Capítulo 2 - Quando as coisas piorarem (parte 2)

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"A morte de um ente querido é uma coisa estranha. É como subir a escada para o seu quarto no escuro, e achar que tem mais um degrau... quando não tem. O seu pé afunda no ar, e acontece um grande momento de grande susto."

Desventuras em série

Maria entra com uma expressão séria, até demais, e me fala:

_ O seu padrinho está na sala e deseja a sua presença.

Um frio percorre a minha espinha, olho nos olhos de maria assustada, porém o calafrio e o mau persentimento que domina o meu corpo não me deixa perguntar nada, apenas me levanto e caminho e saio do quarto lentamente me encaminhando para o anda de baixo, na sala, como se o fato de andar devagar ou não perguntar sobre o que aconteceu pudesse fazer com que a sensação passasse e descobrisse que eram apenas coisas da minha cabeça.

Entro na sala e encontro meu tio em pé, ao lado de seus filhos, Matteo e Frederico, existem mais três homens que são seguranças de meu pai e Juan um pouco mais afastado do grupo. Todos com expressões sérias e frias. Pocas vezes vi meu tio com essa expressão, esse é o terrível chefe da máfia que se encontra na minha frente, mas existe algo a mais em seus olhos, existe dor e se poucas vezes o vi sendo frio mais raras ainda o vi demonstrando dor, o que só vez o calafrio e o aperto em meu peito aumentar. Fiquei olhando para meu padrinho por alguns minutos, novamente postergando a notícia e tentando afastar o mal agouro.

_ sente-se querida – meu tio quebra nosso silêncio, enquanto me encaminho para a poltrona branca mais próxima a mim, ainda o olhando e sem pronunciar uma única palavra.

_ Não existe uma maneira mais fácil de te falar isso, mas o carro em que seus pais e seu irmão estavam foi interceptado por homens da família Gocchi na rodovia a caminho de sua casa...

Olho para meu tio assustada, e já sentindo os meus olhos cheios de lágrimas. Sinto meu peito sufocado e o meu ar parece estar se esvaindo aos poucos de meus pulmões.

_Onde eles estão? _ pergunto em um fio de voz, com as lágrimas já caindo de meus olhos. Tentando me agarrar a uma esperança inexistente de que eles ainda estariam vivos.

_ Querida, - meu tio continua, desta vez olhando em algum ponto da parede marfim da sala – cada um sofreu vários ferimentos, depois foram presos ao carro, onde atearam fogo no mesmo. Não houve sobreviventes. - ele conclui e me olha, desta vez sem a máscara fria e os olhos úmidos, porém de costas para os demais homens de uma forma que apenas eu posso ver sua fraqueza e suas dores. - eu e sua tia esperamos que você venha para a nossa casa, ficaremos satisfeitos em poder te acolher neste momento. - Ele conclui.

Não respondi nada, não pude responder nada, nunca saberia o que falar ou apenas como é que se falava. Naquele momento apenas o vazio me dominava e entorpecia o meu corpo que chorava por vontade, Juan falou algo no canto do qual eu não compreendi. Apenas encolhi minhas pernas na poltrona e abracei os meus joelhos sem me preocupar se meu vestido de seda fica-se um pouco revelador para os homens naquela sala. Vi os homens se movimentando como se estivessem em uma realidade paralela à minha naquela sala, falavam algo que não entendia e possuíam expressões que não conseguia decifrar, estava pressa em meu mundo até que um por um foram saindo e com algum tipo de referência com a cabeça em uma forma de pesar pela minha perca. Meu primo Matteo, veio e me deu um beijo demorado na testa antes de sair, assim como o meu tio.

Após eles saírem, Maria veio até mim, com os olhos cheios de água, ela também se permitiu chorar me abraçou de uma forma forte e não disse nada apenas ficou chorrando comigo. Ficamos assim não sei quanto tempo até o Juan voltar falar algo para maria que me soltou. Juan me carregou no colo e me levou para o meu quarto, me deitando em minha cama, me deu um beijo na testa e saiu.

E chorrei mais alto ao sentir a dor bater em meu peito novamente, não era verdade, não poderia ser. Ainda esta manhã tomamos café da manhã todos juntos, apenas não fui com eles à rua fazer as comprar de natal pois enfrentei o meu pai na frente dos empregados. Nunca deveria ter saio do meu quarto quando meu padrinho me chamou, talvez se tivesse continuado aqui e obedecido, quando retornassem minha mãe viria me chamar para o jantar enquanto me mostrava as coisas lindas que ela havia comprado para mim, já que a sua fiel companheira de compras não pode ir com ela, eu. No nosso jantar em família, pois todas as nossas refeições sempre eram em família, meu pai falaria algo sobre ele ter decidido colocar mais alguma segurança em casa e perguntando para mim e minha mãe aonde gostaríamos de passar as férias, é claro que minha mãe sempre conseguia convencer a todos da ideia dela. Após o jantar e já na hora de dormir, meu irmão iria ao meu quarto, me abraçar e me parabenizar, é claro também falar o quão orgulhoso estava de mim por ter finalmente tentado falar com o meu pai sobre minha vontade de estudar, e que deveria monstra para todos as joias lindas que eu desenhava. Depois disso teria uma ótima noite de sonho, e minha vida voltaria a sua velha rotina. Mas infelizmente não era isso que acontecia agora, agora apenas uma dor se apossava de todo o meu corpo e me sentia solitária. Não sei mais como será amanhã e nem depois, sei apenas que tenho vontade de chorar. E é exatamente o que faço, choro até não sentir mais as lágrimas caírem, choro até que não sinta mais meus movimentos ou partes de meu corpo e, por fim, choro até entrar em um sono profundo sem perceber.

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Nota: Então, até acho que não ficarão tão grandes assim os capítulos, mas separei por causa da quantidade de monólogos. Vou tentar atualizar com mais frequência.

Ps.: desculpe meus erros.

Luz Banditti - Serie Familia Banditti (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora