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As primeiras vinte e quatro horas de um caso

No dia 04 de abril de 2017, às 14:32, a empresa britânica que oferece serviços de investigação e inteligência, Target Intelligence Co., sediada em Londres no Reino Unido e com uma filial em São Paulo, recebeu uma solicitação de seus serviços, para um caso não solucionado pelos departamentos convencionais de investigação. Para este trabalho, o gerente de operações do grupo, Coronel Preston Cole, um militar britânico e ex-piloto da RAF (Força aérea real britânica), que participou de inúmeras operações de combate na América Latina e acabou se familiarizando com o Brasil, convocou seu melhor agente que era conhecido apenas pelo codinome "Reis" e o empenhou de investigar o caso.

- Temos um "trabalha" para você - disse o gerente com um sotaque carregado.

- Recebi este ofício hoje pela manhã. Um "empresária" acredita que teve a filha sequestrada.

O agente "Reis" leu o contrato de serviços, onde estava especificada a data do sumiço, que constava do dia anterior e o local em que a garota havia desaparecido, um shopping luxuoso da Capital. Na última linha do contrato, estava discriminado o preço estabelecido pelo serviço, com suas especiais observações sobre a gratificação, caso o trabalho fosse executado com sucesso. Com a quantidade de dígitos combinado entre contratado e contratante, Reis já imaginava as eventuais pressões que sofreria com este caso. O Coronel Cole assegurou que Reis teria à sua disposição, todo o suporte necessário da empresa, e que havia contratado um especialista em comunicações para ajudá-lo no paradeiro da moça. Reis traçou dois destinos para verificar, antes que o dia terminasse: uma visita à residência da garota e buscar algumas informações com a polícia.

Reis pegou o veículo da empresa e se dirigiu à residência dos Monterosa. A mansão se localizava em um bairro tradicional da capital paulista e Reis teve que se identificar inúmeras vezes para os vários seguranças posicionados ao redor da casa. Ao adentrar nas dependências, encontrou um policial civil deixando o luxuoso saguão de recepção, logo após se despedir dos anfitriões. Reis se deparou com três mulheres. A primeira mulher se apresentou como a governanta da residência, Dona Maria, e trouxe o agente para perto das duas outras pessoas; a irmã mais nova da garota, Bella, de apenas nove anos e sua mãe, Teresa Cristina.

Reis começou a realizar perguntas as três, mas devido à comoção gerada pelas questões, se limitou a dizer apenas algumas palavras de consolo, apesar da filha caçula produzir um semblante confuso. A governanta então o conduziu através de uma escada em forma de espiral, aproveitando para preparar o investigador sobre o que não deveria falar na presença do Sr. Monterosa. Reis foi introduzido em uma sala com objetos finos de decoração sobre uma mesa de mogno, várias réplicas de armas na prateleira à sua esquerda e uma mesa de vidro ao lado, com muitos tipos diferentes de charutos. Sentado atrás de uma mesa com uma das mãos apoiando a nuca enrugada e muitos fios brancos, estava o próprio Sr. Monterosa, que contemplava várias cabeças de cavalos empalhadas na parte de cima da parede; do lado esquerdo do empresário, encontrava-se o seu guarda-costas, um brutamontes com quase dois metros de altura, conhecido como Jair Vaca; e do outro lado, sentado em uma cadeira encostada na parede e próximo da porta, o seu conselheiro, Doutor Moacir, que apresentava o mesmo padrão de calvície do seu patrão, mas que se diferenciava por seu corpo raquítico.

O agente Reis se apresentou ao grupo e antes de obter as respostas de suas perguntas proferidas, ouviu as lamentações do magnata.

- Não deve ser qualquer sequestrador comum que a raptaram... Meu deus, por que estou passando por isto... Covardes... Deve ser algum covarde rival da minha empresa que fez isso... - ponderou com tristeza o velho. E passou a responder as perguntas do detetive.