18 - Casados

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Por Luz

Escuto Dante se movimentar do banheiro pelo restante do quarto enquanto termina de se arrumar, permaneço com os olhos fechados enquanto aguardo ele sair do quarto. Quando ouço a porta fechar atrás de si, abro os olhos e encaro o teto, hora de levantar para mais um dia. Me encaminho para o banheiro, hoje faz uma semana que estamos morando em Il Palazzo, como se chama a casa que herdei da família. Estamos morando aqui e nos evitando o máximo possível, exceto nas noites. As noites em nossa cama somos bem conscientes um do outro.

Alias, o sexo com Dante é algo que nunca imaginei ser possível. Eu imaginei que seria bom, desde a época que "namoramos", mas superou qualquer expectativa. Sou apenas consumida e esqueço raiva, angustia ou qualquer outra coisa quando ele me beija, apenas quero consumir, toda a fome que se apossa de mim quando ele começa a me beijar. Se isso é bom ou ruim eu ainda não sei dizer, mas sei que isso me torna vulnerável, o que de uma certa forma eu tenho sido muito em relação ao Dante.

Término de me arrumar e me preparo para descer e tomar o meu café. Acredito que essa hora Dante já tenha saído, sabe-se lá para onde. Não é como se conversarmos e ele me contasse tudo que faz ou fará, ele não é pessoa mais falante e sociável do mundo, e ultimamente a chance de ele se abrir comigo é nula. Não que eu não tenha colaborado para essa situação, eu acredito que fui a primeira a atirar e então a guerra se desencadeou. Mas qual é?! Eu achei que estava sendo usada para a porcaria de uma promoção na máfia pelo Dante, e não, eu não nasci para apanhar sem bater de volta!

Mas agora não acredito mais que Dante queria se aproveitar da situação ao se casar comigo. O que me fez mudar de opinião? Vamos lá:

1 – Juan e toda a sua equipe de segurança da casa que moramos continua sobre as minhas ordens;

2 – Eu continuo indo para onde quero e fazendo a exposição que quero e ele continua enfurnado nos bordéis, sem nenhuma promoção;

3- Eu continuo controlando as antigas contas bancarias de meus pais e seus bens pessoais e o Dante nunca deu a entender que queria que eu passa-se para ele;

4 – Apesar da minha traição, Dante nunca me agrediu ou insinuou que não queria mais estar casado comigo.

5 – Ele continua me olhando com adoração e consegue ver por trás da minha máscara superficial.

E apesar dos nossos desentendimentos acredito que estaríamos bem melhor em nosso casamento, ou, pelo menos, caminhando nessa direção se não fosse um certo parasita que habita a nossa casa. Sugando as minhas energias e roubando a atenção que meu marido deveria me dar. Chego a mesa do café da manhã e a parasita está sentada ali, se apossando de tudo o que não é seu como uma praga indesejada.

Me sento na ponta da mesa ignorando a sua presença. E começo a me servi do café.

_ Bom dia para você também.- ela fala e continuo a ignorar. Até sua voz é insuportável.

_ Vejo que hoje você é a educação em pessoa. - ela continua. - O que não diriam ...

E não suporto mais, adeus paciência que já não tenho! Olho para a empregada que está em pé próximo a parede e pergunto em um alto e bom som.

_ Eu estou fedendo? - a empregada, arregala os olhos em minha direção e parece confusa e sem saber o que fazer. Enquanto a parasita se cala - Eu por acaso estou soltando algum odor desagradável? Vamos me responda, por favor.

A empregada balança a cabeça em negativa agora demonstrando receio. Então olho em direção a mosca morta sentada próxima a mim e falo, agora mais baixo e suave.

Luz Banditti - Serie Familia Banditti (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora