Capítulo 15 - Rompimento

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[Atenção]

A partir deste capítulo, a personagem Alice retoma a narração.


      Sem que ao menos eu tivesse percebido, senti meus braços enlaçando o corpo definido e tenso do homem a minha frente. Aproximei-me cada vez mais, como se meu abraço fosse um escudo capaz de afastar todos os temores de Dante. Seus músculos tremiam em espasmos constantes, ao mesmo tempo em que lágrimas quentes percorriam seu rosto e pingavam em meu ombro desnudo. Não sei por quanto tempo ficamos naquela posição, mas fora um momento confortável e aconchegante, apesar da situação complicada em que nos encontrávamos.

— Não são os homens que consolam as mulheres nesses momentos? — sua voz ainda estava embargada, mas um tom de divertimento a preencheu.

— Nem sempre. — eu sorri, tentando passar emoções positivas para meu cunhado — Me perdoe por ter te forçado a contar um fato tão triste. Não queria te ferir nem nada do tipo. Sabe que minhas intenções com isso sempre foram as melhores.

— É claro, eu sei. Eu que devo pedir desculpas por não ter contado antes.  Guardar isso para mim só me faria explodir, como estou fazendo agora.

— Fique tranquilo.

— Estou tentando... Mas agora, que te contei... Bem, eu não sei de que forma podemos usar isso a nosso favor.

      Ponderei por alguns segundos.

— Seja quem for a pessoa que está cometendo esses crimes, conhece a história, pelo menos em parte. Isso já nos ajuda a reduzir o número de possíveis suspeitos.

— Eu não sei ao certo... Como vamos conseguir demarcar quem sabe e quem não sabe? No início, a informação era restrita, mas após a ação pública de Frederico, eu não sei até onde a notícia chegou. É claro que meu pai fez de tudo para encobrir a história, e é por isso que quase ninguém comenta sobre o acontecimento. No entanto, como posso saber se outras pessoas não têm conhecimento do que se passou?

      Dante tinha razão. Não tínhamos um grupo limitado de suspeitos que pudéssemos analisar. Teríamos de nos valer das pistas que nos eram dadas para chegar ao autor dos crimes. Contudo, para que conseguíssemos alcançar nosso objetivo, não poderíamos trabalhar sozinhos. Unindo forças, tudo se tornaria menos complicado.

— Entendo o seu ponto de vistas, mas uma coisa é certa... Não vamos conseguir lidar com isso sozinhos, escondendo de todos o que está acontecendo.

      Alguns segundos de silêncio se sucederam após minha fala. Seus olhos azuis percorriam o vazio, assimilando minhas palavras em seu subconsciente, talvez.

— O que você sugere?

     Arregalei os olhos, surpresa. Pensei que Dante faria alguma objeção, dizendo que não queria envolver outras pessoas no problema. Uma pontada de felicidade atingiu meu peito pela compreensão dele.

— Precisamos definir um grupo de ação. Devemos reunir pessoas de confiança e que possam nos ajudar a desvendar o que está se passando.

— E quem seriam essas pessoas?

— Eu, você, Charlotte, Helena...

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