Capítulo 6

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

• Dipper

Eu estava assistindo Patotive quando Mabel chegou. Ela e Pacífica ainda ficaram conversando um tempinho antes de se despedirem com um beijo.

Eu sabia que era um encontro! Todas aquelas temporadas de Patotive serviram para alguma coisa, afinal.

Apesar de ainda ser cedo para dormir, Mabel parecia exausta, e foi direto para a cama. Eu não queria ir dormir tão cedo quanto ela, mas a casa estava tão silenciosa, e o episódio tão entediante, que eu decidi me juntar a ela.

Quando subi para o quarto, Mabel já roncava, e fazia isso com dedicação. Deitei-me em minha própria cama.

Cerrei os olhos, mas esse ronco incomodava demais. Pelo visto, vai ser uma noite difícil com todo o baru…-

Abri os olhos. Pela janela, os raios de sol da manhã invadiam o quarto e acariciavam nossos rostos com suas mãos mornas e metafóricas. Caramba, não é possível que eu já tenha dormido e acordado. Me lembro de reclamar do ronco da Mabel há um momento atrás. Será que estou em um sonho?

Uma Mabel 4 anos mais nova se espreguiçava na cama ao lado. — Bom dia Dipper. Bom dia Waddles.

— Waddles? — Eu olhei para o chão ao lado de sua cama. A cama do Ginga não estava lá.

A princípio não dei muita importância, mas algo em minha mente me alertava de que havia alguma coisa errada.
Quando desci para a cozinha, era o tivô Stanford quem fazia o café da manhã.

-—Tivô Stan! Você voltou do Brasil! — Eu corri para lhe dar um abraço.

— Ei, ei, pirralho. Bom dia pra você também. O que deu em você pra ficar me abraçando, hein? Parece até que não vê esse velho todo santo dia.

Olhei sério para ele. — Haha. Humor e piadas.

Sentei-me para comer, e ele me serviu de bacon com ovos.

— Dipper... — Stan começou. — eu queria falar com você sobre uma coisa, faz tempo, já.

Olhei para ele, curioso. Nunca tinha ouvido o tivô Stan soar tão inseguro. — Pode falar, tivô. Não precisa ter medo. Você gosta da Lazy Suzan, não é? Eu já sabia.

— Eu... O quê? Não! Não é isso. Eu acho que você deveria libertar o Bill. — Sua voz distorceu no final da frase, como um disco arranhado.

Um pedaço de bacon caiu da minha boca. Olhei de novo pra ele, mas não havia mais incerteza, só uma expressão neutra. Stan parecia um boneco de cera.

— B-bill? E onde ele está? — Forcei a pergunta através dos meus lábios enrijecidos.

Devagar, Stan levantou um braço, e com o indicador, cutucou a própria cabeça. Cutucava, cutucava, e cada vez mais, a casa derretia. Esse mundo de manteiga se dissolveu, e eu cai no limbo.

O cenário mudou.

Eu estava na floresta de Gravity Falls. Era noite, e minha boca emanava vapor quando eu respirava. Frio, muito frio. Meu pijama não dava conta de me aquecer.

Ouvi passos por perto, e por instinto me escondi em uma moita. Espiei por entre as folhas, e tomei um susto.
Eu estava vendo outra versão de mim mesmo, Dipper Pines, com uma pá na mão. Não tinha 14 anos, e sim minha idade atual. 18 anos. Felizmente, meu clone não olhava para mim. Olhava para a estátua petrificada de Bill Cipher, e ele parecia relutante.

Levantou a ferramenta no ar. Só então me dei conta do que ele estava prestes a fazer. Quebrar a estátua.

-—NÃO! — Eu saltei da moita, mas a pá atingiu a superfície de pedra antes que eu pudesse impedir. A estátua de Bill rachou.

Luzes douradas me cegaram, e o cenário mudou.

Ainda era noite, mas dessa vez eu estava em um parque de diversões, repleto de barracas e brinquedos. Pessoas andavam de um lado pro outro, conversando e aproveitando as atrações.

Eu estava em um canto escuro observando a mim mesmo conversar com Wendy! Ela estava de volta, e tinha mudado bastante. Estávamos do mesmo tamanho, praticamente, e ela ria de algo que eu dizia. Estávamos em frente a uma tenda de acertar o alvo. Eu parecia tão feliz...

Grenda passou por mim como um touro e me derrubou no chão. Olha por onde anda!, eu quis gritar, mas não consegui emitir som algum.

Em um piscar de olhos, eu já não estava mais no canto escuro do parque, mas sim em outro lugar do mesmo. Localizei o outro Dipper com o olhar e comecei a segui-lo. Ele já não estava mais com Wendy, mas sim com outra pessoa. Eu não conseguia ver quem era essa pessoa, entretanto. Ela era meramente um borrão, que não me permitia enxergar nada mais que sua silhueta.
Corri e cheguei mais perto da dupla. Quem sabe se eu me aproximasse veria melhor quem era...?

Mas não adiantou. O indivíduo ainda estava tão borrado quanto antes. Parecia uma foto extremamente fora de foco.

Quando toquei no ombro do meu clone, simplesmente o atravessei.

Era só um sonho. Era só um sonho. Eu precisava me lembrar disso. E eu precisava acordar.

[…]

— Dipper — Mabel me chamava em um mundo distante. — Dipper, acorda!

Minha vista turva fazia parecer que Mabel estava muito longe. Na verdade, parecia que eu estava muito longe do meu corpo. Não sentia conexão com meus membros, ou rosto.

— Dipper, os tivôs voltaram! — A frase me estilingou bruscamente para a realidade. De repente, eu podia sentir meu corpo novamente, e ele doía.

— Aiiii — Reclamei. — Dormi de mal jeito.

— Até que enfim, bobão. Achei que não ia acordar nunca.

— Isso seria horrível.

— Seria mesmo, mas voltando ao assunto, os tivôs voltaram! Vem descer pra dar um oi, Dips.

Me lembrei do meu sonho, onde eu via o tivô Stan de 4 anos atrás me dizendo para libertar o Bill. Não podia ser só coincidência.

✿✿✿

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Chuva de Verão ✿ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora