Prólogo

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Destino.

Muita gente fala dele. Falam de suas exceções, seus acasos, suas falhas e suas perfeições. Alguns acreditam e outros não, ninguém é obrigado mesmo.

Ailuj era alguém de muitas crenças e não abriu exceção para ele.

Ailuj, além de acreditar no destino, acreditava que todos têm suas histórias escritas. Que em algum lugar, não necessariamente em um livro, todos os seus passos estavam escritos, incluindo seu café da manhã de sábado e todos as suas decisões. Ela acreditava que quando você estuda para uma prova, por exemplo, no seu livro do destino dizia que você faria isso e, assim, você iria bem na prova e, assim, passaria de ano. Ela achava que todas as pessoas tinham seus destinos conectados, todos unidos por uma força maior.

Ela acreditava que nada era por acaso. Que todos que, um dia, entraram em sua vida vieram para contribuir em algo. Que as coisas são o que eram para ser.

Lembrem bem disso, pessoal. É importante para a história dela.

Ailuj é alguém espirituosa, alegre, aquela típica garota de humanas, paz e amor, que ama os animais e vangloria o amor.

Mas Júlia era o oposto disso (literalmente) e Ailuj morava ali, dentro de Júlia. Ela vivia a vida dela.

No seu grupo de amigos Júlia com certeza ocupava o cargo de rabugenta e mal humorada. Era a mais focada nos estudos e a que não parecia ter tempo para os clichês idiotas da adolescência, mesmo se rendendo a eles de vez em quando.

Ela não sabe ao certo como, mas a vida foi lhe moldando daquele jeito. Aquele jeito meio afastado de todo mundo, um jeito fechado e que às vezes transparecia uma alma fria e indelicada.

Mas Ailuj não é assim, nunca foi.

Ailuj tem a sensibilidade de uma blusa de seda, o coração grande como o de uma mãe e a mente aberta como o por do sol visto na praia.

Ela só não entendeu como sua vida levou esse rumo tão diferente do que ela acreditava que era pra ser.

Ela já pensou em mudar, mostrar para o mundo que ela é mais do que Júlia, que é Ailuj, mas ela passou tanto tempo sendo outra pessoa que não sabia nem por onde começar.

Como ser eu mesma, quando vivo a vida de outra pessoa?

Além do mais, a vida a mostrou diversas vezes que ela tinha que ser Júlia, que Júlia era importante pra vida de muita gente.

E é aí, pessoal, que voltamos a história do destino. Ailuj passou a entender que talvez ela tivesse que ser aquela garota, que talvez nos destinos de seus amigos e família constasse ela ali.

Para alguns pode ser um pensamento conformista, mas gostando ou não, era assim que Ailuj via o mundo.

Era a filosofia do destino, a sua filosofia.

Caro leitor, não se preocupe caso não tenha entendido o que está acontecendo. Prometo que irás entender.

Mas é como já disseram antes, o mundo dá cada volta... As coisas se moldam e mudam até que, um dia, elas se encaixam, formando um quebra cabeça gigantesco, que depois de pronto a gente entende toda a complexidade das peças que tinham que se juntar daquele jeitinho tão específico.

Ailuj ainda estava presa no vão das peças de Júlia, mas ela sabia, ela tinha certeza e não estava errada, ela terminaria o quebra cabeça um dia. E aí, só aí, ela entenderia o porquê de tudo.

Aleatoriamente, JúliaOnde histórias criam vida. Descubra agora