Luz Banditti - Serie Familia Banditti (Livro 1)

Capítulo 14 - Recuperação

Um hematoma é basicamente uma acumulação localizada de sangue fora de seu vaso sanguíneo, em geral isso ocorre quando a parede do vaso sanguíneo se rompe e o sangue é liberado em algum lugar indevido do seu corpo. O hematoma normalmente é causado devido a um forte baque ou um impacto, podendo resultar em uma hemorragia ou contusão. Por sorte não tive nenhuma hemorragia, porém obtive 52 contusões e 120 hematomas por todo o meu corpo exceto no rosto, onde os meus agressores tiveram a "bondade" de não bater.Primeiro é um roxo bem feio, depois é um roxo com amarelado por cima, para logo após se tornar roxuras um pouco mais superficiais.  A recuperação foi bem dolorida, mas em duas semanas eu já não sentia e as pálidas manchas pelo meu corpo eram facilmente escondidas por maquiagens. O que foi dolorido mesmo para se recuperar foi a fatura na costela direita, novamente por sorte a costela não atingiu nenhum órgão ao ser fraturada, apenas trincou então não precisei passar por nenhuma cirurgia. Apenas fui medicada para a reconstrução óssea e para dores, remédio que alias não me impediu de sentir dores, eu não podia fazer uma respiração mais forte que era dolorido, não podia rir (gargalhar então era impossível) que era dolorido, fazer movimentos bruscos era dolorido, tossir era algo enervante e nem pressionar nada na região torácica. Essa fratura demorou um pouco mais de duas semanas para se curar e com as limitações físicas se tornava impossível esconder com maquiagens ou que eu pudesse disfarçar para a sociedade que estava bem, então fiquei reclusa na casa de meus padrinhos por um mês.

Não pense que não fui pressionada para contar exatamente o que aconteceu comigo. O primeiro deles foi o de Juan, ele chegou em meu quarto logo após eu chegar na casa de meu padrinho, eu ainda estava atordoada de remédios e bastante dolorida, deitada na cama e coberta apenas com os lençóis, já que roupas naquela época era um verdadeiro martírio. Juan entrou silencioso, porém carregado em fúria, seus olhos estavam transtornados, ele ficou um tempo calado e apenas me olhava.

_ Vou repetir e não quero mentira. - fala me dando uma sentença. Olho para ele e vejo que não vai adiantar dar nenhuma mentira boba ou resposta vaga. Então resolvi permanecer calada.- Quem?

Eu demoro um pouco para responder. Primeiro pois estava pensando no que falar, depois pois os remédios não ajudavam muito em pensamentos e controle motor.

_ Isso... - minha voz sai rouca e baixa, descubro que é dolorido falar.- Não quero mentir... Não...

Gostaria de falar que não iria mentir, mas também não iria contar nada pois aquilo era apenas a consequência dos meus atos, a briga sutil das mulheres de nossa sociedade, sujando as mãos por trás dos panos, eu bati primeiro (com as amantes) e elas revidaram. Mas eu não consegui falar nem a metade de tudo isso para Juan, então permaneci calada. Em um pedido mudo para falar que ele não pergunta-se mais nada.

_ Filha! - Juan fala um pouco desesperado. Sem ser necessário que ele altere a voz. Apenas sei que ele está alterado por me chamar de filha. Poucas vezes ele deixa transparecer alguma coisa emocional, sendo comparado algumas vezes a algum androide de filmes de ficção científica, mas nas poucas vezes que o vi usando expressões emocionais estas eram referidas para mim ou para Maria. Por esse motivo, só de ouvir ele me chamar de filha, que é a forma como o mesmo gosta de mim (assim como eu o amo como um pai) me subiu a vontade de chorar como uma menininha, mas me segurei e mantive a expressão séria para que ele entendesse que eu ainda não falaria. Depois de um tempo calado ele suspira e fala – Tudo bem então, respeito a sua opinião. Se mudar de ideia sabe aonde me procurar, sempre estarei aqui filha.

Ele fala tão fraternal e carinhosos, assim como o beijo que deixa em minha testa que antes de ele sair do quarto, lágrimas já escorem pelo meu rosto, fecho os olhos e ouço a porta do quarto se fechar. Então me permito chorar só um pouco, me permitindo alguns minutos de fraqueza.