XI

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Lydia Nevene

Abri os olhos e a dor invadiu, como se eu tivesse sido espancada várias vezes na cabeça. Sentei na cama e não lembrava de nada sobre ontem desde o nosso casamento, corri os olhos pelo local e em cima da mesinha, tinha um bilhete, um comprimido e um copo de água.

Peguei o comprimido e engoli tomando todo o líquido no copo, abri o bilhete e li mentalmente devagar dada as minhas impossibilidades físicas e mentais.

"Lydia minha soberana,

Receio que é melhor você não falar com Malek hoje, nem nunca mais. Precisamos conversar, você provavelmente não deve lembrar da noite desastrosa de ontem.

Seu japonês preferido e o único que você tem, Lee Han Jung."

Coloquei a mão na cabeça, ainda estava doendo, eu estava fedendo a bebida e ainda estava com o vestido de ontem. Quanto mais eu tentava lembrar do que tinha acontecido, mais forçava a dor de cabeça então optei por tomar um longo banho gelado e colocar uma saia longa preta, um cropped branco com listras pretas, uma rasteirinha dourada e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.

Desci as escadas e encontrei todos na mesa do café, até um moreno que eu tinha a vaga sensação que eu já o conhecia. Malek nem olhava na minha cara e Lee estava quase tendo um filho sem dizer uma palavra no meu trajeto até a mesa, me sentei do lado de Young que estava tensa. Corri os olhos pelo local e em um breve momento Malek me olhou com tanto nojo que chegava a ser palpável.

- Como você está hoje alteza ? - o homem perguntou.

Hesitei em responder-lhe.

- Eu conheço você ? - perguntei.

- Claro que conhece, nos conhecemos ontem alteza, e a senhora me convidou para tomar café com vocês. - disse como se tivesse ganhado um troféu.

- Ah, eu não me lembro. - sussurrei.

- Agora que já tomou, pode se retirar. - disse Malek áspero.

- Eu acho que não. - desafiou.

Malek se levantou da cadeira o olhando como se estivesse analisando quais seriam as consequências se o matasse.

- E eu acho que você não me entendeu, eu não perguntei o que você acha, eu mandei você sair dessa merda de palácio antes que eu atire você dele. - disse com a voz grossa.

O homem arregalou os olhos e assentiu se levantando, veio até mim e beijou a palma da minha mão.

- Nos vemos em breve. - ele disse.

- Não, não se verão não. - disse Malek.

O homem saiu e Malek me consumiu com o olhar, subiu as escadas furioso e pela força que bateu a porta eu aposto que está com raiva. Me levantei e fui atrás dele, entrei no meu quarto e a porta que ligava os dois estava encostada, abri e ele estava sem camisa mas o que me fez perder três compassos do coração não era isso, ele estava irradiando luz branca e seus olhos estavam como prata derretida.

- Malek! - disse quase sem voz.

- Já cansou de fazer os outros me odiarem com suas mentiras, sua bastarda ? - disse rouco.

- O que ?

- Ah ela não lembra, vamos refrescar a memória dela ? - ele perguntou ao que parecia ser nada.

Moveu os braços rápidos e inclinou suas mãos na minha direção, senti uma onda de energia percorrer pelo meu corpo e tudo ficou branco.

De repente eu estava - parecia que em espírito - de volta a festa ontem, e eu me via no vestido, estava bêbada e gritando a todos que Malek estava me traindo, estando aproveitando a lua de mel com outra, e aquele cara do café da manhã também estava lá, rindo. Então Malek chega furioso e todos começam a falar mal dele e a cuspir em sua face, fiquei horrorizada.

Acordei com um baque.

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