24 • Cruzeiro

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

•Grenda

— Vem tomar sol, Candy. O sol está magnânimo aqui fora.

— É magnífico, querida — O Marius, meu namorado, me interrompeu.

— Não me corrige.

— Já vou, já vou! — De algum lugar dentro da cabine, Candy gritava.

Marius teve a ideia de fazermos um cruzeiro com tudo pago. Ai, é chique demais, mas tô até acostumada. Namorar com um barão me dá a oportunidade de ir a lugares exóticos.

Me virei na cadeira. Queria ficar bem bronzeada, para esnobar as garotas da faculdade no instagram.

— Meu benzinho, sabe por que te convidei para este cruzeiro? — Marius puxou assunto. Ele também tá tomando sol comigo, mas o bronze pega muito mais rápido no filho da mãe.

— Por quê, mozi? — Eu me virei para ele. Ele se inclinou para o lado. Abriu uma gaveta na escrivaninha, e ia tirando uma uma caixinha quando…

— Eai, gente! — Candy apareceu do nada.

Tadinha, a bichinha é tão branca que de biquini o Marius deve ter confundido com um fantasma. Ele pulou de susto e a caixinha saiu voando, para além da mureta.

— Caramba, nem gosto tanto de sol, mas isso aqui tá ótimo! — Candy se deitou no lugar onde ele estava.

Isso porque o trouxa se levantou pra ver o que tinha deixado cair no mar. Bobeou, perdeu o lugar.

— Mozi, o que você ia me dizer? — Perguntei para ele. Ele olhava preocupado para a água lá embaixo.

— Er… ahn, deixa para lá. — E foi para o quarto.

Eu hein, surtado.

— Ei, Gren. — Candy fez sinal para eu chegar perto.

— Que foi, mulher? Não tá vendo que eu tô querendo pegar um bronze?! — Mas me aproximei do mesmo jeito.

— Eu acho que o Marius ia te pedir em noivado!

Me afastei, chocada. — Tá doida? De onde você tirou uma coisa dessa?

Ela cobriu a boca para não rir alto. — Você não viu? Ele tava segurando uma caixinha, tipo aquelas que tem anel dentro.

— Amiga, não tem cabimento um negócio desse. Tenho dezenove ainda, tô na flor da idade. Não quero já me comprometer assim tão cedo.

— Grenda, por favor, né. Vocês namoram a cinco anos.

— Problema? E que continue assim. Além do mais, se ia propor mesmo, agora não vai mais, porque a caixinha caiu na água.

Nós duas rimos com gosto.

✿✿✿

Ai, meu corpo tava todo rígido, mas pelo menos eu peguei um bronze espetaculoso. Espetacular? Espetacular.

— Ih, gente. Que demora é essa pra servir uma comida, minha senhora? Nunca viu arroz na vida não? Bora acelerar o passo ai gente! — Vê se pode, self service não é pra ficar fazendo uni-duni-tê na comida não.

A desculhambada na minha frente me olhou com nojinho. — Ai, que garota sem classe. Jovenzinha, você por acaso sabe quem eu sou? Eu sou uma Pines!

— E dai, meu anjo? Pra mim tanto faz quanto fez. Nunca ouvi falar desses Pines na minha vida… — Ou já ouvi? — …e se tivesse, não faria diferença. Agora acelera ai que eu quero comer.

Chuva de Verão ✿ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora