A Estante de Corações Partidos. (Em Revisão... Feito Em 2017 Atualizado Em 2024)

Um Novo Século.

O céu estava claro, já que o sol decidira acordar e espalhar seus raios solares. Não tinha nuvens, nem tempo de chuva e muito menos iria nevar naquela manhã. Resumindo, o verão mal havia chegado e toda a sua beleza já estava ali, pontual. As coisas estavam indo normalmente como todos os dias com sua movimentação de sempre, ou seja, nenhuma novidade.

No meio ao mundo comum, uma garota dorme em seu sono profundo enquanto o destino escolhia seus desafios. Sua respiração podia ser ouvida e o coração batia tranquilamente. Uma brisa suave bate em seu rosto e a moça começa a despertar, ela mexe um pouco o rosto para os lados e abre lentamente os olhos. Um teto branco. Sua visão estava um pouco embaçada e dá algumas piscadas de leve. E o teto branco continuava ali.

Ela mantém sua visão fixa pra cima e sua mente começa a trabalhar. Preciosa Palacine Nevado, Spark & Darkness. E ela continua: Desyrée e Arthur, biblioteca. Livros, uma lua giratória e um clarão. E então ela fecha os olhos. Preciosa teve suas lembranças de volta mas ainda estava apavorada com o ocorrido, não conhecia aquele teto branco e estava com medo. Talvez alguém a tivesse encontrado e mandado para um outro lugar, a enfermaria talvez.

Ela abre os olhos. Volta a ver o teto e então vai baixando o olhar. Uma parede listrada, preto e branco, uma porta e ao lado uma mesa com a cadeira na frente. Estranhou aquele lugar, nunca tinha visto algo parecido. Decidida a descobrir onde estava resolveu se levantar, sua cama era macia e seu lençol era fino de cor rosa bebê. Tinha um tapete bem geométrico abaixo dos pés com um par de pantufas brancas. Calçou-as e se pôs de pé.

A visão ao redor era totalmente nova, o cômodo era pequeno, parecia um quarto, e tinha muita coisa que a garota não conhecia. Decide vasculhar tudo porque, até o momento, nada era perigoso e olhou primeiro um criado mudo que ficava ao lado de sua cama, abriu as gavetas e encontrou apenas papéis, canetas, uma caderneta, alguns fios e uns vidrinhos coloridos com nome de esmalte. Em cima dele um porta-retrato com uma foto, ela se senta na cama e a pega para ver.

Na foto uma jovem de cabelo comprido usando uma blusa vermelha sorria alegremente. Ela observou com cautela, aquela moça era ela, mas como podia? Não lembrava daquele momento de jeito nenhum, da foto, a roupa, o sorriso e muito menos sabia como havia parado ali. Então teve uma impressão de que aquele era seu quarto, mas não fazia sentido. Será que ficara doente, perdera a memória recente ou havia ficado louca? Não sabia. Viu um espelho atrás de uma das duas portas que tinha alí, será que ainda era a mesma? Se aproximou e olhou o seu reflexo. Um suspiro de alívio, não mudara quase nada, tirando as orelhas furadas com alguns brincos de argolas.

Seus cabelos estavam soltos e um pouco bagunçados, ela então olha para sua roupa e se assusta com o tamanho do seu vestido. Ele ficava no meio da coxa, era cinza e de alças finas, nunca se imaginara usando um vestido daqueles. Depois de se observar dá as costas ao espelho e vai até a janela, fica receiosa em saber o que iria encontrar lá fora mas cria forças e abre as cortinas rosadas.
Agora a luz entra no cômodo e a expressão no rosto de Preciosa era clara: ela não acredita no que vê.

Ela estava no sexto andar de um pequeno prédio e havia vários deles iguais ao seu. A rua lá embaixo estava movimentada de pessoas andando para todos os lados, atravessando a rua e falando alto. Ela coloca a cabeça para fora da janela para ver mais além e percebe que está numa cidade muito povoada. Não poderia estar acontecendo, será que passou tanto tempo assim desmaiada? Quanto tempo havia se passado? Dias, semanas, meses ou anos? Não fazia sentido. Põe sua cabeça pra dentro e enquanto pensava escutou um barulho. Parecia uma música mas bem baixa, começou a procurar de onde ela vinha e caminhou através do quarto. Ao passar pela mesa notou que o barulhinho aumentou e achou que talvez vinhesse de algo que estava em uma bolsa estampada pendurada na cadeira. Pegou-a e remexeu tudo lá dentro até achar um aparelhinho que emitia tal som.