Luz Banditti - Serie Familia Banditti (Livro 1)

Capítulo 20 - Dias com Dante (parte 1)

"Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade."

Tom Fitzgerald

Por Luz

Os dias que tem se seguidos tem sido interessantes, isso para se dizer o mínimo. Estamos ficando pelo apartamento do Dante mesmo, isso faz mais ou menos uma semana. Na nossa primeira noite aqui depois de casados tivemos uma atípica conversa honesta, na cama. Que foi basicamente assim:

_ E então como foi que isso começou? - Dante me pergunta como quem não quer nada, mas sei que sua pergunta vai além disso, então fico quieta esperado ele continuar.- Esse negócio seu com Matteo, de você levar pessoas para armadilhas e tal...

_ Acho que sempre fiz algo assim, as coisas só foram mudando quando me tornei adulta, foram ficando mais perigosas. Mas se você me perguntar sobre um começo, ou uma primeira conversa com o meu padrinho ou o Matteo, ela nunca existiu. - respondo de forma honesta.

_ Mas não são todas as mulheres da máfia que participam assim.- ele afirma de forma questionadora.

_ Correto, e é por esse motivo que sou mais valiosa do que a maioria das mulheres da família. - eu falo, pensando sobre o assunto. E me lembro de um episódio, acho que quando as coisas realmente começaram.- Eu me lembro de uma vez...Acho que eu deveria ter uns seis anos de idades, estava de férias, aquele havia sido o meu primeiro ano no internato. E me lembro que odiei tudo aquilo, sentia muita saudade dos meus pais, da Maria, do Juan, dos meus padrinhos. Me sentia sozinha e abandonada lá dentro... - vago em minhas lembranças.- Nesse dia em especial eu estava de férias e meus pais estavam na casa de meus padrinhos comigo e com meu irmão. Estava um dia de sol lindo e foi permitido que eu fosse nadar na piscina, nem o meu irmão ou Matteo quiseram ir comigo. Fiquei um bom tempo na piscina até que precisei ir ao banheiro, e como o banheiro da casa na piscina era mais perto eu fui para lá. - falo revivendo esse dia.- Quando estou saindo da casa para voltar à piscina, eu o vejo. Um homem, parado próximo ao mato, abaixado ao lado da casa. Ele estava muito machucado, parecia assustado e com medo. - continuo a minha narrativa.- Sabe eu ainda consigo vê-lo perfeitamente. Seus olhos fundos e opacos, suas mãos muito magras sem nenhuma unha nos dedos, a roupa rasgada, o sangue seco por todo o seu corpo, com roxuras e uns calombos estranhos. Ele me viu. Eu poderia ter gritado. Saído correndo. Chamado algum segurança. Ou qualquer outra coisa. Por um momento eu acreditei que ele fosse me atacar, mas quando olhei em seus olhos eu sabia o que deveria fazer. Me aproximei dele e disse "esta machucado... O senhor quer ajuda?" ele me olhou. Pareceu pensar e até que balançou a cabeça afirmando e me pediu que o ajudasse a sair da casa. Eu peguei em sua mão, e o guiei por todos os lugares da casa escondido da vista de qualquer pessoa. Direto para o escritório do meu padrinho, que estava ali junto com o meu pai. Aquele homem nunca desconfiou que eu pudesse fazer algo assim, afinal eu era apenas uma criança. Ninguém nunca me falou para ter essa atitude. Eu apenas fiz o que acreditei que deixaria os meus pais felizes comigo. No dia seguinte meu padrinho me falou que eu era uma ótima menina e merecia um presente! Eu nunca mais precisei voltar para um internato. E depois disso fazer favores para o meu padrinho ou para o Matteo se tornou normal. - término de falar e Dante ainda me olha fixamente.

_ E esse foi o seu rito de passagem para a máfia. - Dante fala depois de um tempo.

Eu penso sobre o que ele disse, e de uma certa forma ele está certo. Acredito que tenha sido o meu rito de passagem, a morte de um inimigo em prol da família, a minha prova de lealdade ao meu chefe.

_ É acho que você está certo. Sabe eu nunca tinha contato essa estória para ninguém. - e foi legal falar honestamente sobre mim. Não é como se eu pudesse pagar uma ajuda psicológica, provavelmente o psicólogo precisaria ser morto depois. - E você? Porque você não bebe álcool ou nunca fica bêbado?