívio.
Mas não tinha mais como culpa-lo agora, justamente porque foi eu quem decidi ficar. Eu mesma cavei isso para mim. E tudo que eu queria agora era exatamente aquilo que eu não podia fazer ainda: banhar e trocar minha roupa, queimar esse vestido que eu estou usando, e quem sabe me queimar junto.
Meu pai estava comigo na hora, e foi horrível. Nada na minha vida foi tão horrível como aquilo. Eu tinha que lembrar de cada coisinha, e na minha cabeça nada daquilo eu realmente queria acreditar que aconteceu, mas eu sabia que tinha acontecido. Minha visão não sabia, meu consciente não sabia, mas o meu subconsciente, aquele que ficou parado, sem reação e totalmente sem controle do tempo e do meu redor, ele sim sabia de tudo. Nada tão grave quanto eles estavam acostumados a ouvir todo dia, mas algo muito grave para mim que não sabia nem como dois lábios se tocavam.
A vergonha era nítida em meu rosto enquanto eu respondia o relatório que também fazia parte do exame de corpo de delito. Eu não tinha muitas lesões, e eu sabia que meu estado não era considerado o tal "grave" justamente pelo flagrante e a rápida chegada da polícia e dos salvadores inesperados, mas mesmo assim eu fui submetida, assim como December, à alguns poucos exames físicos.
Tudo que eu queria não era dormir, mas sim me banhar e eliminar todo e qualquer resquício desse dia. A prestação de depoimento e as testemunhas não foi tão demorado quando o estimado — e na verdade só demorou mais por minha causa, na verdade.
Luke e Dave estavam a par de tudo, e tomando a frente de tudo, junto com meu pai. Eu mal falei com December depois daquilo, e tudo que trocamos foram palavras soltas do tipo "você está bem?", e todas as frases foram feitas por ela, porque eu não estava com nem um pingo de vontade de conversar com nenhum ser humano. Já estava quase vomitando só de conversar sobre aquele assunto com a médica, na verdade.
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Abra Os Olhos
SpiritualUma jovem cética, questionadora, e que está ficando cega. Diagnosticada com retinose pigmentar desde criança, Skyller Reed tem uma vida simplória e dramática de uma menina cheia de máscaras que escondem fragilidade e um coração enorme, onde irá entr...