Uma Amiga.

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Seus olhos são automaticamente abertos pelo brilho da manhã mais ainda fazia frio. Sua cabeça estava mais leve pois na noite anterior gastara todas as suas energias em longas caminhadas na floresta, escaladas e outros pequenos desafios de força.

Batidas na porta são ouvidas e gritos abafados pela porta também os acompanha. É Regina. Preciosa rapidamente se levanta e coloca a primeira roupa que ver na sua frente e corre para abrir a porta.

- Francamente Preciosa quantas vezes tenho que bater na porta para você vir abrir?

- Desculpe senhorita demorei um pouco pois eu estava me arrumando melhor para o segundo dia de aula.

- Hum, não parece tão arrumada.

Era verdade, seu vestido estava pelo avesso e seus cabelos despenteados, dessa vez não tinha como enganar.

- Olha você tem 10 minutos para se arrumar e descer para tomar seu café então não demore mais do que isso.

- Está bem. Senhorita Regina, meu pai já levantou?

- Sim e está no escritório assinando uns papéis, também não vai demorar para ir tomar café então se apresse!

- Sim senhora.

A porta se fechou e Preciosa foi correndo arrumar as suas coisas e se vestir direito, não queria se encontrar com seu pai na mesa do café da manhã então deveria comer também as pressas.

O motivo era a mudança de comportamento do Senhor Felipe Lenhares Nevado, pai de Preciosa, ele tinha cabelos castanhos bem escuros e seus olhos eram da mesma cor. Não era alto e tinha um corpo razoável, nem magro nem gordo. Ele era dono da maior parte das terras da região mais sua ambição sempre procurava por mais. Nos anos onde tudo corria bem, Felipe era compreensivo, brincalhão e humilde, mas depois, os negócios estavam dando errado e a morte de Estér fez com que ele mudasse completamente e de uma forma ruim.

Arrumada Preciosa desce as escadas apressada já com suas coisas para não precisar subir novamente. Regina já estava saindo da mesa e ficou contente em ver que a moça já estava arrumada. Era comum ver aquele cômodo vazio pela manhã, todos sempre muito ocupados com seus afazeres mal ficavam naquela mesa.
Preciosa não queria perder tempo, então ao ver Regina sair, encheu sua bolsa com pães, biscoitos, frutas e até encheu um pequeno recipiente com suco, improvisou uma tampa e fechou sua bolsa.

O relógio já marcava 6:30 e ela começou a ouvir passos pelo chão de madeira. Era seu pai. Ela precisava correr. Naquele dia ela iria sozinha para a escola, Regina iria resolver uns assuntos na vila e não poderia acompanhá-la. Enfim só... bom, agora ela poderia tomar seu café da manhã na carruagem, já que a viagem era longa e não teria ninguém para atrapalhá-la.

O percurso durava uns 30 minutos então teria tempo de sobra para comer e depois apreciar a paisagem. Minutos depois já estava avistando de longe a longa muralha de pedra e aproveitou os últimos minutos que lhe restavam para conferir sua roupa e seus materias. Ela não era do tipo vaidosa mais devia prestar atenção nas suas roupas só para o caso de estarem rasgadas, descosturando ou coisa assim. Afinal, a última coisa que ela queria passar naquela escola era vergonha.

Ela vestia um vestido cor creme longo e de mangas compridas, era justo mas se soltava do quadril para baixo, todos os seus vestidos seguiam essa mesma medida pois ela adora andar a cavalo. Sapatos marrons e cabelos soltos porém a maior parte escondida pelo longo casaco preto aberto. Não deveria deixá-los expostos a luz do sol...

A carruagem para e ela sabe que deve descer. Ela desce da carruagem e fica parada na frente do portão, assim que a carruagem saisse ela sairia também, não iria entrar. O problema é que a carruagem não saía. Lógico! Regina deve ter dado a ordem ao cocheiro de só sair quando ela entrar. "Está bem!" Pensou ela "Vou entrar mas quando estiver longe sairei rapidamente".

E entrou. Andou devagar para não alcançar as portas antes do cocheiro sair, mas não adiantou, ele ainda estava ali. Decidiu subir a escadaria da frente. Não adiantou. O que faria agora? Se entrasse todos a veriam e não poderia mais sair. É, não tinha escolha. Segurou as maçanetas e as girou devagar. Seus olhos estavam fechados e sua expressão deixava bem claro que o que estava fazendo era contra sua vontade. Fez força para empurrar portas e já dava para ouvir o barulho lá dentro. Suspira, mas outro barulho não passou despercebido, a carruagem estava saindo e o cocheiro acelerou o passo dos cavalos com seu chicote. É agora.

Voltou a trancar as portas devagar para ninguém a perceber, ajeita sua bolsa nas costas e olha para as pontas dos seus cabelos que estão saindo para fora de seu casaco. Brilhava radiantemente na luz do sol um dourado quase cintilante, prova que a alegria estava chegando em seu coração. Abotoa seu casaco e sente uma mão pousar em seu ombro.

- Está perdida mocinha?

Preciosa vira-se em um segundo e ver uma jovem de longos cabelos ruivos na sua frente. Usava um vestido verde claro combinando com a cor dos olhos e tinha a pele bem branca, parecia até que refletia a luz do sol.

-Tá tudo bem?

Ela volta a falar e a garota Preciosa tenta dizer algo.

- Bem Eu Tava Só... tomando um ar.

"Bravo! Melhor desculpa para aquele momento Preciosa, totalmente ridículo." Pensou ela, aquela menina esperta não iria engolir aquela resposta. A garota ruiva olha de lado e depois olha nos olhos de Preciosa.

- Olha, eu sei que você é nova por aqui e com certeza deve estar precisando de ajuda. O colégio é grande e muita gente aqui se recusa a ajudar e se não reparou, estudamos na mesma turma. Se quiser te levo para a aula de história.

Preciosa pensou bem e achou que aquilo não poderia ser uma má ideia, fez que sim com a cabeça e logo estavam andando pelos corredores juntas, não como amigas mas duas garotas que se respeitavam.

- A sala de história fica bem ali e a propósito meu nome é Desyrée.

- Preciosa.

- Então, boa aula.

- Obrigada Desyrée.

A garota ruiva entra na sala e parece estar contente com seu "ato heróico" ou talvez cumpriu o seu ato de caridade como o garoto do dia anterior. Preciosa não confiava muito nas pessoas e novas amizades ali naquela escola exigiria muito dela.
Sentada ali naquela sala percebeu que muita coisa iria mudar e ela deveria estar preparada.

Seus olhos cinzas observava todos os rostos que ali estavam presentes e percebeu que todos estavam em seus mundos, talvez pensando no futuro ou em um passado distante ou até mesmo em algo presente, nesses segundos que passavam eternamente no ar...

A Estante de Corações Partidos. (Em Revisão... Feito Em 2017 Atualizado Em 2024)Onde histórias criam vida. Descubra agora