22 • Agindo Pela Emoção

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Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

•Mabel

Depois de todos esses anos. Depois de tudo o que passamos juntos. O pior: depois de todo o perigo que aquele demônio já nos fez passar. Eu não consigo acreditar no quão tapado meu irmão é.

Sempre fui considerada a irmã boba. Todos olhavam para o Dipper como ele quem fosse o mais intelectual. Bem, e dai? Não sei se é porque ele é homem, ou se porque é presunçoso, mas depois vez vai ser diferente.

Na sua bolha egoísta, ele não consegue ver que botou dentro de casa um destruidor. Vê se pode?! Bill queria destruir sistemas solares inteiros, e agora mudou da noite para o dia?
Não sei porque ele parece um ser humano, mas aposto que está tirando vantagem disso para manipular todos nós. Bem, não a mim.

Eu consigo ouvir o carro da Pacífica acelerando à distância. Ficando cada vez mais próximo. Bem, a sorte é que, graças a ter marcado esse encontro cedo, ninguém além de mim sabe onde os tivôs estão. Quero dizer, Soos e Melody sabem, mas Dipper vai perder muito tempo indo até lá para descobrir.

Desaceleri o carro e saí da estrada. De ré, escondi o carro em meio ao mato e desliguei tudo para não fazer barulho.
Poucos segundos depois, o carro da Peace passou por mim em alta velocidade. Como planejado, nem me viram aqui parada.

Liguei o carro e fui na direção contrária. Enquanto eles iam na direção da cabana, eu vou para a floresta de Gravity Falls.

Tá certo que pela cabana é mais perto, mas eles terão que ir à pé para chegar onde os tivôs estão. O caminho que estou indo é mais longo, mas dá pra ir de carro, então vou chegar primeiro, de qualquer forma.

Quem é irmã boba agora?

Meu plano foi muito bem bolado. Ontem os tivôs me contaram que há atividade paranormal no céu de novo, bem no lugar que teve aquele outro dia. Foram hoje cedo, enquanto nós estávamos no Greasy’s. Assim, ninguém mais sabia além de mim e dos que ficaram na cabana.

Quando o asfalto virou terra batida, eu sabia que estava chegando. Stanley e Stanford foram até o local examinar, e levaram armas para caso encontrassem perigo. Bem, o perigo é Bill.

— TIVÔS! — Eu desci correndo do carro. Stanford colhia amostras do solo e Stanley olhava para o céu quando cheguei.

— Mabel! Que boa surpresa. Como foi o passeio?

— Sobre isso que eu quero dizer. Sabem o Will, que está morando com a gente? Eu e Pacífica descobrimos que ele é na verdade o próprio Bill!

Acho que eu esperava muitos tipos de reação. Que eles gritassem, surpresos, ou que rissem de mim.

Mas o tivô Stanford entregou uma nota de vinte pro Stanley. — Caramba, você tava certo.

— Oi?? Quê? Vocês não entenderam? Eu disse que o Will é na verdade o Bill Cipher disfarçado!

— Sim, Mabel. Entendemos bem. Desde o dia em que houve esse evento celeste nós desconfiamos do que poderia ser. Justo no dia seguinte encontramos Will próximo da região. Não é muita coincidência?

Eu quem estava surpresa. — Sabiam que era ele, e mesmo assim deixaram ele dormir dentro de casa? Enlouqueceram?

Stanley explicou. — Bem, admito que foi arriscado, mas entenda: no começo, não sabíamos quem era aquele garoto, nem se era bom ou mal. De todo modo, ele parecia inofensivo e humano demais para representar qualquer ameaça real. Então mantivemos ele bem próximo, para ficar de olho.

Stanford completou:
— Fizemos como diz aquele ditado, mantenha seus amigos por perto, e seus inimigos mais perto ainda.

— Sim. Com o tempo encontramos evidências que indicavam que era Bill Cipher. Sua voz parecida, suas pupilas que parecem mel, mas no escuro adquirem um brilhozinho amarelo. Além de que o nome é tão igual que chega a ser uma piada.

