Chuva de Verão ✿ Billdip

21 • Interrogatório

Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

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•Dipper

— Estão prontos? — Mabel nos apressou, já sentada no banco do motorista.

No dia anterior, ela nos chamou para ter um encontro duplo no Greasy's Diner. Disse que Pacífica tinha nos convidado, e era por conta dela.
Em qualquer outra situação, eu teria ficado super empolgado para ir. Bill e eu quase não saíamos como um casal. Essa seria uma ótima oportunidade para estreitarmos mais nossa relação.
Além do mais, era uma ótima oportunidade para interagirmos juntos. Mabel parece ter receio dele.

O problema é que, desde que ela recebeu aquela ligação e veio nos chamar para o date duplo, ela tem agido estranho.
Ela está sempre feliz e saltitante, mas desde ontem, ela está quieta. Sinto que esse passeio não será tão bom quanto eu imagino.

— Vamos, Bill! — Eu o chamei do lado de fora de seu quartinho.

— Já vou, já vou! Só estou botando os sapatos! — Ele protestou de lá de dentro.

Mabel bufou e buzinou. Bill então irrompeu do quarto todo estabanado. Saiu correndo e eu o segui atrás.

— Seus cadarços estã-

— Eu tô ligado. Amarro dentro do carro.

Mabel está tão agressiva que até Bill, que é sonso, percebeu.
Nos acomodamos os três e fomos para a cidade. Segundo minha irmã, Pacífica já está nos esperando lá. Não sei porque decidiram fazer isso tão cedo. Ainda é domingo, e meu namorado não precisa trabalhar.

Hehe, meu namorado. Legal.

— Então… — Mabel olhou pelo retrovisor, encarando Bill. — Will Ciber, né. Nome incomum.

Tadinho, ele parecia um animal acuado. Eu queria muito dizer para ela parar com a implicância, mas seria muito suspeito, e ela já está desconfiada.

Foram minutos sufocantes até a lanchonete, mas sobrevivemos.

Pacífica guardava lugar para a gente, já que nos fins de semana o Greasy’s lota. São momentos como esse que me fazem perceber que a cidade cresceu, mudou.

Mabel se sentou de frente para nós, o que eu achei horrível, já que ela nos encarava como se fosse nossa mãe, e tivéssemos quebrado um vaso.

Mas a essa altura eu já sei do que ambas vão falar. E sei que não quebrei um vaso, mas a sua confiança.

— Mabel, você quer começar? — Pacífica perguntou.

Ela negou com a cabeça, sem tirar os olhos de mim. Oof, clima pesado hein?

— Muito bem. Eu falo, então — Ela olhou para nós. — Anteontem ela me pediu para verificar nos arquivos das maternidades da cidade sobre os arquivos de um tal Will Ciber. Só tive tempo de fazer isso ontem.

Merda, merda, merda.

— Esse ocorre de ser seu nome, não é? — Ela perguntou ao Bill, cínica.

Ele engoliu em seco, concordando. Tremia mais que uma velhota com frio, e acho que eu também.

— Pode me explicar porque é que seu nome não consta em lugar nenhum?

Eu intervim. — Porque seu parto aconteceu em casa! Ele me contou que a mãe dele quis mantê-lo escondido do mundo.

Mabel me fuzilou com o olhar. — O passado é dele, então ele responde. Não se mete, Dips.

Pacífica soltou o ar. Parecia cansada. — Mesmo assim, pela lei ele deveria ter sido regis-

— Já sabem o que vão pedir? — Uma garçonete apareceu do nada. Estávamos tão envolvidos na discussão que nem percebemos sua proximidade.

— Por enquanto nada — Mabel respondeu, grossa.

— Se não vão consumir, peço para que se retirem do estabelecimento. Há pessoas querendo sentar — A mulher retrucou no mesmo tom.

Minha irmã estava ficando vermelha, e eu não sabia dizer se era raiva ou vergonha.

