Chuva de Verão ✿ Billdip

Capítulo 4

Lembre-se: a realidade é uma ilusão, e o universo, um holograma.

✿✿✿

•Mabel

Olhei a barra de notificações do celular. Somente uma mensagem da Pacífica ocupava o painel. Tudo pronto para mais tarde?, era o texto. Respondei pelo próprio painel, Sim! Não vejo a hora.

— Credo, nunca te vi tanto no celular — Dipper falou.

Por instinto, bloqueei a tela e comi mais um pedaço do ovo frito. Me arrependi na mesma hora. Eu devia ter continuado a mexer no celular, só para contrariar esse encherido.

— Como se o papo estivesse super interessante nessa mesa...

Ele arqueou as sobrancelhas. — Mas é claro que está. Estou falando do pesadelo que tive hoje. Se você não estivesse conectada, estaria prestando atenção no que estou dizendo.

— Hmm, e por que eu ia querer saber dos seus pesadelos? Aposto que foi o mais idiota possível. Algo sobre palhaços, uma animação com só duas temporadas, etc. Estou apavorada.

— Você não ouviu nada, mesmo. Mabel, eu sonhei com o Bill! — Ele exclamou, como se fosse grande coisa.

— E...? Acabamos de voltar para Gravity Falls. Há tanta coisa legal com que sonhar, e você sonha logo com o Bill?

— Mas ai é que tá! Você não acha estranho que logo agora que a gente voltou, eu tenho um pesadelo envolvendo o Bill?

— Não acho não. Dipper, o Bill está morto. Você só deve estar paranoico por causa das lembranças que a gente tem daqui.

Ele não respondeu. Se deu por vencido, mas dava pra ver que ele ainda não estava satisfeito. Na verdade, parecia que vinha pensando nisso mais do que deveria. Seu prato estava intocado.

Bufei. Às vezes eu só queria que meu irmão fosse um pouco menos exagerado.

— Não vai comer? — Puxei assunto.

— Não tô com fome. Tô com um mal pressentimento que tá me tirando o apetite.

Pensei por um momento. — Já sei! Que tal se a gente for no Greasy's Diner? A caminhada vai te ajudar a espairecer, e lá você pode tomar um café da manhã diferente.

— Greasy's Diner? Aquela lanchonete em formato de tora da Lazy Susan? É uma boa ideia. — Dipper concordou. Me senti feliz de poder ajudar. Essa tinha sido mesmo uma boa ideia.

[…]

• Dipper

— Sei lá Dipper, eu só acho meio estranho que agora ele seja um ser humano, pelo menos na aparência. Se Bill estiver mesmo vivo, e eu espero que não, não há explicação alguma pra aparência dele. Pelo menos não que a gente saiba.

— Eu achei isso super estranho, mas na verdade não só isso. No sonho, ele parecia tão confuso, sabe? Me perguntou em que ano estávamos, e parecia surpreso em ver que eu havia crescido. Acho que, pela primeira vez em muito tempo, ele não tem controle da situação.

— Como ele era? — Ela perguntou, de repente. — Eu digo tipo, a aparência dele.

— Ah, não era muito diferente de como ele era antes. Estava mais para uma versão humana dele mesmo, literalmente. Ainda tinha cartola e bengala, por exemplo. Vestia meio que um smoking amarelo, e uns detalhes dourados em forma de tijolos na barra da roupa. — Forcei minha mente para tentar me lembrar de mais alguma coisa, mas nada vinha à memória.