Aviso inicial.
Amorzões, este capítulo é bem grandinho, até tentei dividir ele, mas não pude evitar. Vocês vão entender quando chegar ao final, e não, o ritmo da história não vai ser assim, com esses capítulos tão grandes. Relaxem. Boa leitura, e comentem em tudo uaheauhaeuhaeu >3< :P *---* :3 (minhas carinhas fofas para vocês).
†
Você tem sorte de Ele gostar tanto de você.
EM CASA, TUDO QUE eu queria era ficar sozinha. Não sei se era porque eu chorei, ou se era coisa da minha cabeça, mas minha visão parecia ter se reduzido. Muitas pessoas com a mesma doença que eu levam a vida muito bem. Namorado, marido, filhos, emprego, dirigem os seus próprios carros. Tudo parece certo para eles. Mas no meu caso as coisas são muito aceleradas. Visão periférica quase nula, campo central mais da metade perdida. Isso é, se eu tenho quase dezoito anos e já estou assim, então como eu vou poder ter marido, filhos, emprego quando for adulta?É como se eu fosse destinada a não viver, como se tudo isso não valesse para mim. Não que eu me importasse em ter uma família, só é um pouco injusto se for parar para ver. De qualquer forma, eu não sou capaz nem de cuidar de mim mesma, imagina de filhos! Tudo bem, eu finjo que tomo conta de Kaylee, mas todos sabem que o que acontece é o inverso. Céus, eu sou tão dramática.
Vovô entrou no quarto, cantarolando algo soou como "hallelujah".
– Querida, daqui à uma hora temos que buscar os novos exames.
Ele disse e eu apenas cobri minha cabeça com o cobertor, lutando para não olhar para ele. Não queria buscar novos exames hoje não, justamente porque não queria me odiar mais do que já faço.
– Você parece uma tartaruga assim – comentou carismático. – Coberta dos pés a cabeça.
– Vamos, minha tartaruga, vá se arrumar, vá – ele disse e eu tentei não sorrir do meu avô. Ele era tão bom. Fui até o banheiro, me despi e liguei o chuveiro. Fiquei pensando, estranhamente, em Dave Collins, e em o quanto ele era ruim para mim, mas eu não conseguia ver maldade nos seus olhos.
Eu estava me ensaboando quando o sabonete caiu. Ah não. Agachei e tentei acha-lo, mas como de costume, o sabonete já havia partido para a outra dimensão, junto com as outras coisas que eu um dia deixei cair e que nunca mais vi. Apoiei minhas mãos no box e respirei fundo. Tudo bem. Enxaguei o que tinha pra enxaguar e sai do banheiro. Olhei-me no espelho.
O meu espelho já de tão envelhecido, tinha pontinhos pretos ao seu redor, principalmente nas suas laterais. Ele tinha alguns pontos onde já não conseguia refletir mais nada, e numa visão metafórica, o espelho do meu banheiro é como se fosse a minha visão. Exatamente como ela.
Estava eu, meu avô e Kaylee esperando sentados para que eu fosse chamada. Nós já tínhamos buscado os exames e agora estávamos levando para o meu doutor dar uma olhada. Quando chegou minha vez, pedi que Kay ficasse do lado de fora por alguns instantes.
— Sr. Jimmy e Srta. Skyller. Como estão? — o doutor nos saudou, com um sorriso simpático no rosto.
— Estamos muito bem. Obrigada — falei, sorrindo fraco.
Ele pegou os exames da mão do vovô, e passou a analisa-los.
— Parece que o tratamento com suplementos de vitamina A e ácido docosahexaenóico não resultou em nenhuma melhora, porque a perda da visão continua progressivamente acelerada.
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Abra Os Olhos
SpiritualeUma jovem cética, questionadora, e que está ficando cega. Diagnosticada com retinose pigmentar desde criança, Skyller Reed tem uma vida simplória e dramática de uma menina cheia de máscaras que escondem fragilidade e um coração enorme, onde irá entr...