Caminhando pela Academia Turjitown, indo em direção ao meu armário, meus pensamentos formavam um turbilhão incontrolável em minha mente. Apesar de aparentar estar mais tranquila, os sentimentos de tensão ainda me dominavam dos pés à cabeça. Lapsos do momento em que estava me afogando surgiam a todo instante, causando-me arrepios incessantes. Saber o autor era algo desconfortável, mas o que mais me incomodava era saber que informações estavam sendo escondidas de mim.
Dante me contara o que aconteceu e, desde então, pensei que tivéssemos estabelecido uma relação de confiança em torno dos crimes. No entanto, as atitudes dele estavam me levando a pensar o contrário. Ele ficou tenso no dia anterior quando perguntei a ele, por telefone, a razão para ter tanta certeza sobre o alvo do serial killer ser o 3-c. Meu cunhado simplesmente desligou na minha cara e não me deu explicações.
Enquanto divagava, senti braços finos me envolvendo em um forte abraço por trás.
— Que bom que você sobreviveu não só ao afogamento, mas também à ida ao shopping com Esther — disse Charlotte.
Virei-me para olhar para a garota ruiva, que estava acompanhada por Helena e Isabelli.
— Pensei que seria pior, mas até que ela foi simpática em alguns momentos — dei de ombros.
— Ufa, achava que seria uma tortura para você. Pelo que você fala, Esther parece ser tão insuportável quanto Valentina — comentou Helena.
— Valentina é um pouco pior que minha irmã — ri.
— Falando no diabo... — disse Charlotte.
Levantei o olhar e me deparei com Valentina seguindo para o 3-B. Ao notar minha presença, a loira soltou faíscas pelas órbitas e adentrou a sala, fechando violentamente a porta.
— Já conseguiu uma inimiga, não? — indagou Isabelli.
— Se ela quer que as coisas sejam assim, eu não me importo. Não faço questão de tê-la como amiga.
Seguimos para a sala do 3-C, enquanto Isabelli voltou para o 3-B. Pensei em como queria poder ser Isabelli naquele instante. De acordo com Dante, ela estava fora daquele furacão que se formava na escola. Abri a porta e, quando mirei o rosto de meus colegas, senti uma dor no peito. A qualquer instante, poderia não mais ver a face de um deles. Queria poder evitar isso, mas não sabia como.
— Você está bem? Parece pálida — disse Charlotte, enquanto nos sentávamos nas cadeiras habituais.
— Não... Eu estou bem.
Mas não estava. Saber daquela situação e não ter com quem compartilhar, somente Dante, era um peso para mim. Queria poder avisar a todos sobre os ricos, mas fiz uma promessa. Eu não podia contar nada.
De súbito, alguém chutou a minha mesa. Movi a cabeça para trás, a fim de descobrir quem fora o autor daquilo. Era Camilla, a morena com quem me encontrei no dia da entrevista com Dante.
Ela abriu um sorriso.
— Me desculpe! É que meu irmão só me importuna aqui atrás e, quando fui puxar a cadeira para frente, acabei batendo na sua.
— Seu irmão? — inclinei o corpo para poder ver quem era o rapaz. Era moreno como Camilla, cabelo tão negros como os da garota. Reconheci aquele rosto. Era Henrique, o garoto que me atendera no primeiro dia de aula, parceiro de Isabelli no grêmio estudantil. Como não o havia percebido mesmo após dias na mesma sala?
— Henrique! — acenei.
— Oi, Alice! — ele acenou em retorno.
— Não vi vocês na festa de Valentina.
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Escarlate
Misterio / Suspenso"Escarlate - a cor do fogo, da paixão, do desejo e do sangue que escorre por minhas mãos". Alice Middleford, integrante de uma poderosa e prestigiada família, é forçada a se mudar para Turjitown, novo local de trabalho da irmã mais velha e mod...