02 - Coisas Novas

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Olhei para trás, e a enfermeira estava acenando para nós, minha mãe agarrada em meu braço, e não largava nem para entrar no carro, que alias, eu não conhecia, que carro novo era aquele?

- Bom querida, o Doutor Juliano disse para irmos falar com a Doutora BrandBurry. - Quem tem esse nome? Mostrei a língua, fazendo careta. Entrei no carro, sentando no banco de trás, junto com a minha mãe, meu pai estava dirigindo, ele ligou o carro, acenou para o hospital, assim como minha mãe e eu.

- Eu só quero ir para casa, não quero ir pra nenhum centro de doido! - Cruzei os braços de pirraça mesmo, que vergonha! E se me vissem assim, com esses enormes peitos! Gente, eu tenho peitos! Olhei para baixo, para conferir se estavam mesmo ali, estavam!

- Deixa de bobeira, Sam, Deus trouxe você de volta, ele quer que você vá ao centro, conheça outras pessoas, compartilhe sua história. Você é uma guerreira. - Que? Ouvi bem? Minha mãe disse que Deus me trouxe de volta? Me segurei para não rir, vi meu pai balançar a cabeça lentamente como se concordasse comigo, que era besteira aquilo. Arregalei os olhos e lembrei dos meus olhos, olhei para o retrovisor, meus cabelos estavam compridos e sem franja, aquele olho azul e o outro verde era sinistro, achei muito estranho, eu não vou conseguir que meu cabelo esconda meus olhos, olhei para minha mãe.

- Mãe, posso cortar o cabelo? - Vejo minha mãe me olhando, o sorriso dela foi tão grande que até me assustei.

- Claro, Sam! Vamos agora! - Ela deu uns tapinhas no banco da frente, onde não tinha ninguém sentado. - Vamos Roberto! Vamos leva-la para o salão. - Ela disse sorrindo, me olhou e sorriu mais ainda, saiu de perto do banco e me abraçou.

Não iria comentar nunca que era somente para esconder meus olhos, olhei para minha mãe, e depois para meu pai, ela chamou meu pai pelo nome? Os dois estavam muito estranhos! Olhei para minha mãe novamente, na verdade para as mãos finas dela, e ela estava sem os anéis dela, a unha estava apenas com um esmalte incolor.

- Mãe… pai… - Olhei para o retrovisor, vi meu pai olhar de relance, prestando atenção na rua. - Vocês ainda estão juntos?

- Oh… - Minha mãe fez, colocando a mão na boca, não sei se era susto, se era surpresa por eu ter entendido, eu sempre fui muito observadora, agora que eu perdi tempo demais da minha vida, fiquei ainda mais. - Desculpe querida, por não contarmos, não queriamos te assustar de imediato.

Eu acho que perceberia quando chegassemos em casa, provavelmente meu pai não esta mais morando na nossa casa, se esta ele esta em outro quarto, o que será que aconteceu? Será que foi por… por minha causa?

- Foi eu? - Olhei desesperada para ambos, minha mãe pousou sua mão em minha perna, meu pai parou o carro no canto, dando a seta, olhou para trás.

- Claro que não querida. - Ele sorriu de forma triste, meu coração quase quebrou, era por minha culpa sim, estou causando muitos problemas. Desde o acidente.

- É sim… - Meus olhos enchem de lágrimas, que ódio! Tenho que parar com isso!

- Não querida! - Minha mãe me abraça, me fazendo enterrar minha cabeça em seu peito. - Claro que não, seu pai e eu ainda somos muito amigos por sua culpa!

- É verdade, pequena. - Ele sorri, liga o carro novamente, arruma o retrovisor para conseguir me ver direito. - Vamos no salão cortar essa sua cabeleira! - Ele ri, fazendo minha mãe também rir. Concordo com a cabeça, me ajeitando no colo de minha mãe.

- Eu quero cortar e deixar uma franja! - Comentei, olhei para a janela, vendo a cidade. - Oh! - Soltei da minha mãe e cheguei mais perto da janela. - Um cinema? Tem cinema aqui agora? Olha, um shopping! - Apontei, como se ninguém tivesse visto, parei de apontar com vergonha, vai ver minha mãe até orou pelo shopping, segurei a risada, muito estranho minha mãe ser religiosa. - Nossa, um shopping!

A Nova vida de SamOnde histórias criam vida. Descubra agora