"Se você soubesse aonde está a minha deficiência."
DAVE.
ELA SE SACUDIA NAS MINHAS mãos, e eu tentava entender o que se passava com ela. A luz, mesmo baixa, deixou com que eu pudesse ver seu estado. Ela chorava, tinha o rosto apavorado, e fedia à urina. Eu nunca tinha visto Skyller daquele jeito. Acompanhei o ponto morto que ela olhava e vi que era na direção do meu joelho. Skyller não estava me vendo.
A visão noturna dela devia ser uma merda.
Seus olhos quase saindo da cara, sua pálpebra mais retraída do que seu corpo, sua pupila tão dilatada quando o medo no seu rosto. Eu via o seu corpo contraído como uma sinalização de perigo, e ouvia a sua respiração agitada como uma arma apontada para minha cabeça.
Seu semblante mudou no momento que eu a toquei. Os olhos apavorados, os pelos eriçados e a rigidez de uma pedra. Skyller estava aterrorizada.
Ela quis gritar, mas eu tapei a boca dela antes. Levei ela rapidamente até o banheiro que ficava perto do quarto onde o pai dela instalou eu, meus irmãos e seus amigos, e fechei a porta rapidamente.
Eu não sabia o que fazer. Eu tinha uma garota que não enxergava na minha frente, provavelmente em pânico após quase ter sido estuprada. Eu estava numa casa onde eu não fazia a mínima ideia de quem eram as pessoas que moravam nela, e ficando louco com tudo isso.
Skyller começou a passar de pálida para vermelha, e começou a apertar meu pulso enquanto eu a pressionava na parede do banheiro. Ela abriu a boca, e começou a tentar puxar o ar desesperadamente. Ela estava com falta de ar, e mal conseguia ficar em pé.
Levantei os braços dela, desesperado.
— Skyller, presta... presta atenção em mim.
Ela não deu muita bola, e eu comecei a entrar em pânico também. Que droga.
— Olha, eu preciso que você se concentre na sua respiração.
O único sinal que eu tinha era dela tentando encontrar oxigênio depois de ter se aguentado tanto em pé. Ela não correspondia ao que eu falava.
— Vamos, você consegue, Skyller. Se concentre na sua respiração.
Ela caiu em meus braços, do nada. Ela estava tonta, e eu não fazia ideia do que fazer com ela a não ser tentar ajudá-la a encontrar sua respiração de volta.
Coloquei ela no chão daquele banheiro, enquanto sua única reação era puxar o ar. E isso só piorava o estado dela.
— Skyller. Presta atenção no que eu falo... — ela vacilou a cabeça. — Skyller! — suspendi sua cabeça. — Se concentra na sua respiração.
Ela começou a piscar, como se tentasse fechar os olhos para prestar mais atenção na respiração dela.
— Isso, Skyller. Olhe como seus batimentos cardíacos trabalham. Olhe sua respiração voltando.
Soltei a cabeça dela e apoiei os braços dela na parede.
— Agora eu preciso que você inspire e expire lentamente. Por favor, Skyller, por favor.
Ela tentou inspirar pela primeira vez e então expirou. Isso. Agora sim.
— Muito bem, agora repete isso várias vezes. Você consegue.
Ela fez pela segunda vez, e eu a acompanhei para que desse exemplo. Repetimos várias vezes juntos.
Ela começou a inspirar e a expirar mais lentamente, e depois começou a fazer isso de forma melhor.
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Abra Os Olhos
SpiritualUma jovem cética, questionadora, e que está ficando cega. Diagnosticada com retinose pigmentar desde criança, Skyller Reed tem uma vida simplória e dramática de uma menina cheia de máscaras que escondem fragilidade e um coração enorme, onde irá entr...