8 • Pato

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

Dipper

Mal cheguei e já pude sentir um cheiro bom de comida, o que me instigou a ir direto para a cozinha.

- Oi Dipper! Sentiu o delicioso cheiro do pato assado que eu fiz? - Mabel perguntou, segurando o riso.

- Então você não estava brincando quando disse que ia fazer o pato assado da vovó?

- Tá, eu admito - Ela riu. - O Soos quem fez. Eu só ajudei com coisas simples, mas pela cara tá uma delícia. Fizemos com muito amor e carinho para os tivôs!

- E você nem pergunta onde eu tava... que irmã ruim você é! - Eu blefei, só pra zoar com ela.

- Dipper! Você não vê que não tenho tempo para os seus dramas de adolescente? Sou uma mulher ocupada. - Ela fez sua melhor voz de CEO. Nós dois rimos.

Bem nessa hora a campainha tocou.

- EU ATENDO! - Ela gritou e saiu correndo. Dei de ombros, e me dirigi à cozinha.

O lugar todo estava muito bem decorado. Uma linda toalha havia sido posta sobre a mesa, e travessas e mais travessas de comida preenchiam o espaço. Batatas assadas, molhos, arroz, grãos e sucos davam ao recinto um ar de banquete real. A travessa com o pato assado, bem no centro de tudo, chamava a atenção para si, com sua cor dourada e fumegante. Parecia ótimo.

Soos e Melody já estavam sentados, tão maravilhados quanto eu.

- Eu estava esperando que você entrasse correndo, que nem hoje de manhã - Melody brincou.

- Hehe, desculpa por aquilo - Eu comentei meio sem jeito, me sentando também. Acho que eu estava tão acostumado com as refeições meia boca da antiga cabana do mistério que só agora me dei conta de que, graças ao Soos e à Melody, esse é um novo lar.

Mabel e os tivôs chegaram fazendo barulho e dando oi até pro vento. Nós três que estávamos sentados levantamos rápido e fomos cumprimentá-los muito felizes.

- Tio-vô Stanford! Você não mudou nada! - Disse para ele, o que era verdade. - Você também não, tio-vô Stanley. Quer dizer, tirando aquela barriga que você tinha...

- Não posso dizer o mesmo, Dipper - Stanford me abraçou. - Como você cresceu! Já está do meu tamanho, veja só. Da última vez que te vi você devia ter metade da minha altura, só.

Eu ri e concordei. É verdade, o meu estirão é a coisa de que mais me orgulho. Todo mundo me zoava por eu ser um dos mais baixos da turma. Depois da temível puberdade eu me torneinum dos mais altos. Chupa, seus otários do colégio!

Depois que todo mundo finalmente falou com todo mundo, nos sentamos todos a mesa ávidos por cair de boca naquela refeição.

✿✿✿

Eu comi tanto que fiquei de buxin chei, e dormi que nem um anjo.

Só que não.

- Hey, Pinetree. - Alguém me chamou na escuridão.

- Humm... - Apenas soltei um resmungo típico de quem quer mais 5 minutos de sono.

Insistiram. - Pinetree, acorde. - Dessa vez um pouco mais alto.

Com uma preguiça vinda da alma, abri os olhos lentamente. Enquanto meus olhos se ajustavam na escuridão, senti um hálito quente no meu pescoço.

- Uh... Bill? - Eu inquiri, torcendo para que não fosse.

- Heheh, acertou - Senti o hálito sumir, o que indicava que ele havia afastado seu rosto do meu. Espera ai, por que EU não fiz isso antes?

- O que você quer? - Eu vociferei no escuro, sentindo que tinha soado muito menos intimidador do que eu imaginava.

Ele deu uma risada contida. Senti a cama embaixo de mim desaparecer, e meu corpo cair para o vazio.

De novo não...

No momento seguinte, eu estava na floresta. Era noite, e um Dipper vinha caminhando com uma pá na mão, e eu já sabia o que ele iria fazer. Destruir a estátua e libertar Bill.
Antes que ele pudesse se aproximar dela, eu me pus no caminho, de braços abertos.

O outro Dipper parou e me observou por uns segundos.

- Você quer fazer isso. No fundo, você sabe que quer - Ele sentenciou. Disse com tanta certeza que quase acreditei. Quase.

- Você está enganado. Você não sabe o que eu quero e muito menos o que você quer! Por acaso se esqueceu das maldades que Bill fez pra gente no passado? - Eu não sabia transmitir confiança na voz. Acho que porque não acreditava em minhas próprias palavras.

O outro Dipper sorriu. - Dipper, olha para você. Está discutindo com um produto da sua cabeça. Se você sabe que está sonhando, por que continua se justificando?

E aí estava. A pergunta para a qual eu não tinha resposta. No momento seguinte, eu era o outro Dipper,e empunhava a pá com firmeza. A estátua de Bill se erguia à minha frente, mas desta vez em sua forma humana, e não a triangular.

Apenas a aparência de um jovem que acabou de entrar na fase adulta. Um corpo não muito magro, e em forma. Um olhar neutro e uma pose relaxada. Parecia o tipo de garoto de quem todo mundo quer ser amigo. Pensando assim, ficava até difícil golpeá-lo.

De repente, uma Mabel de 13 anos com cabeça de gato saltou de uma moita próxima e miou.

- Dipper - Ela disse. - Dipper - Ela continuou.

- Hmm, que estranho.

- Dipper - Ela me ignorou.

Abri os olhos, finalmente acordando. Eu estava de pé no meio do quarto, e a julgar pelos raios de sol que banhavam o recinto, já era de manhã.
Mabel me olhava preocupada de sua cama.

- Dipper? - Ela chamou.

- Mano, não aguento mais esses sonhos bizarros.

✿✿✿

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Chuva de Verão ✿ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora