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Lydia Nevene

Quando eu acordei a minha cabeça doía um pouco, eu estava em uma sala branca com outra cama na ponta do quarto, a pessoa que estava lá provavelmente ainda estaria dormindo pois seu lençol o cobria até a cabeça, arranquei o meu lençol e me levantei, ao lado da minha cama havia uma mesinha com um comprimido e um copo de água com gelos meio derretidos. A minha consciência entrou em estado de alerta tentando descobrir se aquilo seria remédio para minha dor de cabeça ou veneno.

- É remédio. - disse uma voz rouca.

Corri meus olhos pelo local e vi um menino sentado na cama com a cabeça encostada na parede, cerrei meus olhos tentando ver se ele estava mentindo. Sim, eu conseguia saber quando as pessoas mentiam para mim.

- Se fosse veneno eu já estaria morto. - disse mostrando seu copo vazio.

Assenti e peguei o remédio, pus na boca e bebi todo o conteúdo do copo. Assenti de novo para mim mesma tentando entender o que estava acontecendo, lembro-me das janelas se abrindo e do grito da Kat. Droga, droga, droga! Mil vezes droga. Eu tinha sido escolhida pela lua, e provavelmente ele também. E o pior é ter prometido para minha mãe que eu ficaria bem. Olhei de novo para o menino que me encarava, parecia também estar refletindo sobre o que aconteceu, andei até ele e estendi minha mão.

- Lydia Nevene. - sorri e ele apertou.

- Malek Amirab. - ele disse e olhou para algo atrás de mim.

Antes de me virar pude reparar a cor de seus olhos, eram negros, isso significava que ele era um Nortista. Um "vampiro" por assim dizer.

Havia um homem encostado no batente de uma porta que eu não notara até agora, tinha seus cabelos bem brancos e rugas, com certeza era bem idoso, ele sorriu para nós, e entrou no espaço ocupado antes só por Malek e eu.

- Bom dia meus soberanos. Dormiram bem ? - ele perguntou.

- Melhor se eu não tivesse sido escolhido. - resmungou Malek.

Reviro os olhos em concordância.

Ele nos encarou por um breve momento, e depois fez uma rápida cara de espanto, como se tentasse controlar, pigarreou.

- Eu nunca vi um Nortista e uma Sulista juntos. - fiquei inquieta.

- Pode nos explicar melhor toda essa história de soberanos ? - perguntei tentando manter a calma.

Ele assentiu.

- Venham, tenho muito o que contar. - e nós o seguimos para dentro de outra sala, só que mais luxuosa que a anterior.

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