Capítulo 1

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

Dipper

— Dipper, onde estão seus boletins? — Minha mãe grita do primeiro andar.

Bufo, fechando o livro. — Vou procurar. Logo mais levo para você! — Grito em resposta. Ela não diz nada.

Olho em volta. O quarto é grande, mesmo dividindo-o com Mabel. Minha cama está de um lado, e a dela no lado oposto. No meio temos uma escrivaninha, e acima dela, uma janela.

No canto oposto do quarto temos um armário grande, que dividimos, uma estante e a própria porta, que leva para o corredor. Temos pouca coisa, quando comparando com o tamanho do quarto, mas isso é bom. Significa que objetos perdidos não têm muitos lugares para se esconder.

Sei que deixei os boletins numa caixa translúcida, e por isso uma mera olhada pelo ambiente basta para localizá-la. Infelizmente ela está no alto do armário, que é pelo menos meio metro maior que eu.

— Quem deixou essa droga aqui em cima... — Murmuro, me esticando ao máximo e mesmo assim não chegando nem perto de alcançar o teto do móvel.

— Cadê a Mabel nessas horas...

— Chamou, bobão? — Ela aparece de repente, me pegando de surpresa. Eu olho para ela de supetão, e ela cai na gargalhada.

— Hm, devia ter visto sua cara! — Ela tenta se conter. — Eai, o que aconteceu?

— Estou tentando pegar aquela caixa ali em cima — Aponto para o topo do armário. — Mas você sabe, eu não sou o que podemos chamar de pessoa alta.

— Okay, okay. Hmm, vejamos... Bem, e se você me levantar? Acho que assim eu consigo alcançar...

Fiz apoio com as mãos, e lá foi ela se pendurar em mim.

— Ai, perai, está quase lá... — Ela diz com dificuldade, se esticando ao máximo. - Nossa, que caixa pesada, o que tem aqui, ouro?

— Ouro? Não, não. Tem uns papéis nossos do colégio. Eu guardei tudo na caixa semana passada, achando que nunca mais precisaria olhar para eles, mas cá estamos nós.

— Urgh — Mabel reclamou, fazendo todo o esforço do mundo para içar a caixa. Eu também estava ficando cansado de tanto segurá-la. Dezessete anos e já agimos como velhos. Incrível.

— Não sei quem botou nossa caixa aí em cima. Se fosse eu, teria-

Gritamo por instinto conforme nos espatifamos no chão. Eu, ela e a caixa esparramados pelo chão frio. O peso da caixa foi demais para nós dois, e o meu equilíbrio precário não deu conta. A caixa acabou abrindo ao cair, e seu conteúdo tinha se espalhado um pouco.

— Ah droga... — Me aproximei engatinhando.

— Quer ajuda? O que estamos procurando?

— Meus boletins.

Ela se senta ao meu lado, e juntos passamos os olhos por toda a papelada. Estou pondo um trabalho de lado quando percebo que uma touca jaz caída no chão, próxima de nós. Como ela está toda poeirenta e não estava ali antes, deduzo que caiu junto com a caixa e.... bem, nós dois.

Chuva de Verão ✿ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora