Capítulo 3

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Ally abre a porta rapidamente quando percebe que eu cheguei. Quando eu entro eu vejo Pedro deitado no sofá com muito sangue na cabeça. Eu realmente estou sem reação. Ally está chorando muito, e isso quebra o meu coração. Eu tenho que fazer alguma coisa, eu não posso ficar parada, eu tenho que levá-lo para o hospital.

Eu e Ally levamos Pedro carregado até o carro, e o colocamos no banco de trás com Ally. Amarramos uma casaco no local do sangramento, foi a primeira coisa que eu vi, então vai isso mesmo. Minha mãe ligou o carro, e eu fui para o banco da frente. Saímos em direção ao hospital mais perto.

*********

Já faz uma hora que eu estou aqui com Ally. Minha mãe já foi, mas ela não queria ir, eu que insisti usando o argumento que eu quero dormir aqui ao lado da minha amiga e do meu amigo que caiu da escada, e que ela tinha que ir em uma reunião de trabalho amanhã, e que eu ia a aula com a Ally, se estivéssemos com os nossos uniformes. Minha mãe depois de muito esforço cedeu, e se ofereceu a ir buscar as nossas roupas. Merda! Eu não queria ir para o colégio, só falei aquilo para sei lá, ela deixar eu ficar e ir embora. Pensando bem não é uma má ideia ir a aula...

*********

Minha mãe voltou depois de uma hora com roupas para mim e para Ally, e com os nossos uniformes. 

Passamos a noite conversando e esperando por mais notícias. Até agora sabíamos que ele permanecia desacordado, mas fora de perigo. 

Eu estou morrendo de sono, e nós temos uma cadeira dura para "dormir". Eu fecho os meus olhos fazendo esforço para dormir, já Ally estava sentada olhando fixamente para o irmão. Ela parecia que estava voando, seus pensamentos estavam longes, e é como se ela não estivesse presente.

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Entram duas enfermeiras fazendo barulho o suficiente para me acordar. Olho o meu celular e já são 6:10. Não sei se acordo a Ally ou não, ela está cansada, e dificilmente ela vai querer ir para a aula. Vou em direção ao banheiro que as enfermeiras falaram que tem um chuveiro. Tomo o meu banho super rápido, pois eu não queria atrapalhar os doentes que queriam usar o banheiro. 

Em menos de dez minutos eu estava pronta. Escrevi uma carta para Ally saber que eu fui para a aula.

Oii Ally, bom dia :) Fiquei com pena de te acordar, você estava dormindo tão tranquilamente e você passou tanto tempo com o seu irmão que eu não quis te fazer levantar. Até porque se tiver algo importante na aula eu te passo, não se preocupe :) Tchau Ally, te amo <3 

-Camz

Desço para a cafeteria do hospital e como um misto com suco de laranja. Mesmo sem material eu vou para a aula, e andando, e o colégio não é nem um pouco perto daqui. 

Demorei uns quinze minutos ou mais para chegar. O professor Márcio ficou enchendo o meu saco porque eu não trouxe a zorra do material. 

"Mas professor, eu estava no hospital com o Pedro e a Ally!" Ele praticamente ignorou o que eu disse, e falou que a próxima vez que isso acontecesse eu não ia assistir a aula dele. Que cara idiota, como eu odeio esse professor!

Fui para o fundo da sala e sentei na minha cadeira. Estava com tanta raiva que praticamente não prestei atenção na aula, fiquei pensando em Ally e em Pedro em grande parte da aula, e no restante fiquei imaginando maneiras de matar esse professor. Além disso ele ficou insinuando que eu dormi no hospital porque eu quis, e que eu estava errada por ficar ao lado dos meus amigos, em que um deles estava com a cabeça jorrando sangue.

Esse professor sempre foi ridículo comigo. Não só comigo, com todo mundo que fizesse algo que ele se sinta incomodado. Uma vez ele me tirou da sala porque eu não estava prestando atenção na aula dele, coisa que podia ser justificada pelo fato que MEU PAI TINHA SOFRIDO UM ACIDENTE! Eu estava com a cabeça deitada na cadeira segurando o choro, pois não tinha vinte minutos que eu recebi a ligação que meu pai bateu o carro. Ele olhou para mim e falou que era para eu ir para sala do diretor porque eu estava com a cabeça deitada na cadeira, sem prestar atenção na aula dele, e que eu estava olhando o celular a cada dois minutos. Que fdp. Eu queria notícias do meu pai! Ele com toda a certeza não tem um vestígio de coração.

O Aluno NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora