Capítulo 12 - Arquivo

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      Eu, Helena e Charlotte chegamos ao colégio, no dia seguinte, determinadas a descobrir o segredo de Dante. Planejáramos tudo. Charlotte cancelaria a reunião diária do clube de jornalismo, dando como motivo o luto pelo morte de Renata. Como ela possuía as chaves, iríamos vasculhar os arquivos do local na hora do almoço, uma vez que era o período menos movimentado.

      Vínhamos caminhando em direção à sala de aula, conversando sobre nosso planejamento, quando nos surpreendemos com uma multidão de alunos em frente à porta do 3-C. Uma onda de medo percorreu minha espinha. Seria mais um assassinato? Em tão pouco tempo? Consegui abrir espaço pelos alunos até a porta do recinto. Quando tentei abri-la, não alcancei meu objetivo; estava trancada.

      Avistei Jonas ao meu lado, o semblante tão confuso quanto o meu.

  — Por que está fechada? — indaguei.

      Ele deu de ombros.

— Também queria saber.

       De repente, um sinal soou pelas caixas de som distribuídas pelos corredores. Os alunos ali presentes paralisaram, aguardando a voz que logo preencheu os meus tímpanos. O som grave, forte e determinado que me fez estremecer.

  — Atenção, alunos do 3-C,   — anunciou Dante — compareçam ao pátio para receberem as instruções de realocação. Imediatamente! Não podemos prejudicar o andamento das aulas das outras turmas. 

— Realocação? O que Dante pretende com isso? — perguntou Helena.

— Talvez espantar F, já que o alvo é o 3-C? — ponderou Charlotte.

— F não vai parar com uma simples mudança de sala. — falei.

— Dante está desesperado. Qualquer opção que ele tiver a frente, vai ser usada — disse Charlotte.

— Queria que isso funcionasse...   — suspirou Helena— Mas enfim, vamos lá ver em que sala ficaremos. Espero não me separar de vocês!

— Ele não faria isso. Alice daria outro esporro nele igual ao de ontem.

     Não pude conter o riso.

— Ele mereceu, já estou de saco cheio. Pelo menos acho que hoje vamos descobrir tudo, eu espero.


      Assim que chegamos ao pátio, uma lista de chamada foi feita e, a cada nome dito, a sala era indicada posteriormente. Por sorte, conforme Charlotte dissera, nós três acabamos na mesma sala, o 3-A. Suspirei, aliviada. Não queria ficar no 3-B. Não tinha medo de Valentina, não me importava com a existência dela, mas não queria tê-la comigo durante todo o ano. Já não bastavam as faíscas que ela me lançava nos intervalos.

      Dante usou como desculpa para a mudança a necessidade de reparos na estrutura da sala. Alguns acreditaram, outros ficaram desconfiados, mas não buscaram saber a fundo do que se tratava. Falando em desculpa, uma bastante interessante fora usada para justificar os assassinatos de Daniel e Renata. Segundo os boatos, eles participavam de uma gangue de traficantes e aquilo fora um acerto de contas. Que ótimo! Então, a cada morte, essa seria a justificativa? Não achei que aquilo fosse conseguir segurar o peso dos falecimentos por muito tempo.

      Seguimos pelos corredores, juntamente com outros alunos, até a sala do 3-A. A aula já havia começado, mas o professor cedeu alguns minutos para que nos acomodássemos. Sentamo-nos perto do rapaz que eu conhecera anteriormente, com os cabelos negros perfeitamente posicionados pelo gel fixador.

— Musa dois! — exclamou Narciso — Estou tão feliz que você está aqui comigo!

— Também estou feliz em estar na mesma sala que você — disse Charlotte, sorrindo.

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