CAPÍTULO IX

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Entrei na casa do Ricardo tão cansada que me joguei no chão e dormir lá mesmo.

_Nããããããão...Não... Não... Não... Não... - acordo assustada.

_Calma... Calma... Xiiiiih... Está tudo bem... Calma... - Ricardo vem correndo e me abraça.

_O que eu tô fazendo aqui? - entro em desespero.

_Calma, aqui é sua casa agora... - ele me joga na cama.

_Eu preciso ir embora, me desculpa Ricardo, mas eu não posso ficar... - pego minhas coisas e quando chego na porta ele a tranca.

_Desculpa, mas não vai sair daqui! - ele para em minha frente e me encara.

_Como assim não vou sair daqui? Tenho que ir pra escola, tenho que montar a minha vida "pro" futuro... - digo empurrando-o sem sucesso.

_Você não vai pra escola e quanto ao seu futuro... Vai ser ao meu lado... - ele me carrega e me coloca novamente no quarto.

Olho para os lados e percebo que há fotos minhas para todos os lados, que nas janelas há grades e que não há mais ninguém além de nós na casa.

_Me solta Ricardo! Vou ligar para a Polícia! Me solta! - grito sem parar.

_Peguei seu celular e não tem telefone na casa... - ele diz e tranca a porta.

Parece que caí feio do cavalo.

Resolvi entrar no jogo do Ricardo e não dizer nada, não comentar nada abrir a boca pra falar com ele.

Ele passou o dia todo me olhando, foi na cozinha algumas vezes pra pegar comida e voltava a me olhar, ele me olhava como se fosse um psicopata prestes a matar uma vítima.

_Quer que eu deixe a luz acesa? - ele pergunta.

_Não vai dizer nada? - ele aperta meu rosto com força.

_Ok... Ok... Como quiser... - ele se acalma e sai do quarto.

_Parece que Deus está me castigando.... - começo a chorar.

No outro dia ele foi trabalhar e me deixou trancada o dia todinho, eu andei pela casa toda e não achei saída em lugar nenhum, talvez ele tenha preparado isso há muito tempo.

_O que eu fiz pro Senhor? Eu estou sendo castigada desde pequena não é? Desde quando o Senhor levou meus pais... Por que faz isso? - começo a blasfemar.

_É pecado cometer blasfêmia sabia? - Ricardo chega e tranca a porta.

_Ah, quando eu chego você se cala é? Tudo bem... - ele sai de perto de mim.

Três meses depois..

_Olha, tô cansado de você desse jeito sem falar nada! Vai ficar sem comer durante a noite toda e só vai comer quando eu quiser te dá comida! - Ele grita e bate a porta.

Ele ,definitivamente, não estava bem. Pegou um vício por mim e não quer largar.

Hoje ele vai ficar em casa, vamos arrumar e jogar fora algumas coisas que não funcionam, ele me mostrou algumas fotos dele e alguns objetos que fizeram parte da sua infância depois voltou a me prender no quarto.

Acho que ele cresceu sozinho.

_Quer comer? - ele pergunta ao me ver triste.

_Eu não sou tão ruim... Vai aprender a me amar, eu sei que vai... - ele respira fundo e sai da minha frente.

_Olha, aqui está... Fiz uma sopa... Vai te fazer bem... - ele deixa e sai.

_Odeio minha vida... - tomo a sopa.

_Boa noite Ágatha.. - ele me beija e vai embora.

Eu preciso dá um jeito de provar pra ele que nunca vou amá-lo.

No dia seguinte ele foi trabalhar novamente e eu sem escolha fui arrumar a bagunça, desenhar e fazer comida.

_Quem é? - pergunto baixo quando ouço barulho na porta.

_Sou eu querida! Trouxe visitas!... - ele me olha sério.

_Olá... - digo por educação aos dois amigos dele.

_Vou para o quarto, estou um pouco indisposta "querido".. - digo e vou embora.

Passaram horas conversando na sala, rindo e brincando, pareciam nem perceber que Ricardo era um psicopata e que estava me mantendo presa naquela casa.

_Vamos para uma casa de praia mês que vem... Se organize! - ele avisa.

Eu vou sair dessa casa... Respirar ar puro... Sentir o sol na minha pele... E sem essa surpresa de visita eu nunca teria a chance de respirar fora daqui.

_Obrigada visitas! - sussurro.

ÁgathaOnde histórias criam vida. Descubra agora