Eu ainda estava indignada que deixaram que logo ele ficasse tão perto da gente. O que aconteceu para todo mundo do nada confiar nele?

— Mas isso tudo ainda não era evidência suficiente, até que eu me lembrei de uma profecia que escutei certa vez de um ser lendário. — Stanford mexeu no celular por um momento e me entregou. Estava aberto no aplicativo de bloco de notas, e era a profecia que Dipper e eu ouvimos certa vez quando encontramos o Axolotl.

— Viu só? Tudo faz sentido né? A profecia fala sobre uma segunda chance para Bill. Uma redenção.

E daí? — Eu não ia desistir de tentar. A nossa segurança valia mais. — Isso não prova nada. São só palavras. O que podem fazer para impedir que ele faça alguma maldade de novo?

Um trovão ribombou.

— Ih, vai chover. — Stanley comentou.

— Cuidado com o que fala, Mabel. — Stanford me advertiu. — Blasfemar contra um ser tão poderoso não é recomendado. Além do mais, você mesma está vendo o progresso do Will. Er, quero dizer, Bill.

— Como assim?

— Ah, você sabe. Ele agora está trabalhando na loja. Está se esforçando para aprender os costumes humanos. Até namorando está! Não acha que, se quisesse ou pudesse, já não tinha nos destruído há muito tempo? Além do mais, se você ainda não acredita em mim, pode acreditar na magia. Se lembra da barreira antidemoníaca que fizemos anos atrás? Ela ainda funciona, e mesmo assim não impediu o novo Bill.

Eu mordi o lábio. Droga, seus argumentos faziam muito sentido. Mesmo assim, simplesmente não dava para arriscar. Eu ia provar que não estava errada!

Ouvi gritos e passos à distância. Dipper tinha finalmente me alcançado.

— Tivô, acontece que… está engando. Bill não mudou. Na verdade, hoje mais cedo quando descobrimos sua verdadeira identidade, ele surtou e possuiu Dipper e Pacífica.

— Os dois ao mesmo tempo? Meu deus! Será que avaliamos mal a situação? — Stanford olhou preocupado para o irmão.

Eu odiava ter que mentir, mas eles estavam mordendo a isca, e era por um bem maior.

— Sim, os dois ao mesmo tempo, e ainda estava se mexendo no próprio corpo. Não parece, tivô, mas ele ainda tem seus poderes. Por sorte eu consegui fugir, e vim direto para cá. Mas ele sabe onde estou, e está chegando!

Agora os tivôs ouviam o farfalhar das folhas. Rapidamente sacaram suas armas e se posicionaram na minha frente, como que me protegendo.

Dentre as árvores, Dipper foi o primeiro a chegar. — Mabel! Tivôs! — Atrás dele vinham o Bill e a Pacífica.

— Para trás os três, ou atiro nele! — O tivô Stanford afirmou sério, mirando no Bill.

— S-Stanford? Olha, eu não sei o que a Mabel te contou, mas não é verdade! — Meu irmão falou. — Vocês vieram aqui por causa da fenda no espaço-tempo, não é? Vocês sabem do Axolotl?

De novo, os tivôs se entreolharam. Eles estavam hesitando, dava para ver. Trocavam palavras silenciosas.

— Dipper, nós queremos muito acreditar em você. Acha que queremos estar aqui apontando nossas armas para vocês? Mas Mabel nos contou algo, e não sabemos se podemos confiar em vocês?

— O quê? Isso é ridículo! Ela não sabe o que tá falando. Seja lá o que tenha dito para vocês, ela não tem como provar. Eu, pelo contrário, tenho. Posso falar para vocês, se quiserem.

Mas eu já sabia onde essa história ia nos levar. Dipper ela falar as mesmas coisas que o Stanford me disse mais cedo. Eles se convenceriam e então todo mundo iria feliz para casa. Até Bill nos matar mesmo.

Eu empurrei os dois para o lado. — Se vocês não são capazes de proteger sua própria família — Tomei a arma da mão de um, já que estavam surpresos demais para reagir. — Então eu protejo.

E atirei. Minha mira não era ótima, mas daquela distância, não tinha como errar.

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Chuva de Verão ✿ BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora