9. O fim do amor de Júlia [parte 2]

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Júlia e Renan acabaram por não ir a festa. Ambos estavam tristes demais para isso.

Renan ligou pra ela mais de cinco vezes, mas a garota não quis atender. Ela precisava de tempo pra pensar no que fazer de agora em diante.

Tempo. Ela precisava de um tempo.

— Júlia? — Nathan perguntou colocando a cabeça para dentro do quarto da irmã.

Ela ergueu o rosto do travesseiro e secou suas lágrimas, o que, além de preocupação, causou surpresa em seu irmão.

— Você está bem? — entrou totalmente no quarto — Você tinha uma festa pra ir com o Renan, não tinha? O que houve?

Ela levantou e o abraçou, angustiada.

Não disse nenhuma palavra, não precisava dizer, apenas deixou que Nathan cuidasse dela.

E ele cuidou, ainda surpreso por ver a tão apática Júlia chorando assim, de um jeito tão triste. O coração dela estava acelerado e toda a sua camada de auto proteção estava despedaçada, deixando sua sensibilidade vazar pelos olhos.

Depois de deixá-la molhar sua camisa com lágrimas, Nathan a sentou na cama, logo ao seu lado. Os dois ficaram olhando para a parede, compartilhando o silêncio. Ambos pensando no que dizer e, se deveriam dizer algo.

— Não tem nada há dizer? — ela perguntou sem se mover.

— Eu realmente não sei o que dizer para você. Essas conversas de "como vão seus sentimentos" são fáceis com todo mundo porque quase todo mundo precisa delas de vez em quando, mas você... Você nunca precisou, sempre foi forte demais pra isso.

Ela riu fraco.

— Desculpe deixar que me veja assim, eu não queria.

— Eu sei... — virou o rosto para olhá-la — O que está acontecendo, Júlia?

Ela suspirou, deixou Ailuj tomar conta da situação.

— A história é bem mais complexa do que vou dizer, mas... — abraçou as próprias pernas — Renan não ama quem eu sou. Ele ama quem acredita que eu seja e isso... Isso parte meu coração porque eu o amo de todo jeito, amo até os defeitos dele.

Nathan pensou sobre a situação, estava colocando as informações em ordem.

— Não acredito que tô chorando por isso — ela disse desviando o olhar.

— Quem ele pensa que você é, Júlia?

— A mesma pessoa que você pensa que eu sou. A mesma pessoa que nossos pais, meus amigos e o mundo todo pensa que eu sou.

— Eu não estou entendendo... — ele disse confuso.

— Não precisa entender — segurou sua mão — só esqueça dessa cena toda, okay?

— Sabe que isso não vai acontecer.

— Finja, vai me fazer sentir melhor.

— Okay... — passou o braço por seus ombros — Se te serve de consolo, eu amaria qualquer forma sua.

Ela riu fraco e deitou a cabeça nos ombros de Nathan.

— Eu amo você.

— Amo você também, Júlia.

O silêncio voltou mais uma vez.

— Vou pedir um tempo ao Renan — ela disse depois de alguns segundos.

— Faça o melhor para o seu coração.

— Eu farei.

Ele beijou a testa dela e saiu, sem tirar as palavras dela da cabeça.

Aleatoriamente, JúliaOnde histórias criam vida. Descubra agora