— Uma jarra de suco para nós quatro, por favor. Mais tarde a gente pede algo pra acompanhar — Pacífica se apressou em dizer. Ela também conhece a Mabel muito bem.

A garçonete assentiu e foi embora.

— Olha, eu vou ser direta — A Northwest continuou. — Por que vocês não contam logo o que está acontecendo? Não somos mais crianças. Dá pra ver que essa história está mal contada.

Mabel estava com os olhos marejados. — Eu achei que confiasse em mim, Dipper. Se lembra da conversa que tivemos aquele outro dia? Combinamos que não iríamos mais manter segredos um do outro, e olha você, mantendo um esse tempo todo! — Ela disse de repente.

Eu mordi a língua. Eu não sabia o que dizer. A culpa e o medo me paralisavam. Não podia revelar a verdade
O que elas diriam? O que Pacífica faria? Ela tem cargo público, poderia expulsar Bill da cidade para a segurança da população?
Em meio à tanta aflição, Bill pegou na minha mão por baixo da mesa.

Isso desencadeou algo em minha mente.

Bill Cipher, dentre 7 bilhões de pessoas no mundo, escolheu logo a mim para lhe dar as mãos e guiá-lo nessa jornada que é a vida humana. Dentre tanta gente, ele decidiu confiar em mim.

Eu estava com medo de arriscar perder tudo, mas quem é que será capaz de me tirar do garoto que eu amo? Bill é o que realmente importa, e eu estava abrindo meus olhos. Não devia ter me fechado tanto para o desconhecido quando tive a chance de viver intensamente.

Agarro firme a mão dele. Ela me transmite calor e confiança.

— Mabel, Pacífica. Vocês estão certas. O nome dele não é Will Ciber, mas sim Bill Cipher.

Eu quis falar mais, mas sabia que tinha que dar um tempo para elas raciocinarem.

— Co-como? Está brincando com a nossa cara? — Mabel se sobressaltou, nervosa. Algumas pessoas em volta olharam para nossa mesa, mas logo desviaram.

Surpreendentemente, foi Bill quem se pronunciou. Nós três olhamos para ele surpresos.

— Ei, calma Shooting Star. É tudo verdade. Antes de morrer, eu invoquei o Axolotl e pedi por uma segunda chance. Esse corpo novo é a minha reencarnação.

Eu estava boquiaberto. Então era mesmo o Axolotl quem reviveu o Bill! Será que a fenda no espaço-tempo da qual os tivôs estavam falando outro dia tinha sido criada por ele?

— Eu juro que estou diferente! Só peço que confiem em mim. Eu quero tentar uma vida nova.

Mabel saiu em disparada da lanchonete.

— NÃO! — Eu gritei, correndo atrás dela. — Você tem que confiar em mim. Mabel!

Ela olhou para mim furiosa, de dentro do carro. — Confiar para quê? Para você me enganar de novo? — E saiu acelerada, antes que eu pudesse impedi-la.

Qual a necessidade de sair correndo? Ela deixou até mesmo a Pacífica aqui. Será que acha que pode correr dos problemas desse jeito?

Uma mão repousou em meu ombro.

— Dipper — Pacífica chamou. — Você já provou o seu valor muitas vezes antes. Você é bem desconfiado, então não acho que deixaria o Bill à solta se não acreditasse na redenção dele. Eu… eu confio em você.

— Pacífica…

Ela foi em direção ao próprio carro. — Não temos muito tempo. Mabel foi contar para seus tio-avôs. Venham! Se corrermos dá para alcançá-la!

Deuses, isso é terrível! Se ela contar para os tivôs, eles vão querer matar o Bill, ou coisa pior.

— Acelera, Peace!

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Galera, Ink Ink está completamente revisada! Em partes foi isso que atrasou a publicacação desse capítulo aqui. Creio eu que faltam somente um ou dois capítulos para concluirmos Reinício! ^^