CAPÍTULO X

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Um mês depois...

_Está pronta? - Ricardo pergunta ao entrar no quarto.

_Ainda não vai dizer nada né...? Tudo bem, vamos! - ele pega minhas coisas e leva para o carro.

Na viagem passamos pelo barranco que me levou à perdição, pelo sítio da Isabella e pelo lago que me destruiu. Chegando ao sítio do amigo do Ricardo eu fui recebida super bem, os amigos deles me colocaram em um quarto junto com o Ricardo e eu odiei, mas não podia dizer nada por conta das ameaças que sofria.

_Oi? - Um garoto moreno com olhos claros apareceu na porta no momento em que eu estava perdida em meus pensamentos.

_Oi, o Ricardo sabe que está aqui? - pergunto já traumatizada.

_Relaxa, ele é bem tranquilo... rs. Vem com nós três pra piscina... - ele entra e senta do meu lado.

_Eu... - ele interrompe.

_Não pensa, vem logo! - ele se levanta e sorrir estendendo os braços para mim.

_Tudo bem... rs - respondo meia sem jeito.

_Não, ela não vai sair pra lugar nenhum, vai ficar aqui me esperando! Saia já daqui! Vai! - Ricardo aparece na porta exaltado.

_Relaxa cara, ela só ia com nós três pra piscina... - o garoto tenta acalmá-lo.

_Já disse que ela não vai... Agora sai daqui! - ele continua com a voz nervosa.

_Até parece que prende ela, nunca havíamos falado nela, nem sabíamos da existência dela! Você a prende? - o garoto o encara.

_Já chega! Vamos embora Ágatha! - ele me puxa pelo braço e coloca minhas coisas desorganizadas na mala.

_Não, ela não vai embora daqui com você desse jeito! - o garoto me puxa dos braços de Ricardo e continua o encarando.

_Ela é minha mulher.... Solte-a já! - ele me olha com os olhos sangrando de raiva.

_Cadê a certidão de casamento? Provas de que ela é realmente "sua" mulher? - ele me coloca para trás dele.

_Me dê a Ágatha... - ele o peita.

_Cara, se quiser levar ela vai ter que se acalmar e principalmente tratá-la bem... - ele me puxa suavemente pela mão e me leva para longe de Ricardo.

_Por que fez aquilo? - pergunto sem entender.

_Você tem medo dele, percebe-se de longe que ele não te faz bem... - ele explica sua atitude sem me olhar.

_Como percebeu tudo isso? É evidente que não é qualquer um que percebe que alguém está passando por algo difícil... - eu o puxo para parar.

_Sou psicólogo! Pronto, era isso que queria ouvir? - ele se aproxima com um olhar sarcástico.

_Sim... - me afasto rapidamente.

_Aqui está a prova de que somos um casal! - Ricardo grita de longe.

_O que? - me assusto.

_Deixe-me ver... - o garoto se aproxima e analisa o papel.

_É... Pode levá-la... Mas com uma condição... Se eu perceber que ela está estranha, eu mesmo me encarrego de levá-lo... Ok? - ele o encara.

_ Me levar pra onde? - ele me olha ironizando.

_Pra cadeia! - o garoto diz e Ricardo o olha assustado.

_Vamos Ágatha! - ele me chama e eu olho rapidamente para o garoto e depois vou com Ricardo.

Nós entramos no carro e como esperado, Ricardo me olha ainda com ódio.

_Não vai ficando feliz, não! - ele põe a mão em meu pescoço, apertando.

_Vou fazer de tudo para que ninguém mais desconfie do nosso amor... - ele olha de um lado para o outro.

_Vamos, vamos para casa... - ele respira fundo e liga o carro.

Viajamos novamente para casa e um aperto tomou conta do meu coração, senti que algo de muito ruim estava para acontecer, mas espero que só atinja o Ricardo.

_Vai ficar trancada aqui no quarto até me amar, vai ficar com fome, com sede, mas não vai receber nada, e nem sair para nada, até sentir o seu amor por mim tomar conta de você... Ouviu bem? Que bom! - ele fecha a porta com força.

Lágrimas começam a sair desesperadamente do meus olhos e eu começo a entrar em um estado de desespero, não sabia que ele estava tão louco, pensei que bem rápido ele iria voltar a si, mas percebi que ele não estava em uma situação fácil de loucura.

Acordei feliz, mas lembrei que estava presa ainda. A manhã passou tão devagar que achei que já tinha passado o dia todo, infelizmente não posso comer nada, minha barriga está entrando em uma depressão por estar sem comida.

Fiquei pensando, como seria a minha vida hoje se eu não tivesse sido adotada pela família Andrade? Talvez eu tenha sido mais feliz do que agora, mesmo com as implicâncias da Paloma, eu gostava dela, preferia tá sendo perturbada por ela agora.

Vasculhei o quarto e achei vários livros de romance, comecei a ler um que falava sobre uma mulher que planejou a morte do marido (até me imaginei matando Ricardo), acho que só me tranquilizou mais porque comecei a ler, até esqueci a fome e a sede.

Três dias depois...

Hoje não consegui levantar da cama, tentei de várias formas, porém meu corpo não quer me obedecer e muito menos me dá forças pra levantar como todos os dias, acho que entrei em um estado de "faltadecomidapor-trêsdias".

_O jeito vai ser morrer aqui deitada... - resmungo com minha voz falha.

_Como está? - Ricardo entra com um prato na mão.

_Eu te amo e não quero te matar de fome, aqui está, trouxe uma sopinha... - ele se senta ao meu lado e começa a me dar a sopa.

_Só queria que me amasse, assim como amo você... Não queria te fazer mal algum... - ele desabafa enquanto me alimenta.

_Pronto, tome isso! - ele estende um copo com água.

_Eu já vou, mas tarde eu volto! - ele recolhe as coisas e sai do quarto.

Até que estou me sentindo melhor, porém ainda não consigo me levantar, essa sopa me deu um pouco de força e assim posso me sentar na cama e pegar um livro (sim, eu amo ler). Preciso me recuperar logo, assim posso fazer um plano de fuga sem preocupações a mais.

_Obrigado por deixar livros aqui Ricardo... rs - sorrio lendo um livro e tendo ideias de como sair desse inferno.

ÁgathaOnde histórias criam vida. Descubra agora