O Fim

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Era tarde. O sol estava se recuando lentamente, como quem quisera que o dia tivesse mais horas. O calor perdia força, o brilho ainda deixava seus últimos  rastros e a escuridão vinha logo adiante.

As flores da primavera se preparavam para repousar após um longo dia se mostrando radiantes.
Alguns vagalumes estavam acordados. Isso e uma jovem misteriosa em seu quarto guardando um envelope e um amuleto dentro de uma caixinha retangular.

Tudo havia ficado escuro lá fora.
Sereno, quieto e misterioso estava naquela noite.
Se lágrima tivesse som, seria a única coisa houvida a medida que fossem escorrendo pela bochecha da garota de olhos cinzentos.

Suas mãos brancas seguravam uma caixinha de madeira antiga com muita dor. Segurava tão forte que a base de seus dedos estavam avermelhadas devido a pressão.
A tristeza as vezes faz estilhaços invisíveis. Em uma pele perfeita havia dor, uma dor inexplicável. Uma dor sem ferida alguma.

Uma rajada de vento adentra sua janela quase a levando para cima de uma escrivaninha onde se encontrava sentada. Uma de suas mãos agora secam suas lágrimas e com um impulso, ela fica de pé. Num momento mais do que planejado, ela caminha pelo quarto precariamente iluminado por algumas velas.

O som de seus passos pareciam um tambor dramático acompanhando seus movimentos e após uma parada tudo volta ao silêncio. Seus olhos deslizam-se a uma estante antiga bem em sua frente, nele várias outras caixas semelhantes a que tem nas mãos, cada uma com um coração cravado na tampa muito bem trabalhado com uma fechadura de prata antiga.

Logo acima da estante, na última prateleira que ficava bem acima de sua cabeça, um pote de vidro com várias chaves muito semelhantes.
A caixa é colocada em um espaço vazio da prateleira e uma chave é posta no pote incrivelmente limpo.

Seus olhos se fecham e um suspiro é dado com um ar de dor. Aquela estante carregava algo bem mais pesado do que pequenas caixas de madeira maciça. Ela era o suporte que aguentava lembranças dolorosas demais para ser deixadas apenas no coração. Com a mente vazia ela dá as costas aquela coleção de terror.

A moça caminha em direção a porta que dava a uma varanda, quando é aberta, o frio se acomoda no corpo quente e branco da garota fazendo-a gemer. Era lua cheia e uma nuvem escura sai da frente do brilho da lua, deixando-a iluminar aquela noite sombria.

Nenhuma vida alegre estava viva, nem mesmo o reflexo dos longos cabelos negros, que estavam ao ar livre, saía do triste cinza.

A Estante de Corações Partidos. (Em Revisão... Feito Em 2017 Atualizado Em 2024)Onde histórias criam vida. Descubra agora