Júlia, como é de se esperar, nunca foi uma garota popular, mas de algum jeito ela acabou ficando amiga de pessoas muito conhecidas e admiradas na escola.
Tudo começou com Tamy, a garota de pele meio amarelada, olhos puxados e um castanho tão intenso que pode-se chamar de preto. Tamy e Júlia caíram na mesma sala no primeiro ano do ensino fundamental e acabaram tornando-se amigas. Elas não tinham muita coisa em comum, bom, elas eram crianças e não tinham uma lista de filmes ou músicas para falar sobre, mas um alguém em especial as uniu, esse alguém rendeu muitas conversas e risadas. E este alguém foi o professor Linton. Não, elas não tinham uma paixão platônica por ele, elas zombavam dele a aula toda.
"Sr. Linton parece um castor", "Sr. Linton é casado com uma andorinha", "Sr. Linton tem hálito de casca de árvore", não dá pra citar tudo o que as duas diziam.
Essa é com certeza uma das piores faces de Júlia.
Ela e Tamy passaram metade da primeira série só elas, as duas fieis escudeiras da risada, até que um dia, o primeiro depois das férias de meio de ano, elas conheceram Megan, a garota mais angelical daquela escola. Megan tinha a pele branca como a de uma boneca de porcelana, o cabelo castanho em um tom claro e os olhos eram um perfeito tom de castanho caramelo.
Elas acabaram se esbarrando no corredor e começaram a conversar sobre o quão desatentas poderiam ser. Conversa vai, conversa vem, Megan acabou por se juntar a elas.
E ela não trouxe só a sua campainha agradável, como trouxe também a união estável que Júlia e Tamy precisavam. Ela parecia ser o tracinho que faltava na letra T.
Diferente das duas, Megan era mais falante com os garotos, não do tipo "oi, gato", mas do tipo "e aí, cara?", o que trouxe uma pessoa muito especial para aquele trio: Renan.
Renan era muito falante na época. Não era dos mais inteligentes, mas também não era burro como uma porta. Renan era um garoto bom. Atencioso, carinhoso e extremamente bonito (isso melhorou quando ele cresceu e os músculos começaram a aparecer), mas na época só o que ele era, era um garoto de bochechas rosadas e um cabelo meio liso, meio ondulado, inconstante. Tinha os olhos da cor cinza, como grande parte dos recém nascidos que vão ter olhos claros quando crescer. Era um graça.
Ele e Megan se conheceram na loja de discos do pai dele, ela foi com seu pai para comprar a coleção do Elvis. Os dois se reconheceram da escola e começaram a conversar, não demorou muito para ele ficar amigo das garotas.
Especialmente de Júlia.
Eles nunca foram os melhores amigos do mundo, também pudera, o garoto ficava nervoso só de estar do lado dela, mas falaremos sobre isso nos próximos capítulos.
Então a primeira série acabou com o quarteto mais legal que aquela escola já viu: uma asiática, uma nerd, uma garota "legal" e bom, um garoto.
Eles se davam bem, eram super entrosados e estavam o tempo todo juntos, mas parecia faltar algo ali. E ficou faltando até a quarta série, quando, mais uma vez, Megan trouxe um rapaz para o grupo.
Ela apareceu no primeiro dia de aula com um garoto de cabelo bagunçado, olhos verdes e poucos centímetros a mais que ela. Ele era seu mais novo vizinho e melhor amigo, Vinícius.
O garoto era uma graça, tímido e sem jeito. Tinha um sorriso naturalmente lindo, mas quando sorria para Megan ele conseguia deixá-lo ridiculamente mais intenso.
Júlia gostou dele de primeira, ele não parecia — e não era — vazio e idiota como a maioria dos garotos patéticos da sua idade.
E falando em garotos patéticos da sua idade, no mesmo dia que Vinícius entrou na vida de Júlia, Kaique entrou também.
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Aleatoriamente, Júlia
De TodoA teoria diz que todo corpo tem uma alma e essa alma controla sua vida e segue seu caminho como está destinado a ser. Mas e se ocorresse um erro? E se em um corpo estivessem, não uma, mas duas almas completamente diferentes e opostas? Como essa his...